Muita gente paga valor de mansão para desfilar com carro de luxo na Afonso Pena
Que Campo Grande é cidade da caminhonete ninguém tem dúvidas. Basta uma voltinha pela Afonso Pena no fim de semana que não falta gente desfilando para roncar os motores. E quem tem mesmo grana pra torrar investe em carros de luxo e sai por aí exibindo como joias. Quem vive de salário não tem ideia do preço dessa vaidade, e olha que nem estamos falando de carro 0 km.
Em uma loja no Bairro Chácara Cachoeira, a vitrine é lotada de veículos importados e com design cada vez mais arrojado. O preço? É claro que não cabe no bolso de todo mundo, mas tem muita gente nessa cidade que paga o valor de uma mansão só para ter o luxo na garagem de casa.
Um dos veículos que mais tem chamado atenção é a caminhonete F250 King Ranch, com motor V8 e valor de R$ 600 mil. O carro é importado e não tem revenda em nenhuma concessionária do Brasil. Em Campo Grande a chegada dele foi tão prestigiada que um vídeo do Facebook chegou a ter 1,7 milhão de visualizações no mesmo dia.
Teve até famoso publicando nas redes sociais a loucura pelo modelo, como o cantor César Menotti que comentou em seu Instagram. “É pra chorar de emoção! Pra quem gosta de pick-ups, essa é a rainha”, disse.
Rainha ou não, parece surreal que alguém esteja disposto a pagar o preço de uma casa só para desfilar na cidade como Porsche e Mustang de R$ 350 mil. E a contar pela quilometragem, também falta folego para continuar com uma belezinha de 4 rodas nas mãos. Muitos carros da loja têm uma quilometragem baixa, alguns apenas 400 quilômetros rodados pela cidade.
O proprietário da loja, Plínio Moreira, de 44 anos, jura que o problema é outro. “A troca desse carro importado é mais rápida do que um carro comum. Geralmente esse é o terceiro carro do cliente em casa, ele compra para hobby ou uso esporádico. Os clientes são com poder aquisitivo maior também”.
Ele resolveu apostar todas as fichas na venda de carros importados há 6 anos. Vindo do interior de São Paulo, ele diz que há mais de 20 anos trabalha com a revenda, mas com o tempo até o conceito de venda foi mudando para atender clientes mais exigentes.
“Antigamente a gente chamava de garagem, mas hoje somos uma loja mesmo. Vendo o carro seminovo, praticamente zero e entrego na porta do cliente como se fosse uma joia. Na loja o cliente sai de sacola, então o carro também tem que ser entregue a altura”, detalha.
Até caminhão especial para o transporte está incluso na hora da compra e nem pense que o financiamento é a escolha, a maioria chega na loja para comprar à vista, tanto homens quanto mulheres. “Hoje está bem balanceado. Tanto homem, como médicas, advogadas, chegam aqui e compram um à vista comigo”.
Quando o assunto é manutenção, Plínio garante que a cidade atende bem com oficina especializada em carros importados, mas admite que tem gente que evita sair na rua até pelos buracos. “Com tanta cratera, imagina bater um pneu de um Porsche que custa R$ 3 mil”, diz.
O dono não gosta de divulgar muitos valores e o faturamento ao longo do ano, mas afirma que Campo Grande é uma das cidades que mais compra carro de luxo. “Aqui eles foram aceitando isso, porque começou a vir concessionárias como por exemplo Mercedes e BMW que fomentou meu negócio. Se não tivesse a revenda do novo, o mercado de usado não existia. Mas outro fator é que as montadoras estenderam a garantia. Então o cliente com dinheiro, mas conservador, sente mais confiança de comprar um usado”.
Sem contar que a diferença de valores é outra vantagem, mesmos que os preços continuem exorbitantes. “Chega a ter de desconto de 20% a 30% em alguns carros novos”, afirma.
Ainda para o cliente se sentir mais à vontade, na própria loja, Plínio abriu uma cervejaria e hamburgueria aberta ao público durante a noite.
Projetada dentro de um container, a arquitetura recebeu detalhes industriais e uma decoração garimpada pelo dono em viagens pelo País. No teto um ventilador da década de 50 que ficava em uma panificadora em São Paulo. Refletores antigos de teatro e cadeiras de cinema da década de 60 também compõe a decoração.
“É pra deixar o espaço ainda mais chamativo. O público que também vem aqui, é sempre muito apaixonado por carros”.
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