Quanto custa trocar carros e motos por bicicletas e patinetes elétricos?
Com o preço da gasolina nas alturas, a ideia é trocar o meio de transporte por outro mais econômico
A nova tendência é trocar os veículos movidos a combustível por bicicletas e patinetes elétricos. O meio de transporte serve para lazer e trabalho, além de ajudar a escapar da lotação e da espera por ônibus. Como atingem velocidade de 35 a 45 quilômetros por hora, essa opção exige a CNH (Carteira Nacional de Habilitação), não polui, facilita e dá agilidade no trânsito, apesar de também exigir respeito ao pedestre, claro.
O proprietário da Greffe Bike Elétrica, Alexandro Greffe está há três anos vendendo bicicletas elétricas e explica como funciona. “As vendas aumentaram porque as pessoas começaram a se conscientizar, pois o produto é ecologicamente correto. Auxilia no transporte, mas é para andar nas ciclovias e sempre com capacete de ciclista”, disse.
“As bikes alcançam 35 quilômetros por hora e para ter a carga completa da bateria, é preciso carregar de seis a sete horas”, completa.
O empresário diz que a população está pensando na economia e deixando os carros nas garagens. “Muitos estudantes e idosos estão comprando. Querem para trabalhar, ir para a faculdade. O nosso forte mesmo são as pessoas de 40 anos pra cima”, relata.
Com a bateria cheia, a bicicleta pode andar de 30 a 40 quilômetros, dependendo do peso e da velocidade do ciclista. A potência é de 350 watts e pode sim pedalar na chuva. Contudo, é preciso ficar esperto com enxurradas. “Pode molhar, o que não pode é quando vem um temporal. É como qualquer veículo. Se entrar com um carro em uma poça d'água está passível a pane”, orienta.
No local, Alexandre trabalha com dois tipos de bicicletas, o Duos que é um modelo mais moderno e vem de Santa Catarina e o Sousa, que possui um designer mais retro. “A mesma potência, o que muda é o estilo”, disse. Para adquirir uma bike elétrica, o valor varia de R$ 3.990 a R$ 4.800. “Vendemos cerca de 60 bicicletas no mês e a tendência é aumentar”, afirmou.
As bicicletas têm alarme, trava de segurança, farol, retrovisor, luz traseira e alguns contam com suspensão. O aposentado, Valmir Rodrigues, 55, esteve na loja e aproveitou para comprar uma bike. Ele relata que teve um problema no pulmão e que o produto irá ajudá-lo a se locomover melhor.
“Tive um problema de saúde e cansei de pedalar. Se fosse comprar uma moto ficaria muito caro por causa da habilitação. A bike é prática. No trânsito de hoje, é arriscado ter moto”, destacou.
Para Valmir, a bicicleta além de ser econômica, facilita até na hora de arrumar uma namorada. “Vou usar para tudo, lazer, visitar a família, os amigos. Tem garupa, dá para arrumar uma namorada e carregar”, brincou.
Patinetes - Outra novidade que está chegando com tudo em Campo Grande é patinete elétrico. Esse, assim como a bicicleta elétrica, não precisa de gasolina e não polui. Contudo, é mais rápido e a velocidade alcança até 70 quilômetros por hora. A “motinha” também está caindo no gosto dos moradores da Capital.
O empresário, Rogério Reis da empresa R3 Imports, conta que a novidade chegou no começo de abril em sua loja e tem chamado atenção. “Já vendemos 15, o pessoal está curtindo. É mobilidade urbana, pode andar na ciclovia, não precisa de habilitação. Por enquanto, só temos um modelo de 1000 watts, mas em 60 dias o de 2000 watts deve chegar”, disse.
A novidade tem atraído tanto que já tem quatro pessoas na lista de espera de Rogério. “Temos a de 1000 watts a pronta entrega, para o modelo de potência maior tem fila de espera. Umas quatro pessoas que disseram que vão querer”, conta.
Rogério explica como o patinete funciona. “Liga e só acelera, tem freio dianteiro e traseiro, suspensão na frente e atrás. Com uma bateria, roda em média 30 quilômetros. A recarga demora de cinco a seis horas e o custo é menos de dois reais. Carrega em tomada normal, a fonte é como se fosse de um notebook. Tem alarme, trava, partida pelo controle, nem precisa da chave pra ligar”, informa.
A motinha suporta cerca de 150 quilos. O empresário relata que trouxe o patinete para Campo Grande porque experimentou e aprovou. “Sempre gostei de tecnologia. Resolvi trazer, pois o trânsito daqui tá ficando pior a cada dia. Pra ir trabalhar, se locomover. Tive um compromisso no centro e pelo trânsito, ia demorar. Fui com o patinete pela ciclovia, cheguei em menos tempo. Isso é o futuro. É para pequena distância. Para quem mora em condomínio, é melhor que uma moto, porque não precisa de capacete, não gasta combustível, não polui”, afirma.
Rogério comenta que o preço do patinete de 1000 watts está no valor de R$ 8,9 mil. “Parcela em até 12 vezes”, disse. Para ele, a novidade é tendência. “Em São Paulo, Floripa o pessoal está comprando. Aqui, quando passa na rua, pessoas perguntam, tem curiosidade. O modelo dela chama atenção”.
Comparação - A representante da Muuv em Mato Grosso do Sul, Talita Terra relata que a novidade chegou em 2018 e comenta sobre os gastos. “A gasolina já está R$ 4,30 e a previsão para o segundo semestre é ser mais de R$ 5. As pessoas fizeram a conta, gasolina, IPVA [Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores], CNH, documentação. Os jovens estão tendo mais consciência também sobre meio ambiente”, disse.
Comparando com uma Biz, a pessoa teria uma economia de R$ 8 mil a R$ 4 mil na hora da compra do veículo. “Uma Biz zero custa cerca de R$ 18 mil, enquanto a motinha varia de R$ 10 mil a R$ 14 mil, dependendo do modelo. Na moto normal, gasta R$ 200 por mês de gasolina e a bateria gasta 30 centavos por hora”.
Talita diz que a bateria carrega em seis horas, o que gasta R$ 1,80 de energia. “Vi vários amigos de fora comprando. Em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro é normal, todos têm. Entrei em contato com a empresa nos Estados Unidos pra saber se poderia ser representante em Mato Grosso do Sul. A pessoa encomenda e de 7 a 10 dias a moto está na casa dela”, explica.
Lazer - O advogado, Leandro Mastrangelo comprou um patinete elétrico há um mês e costuma usar nos finais de semanas com a esposa na garupa. “Compramos pensando na economia e também pela questão do lazer. Moro perto do meu trabalho, nisso de voltas no trânsito facilita muito porque fica rápido”, disse.
Além da economia, o patinete é prático porque não precisa trocar marchas como em uma moto normal. “Tem bateria e freio, mas é sem marcha. Não tem regulamentação, contudo, por segurança é bom usar capacete. Caso caia, vai ajudar a proteger a cabeça”, falou.
Sobre mais motivos que levaram o advogado a investir no transporte, ele diz. “Comprei pelo fato de não poluir, não precisa de gasolina. Pra dar volta na cidade gastaria em torno de R$ 20 a R$ 30. Já a bateria consome pouca energia. Em 40 quilômetros, gastaria cerca de quatro litros de combustível”, conta.
Leandro é dono de restaurante e diz que a medida também tem a ver com seu empreendimento. “Tenho um restaurante de conceito orgânico, sustentável. A gente planta nossa própria hortaliça. É uma forma pra encurtar o tempo de transporte. Isso influência no meio ambiente porque, a pessoa que sai de São Paulo para chegar aqui vai gastar combustível. Aqui já tenho algo voltado pra evitar a poluição”, afirmou.
Sobre os locais para estacionar, ele diz que não deixa em qualquer lugar. “Tem trava, alarme, mas é leve. Não dá pra deixar em qualquer lugar”, destacou.