Em 1970, Campo Grande entrou na moda dos condomínios fechados de SP
Tudo começou nos anos 1970 quando um grupo de empresários de Campo Grande resolveu modernizar a cidade e partir para uma empreitada inovadora: morar num local com muito verde, muros altos, água brotando, caminhos sem serem ruas, grandes lotes. Moda em São Paulo, os condomínios fechados de lotes começam aqui a brotar na malha urbana com o Jardim das Paineiras, localizado próximo a Cophasul, saída para Rochedo e pouco menos de 100 famílias resolvem mudar o padrão de moradia.
Antes disso a Construmat tentou fazer o mesmo, em outro local, mas não viu sucesso no projeto, quando pensou em fazer no local onde hoje está o Nova Campo Grande. Esse projeto, erguido pela família Coelho do grupo Financial no início dos anos 1970, pensou num grande bairro, com ruas largas, bem projetadas, mas sem fechamento. A localização do bairro ao lado de um frigorífico, com cheiro desagradável em alguns momentos do dia ou ainda o dificultoso acesso antes da duplicação da saída para Corumbá, travaram o progresso do Nova Campo Grande original.
No caso do Paineiras, a localização encontrada pelo grupo esteve ligada à presença de água natural, boa topografia em aclives, sem preocupação com a vizinhança. Mais ou menos como em São Paulo com o mais famoso de seus condomínios fechados, o Alphaville.
Um colega meu arquiteto, o Caldeira, afirma que os condomínios fechados começaram a ser construídos em São Paulo nos anos 1970, durante um período de boom do mercado de bens imobiliários e de financiamentos estatais.Em 1973, foi construído o primeiro condomínio vertical fechado, o Ilha do Sul, localizado na zona oeste da cidade. No bairro Morumbi, zona sudoeste, irá se concentrar a maioria dos lançamentos desses empreendimentos nos anos 1980. Conjuntos murados, de altos edifícios de apartamentos, providos de extensas áreas comuns equipadas com instalações esportivas, de lazer, de serviços, de uso exclusivo dos moradores e, portanto, de acesso privado, os condomínios verticais fechados destinaram-se, inicialmente, aos mais abastados.
Outra manifestação com esse caráter será concretizada em meados da década de 1970 com o emblemático Alphaville, que costuma ser considerado um dos primeiros condomínios horizontais fechados de São Paulo, mesmo sendo, na verdade, um dos primeiros loteamentos fechados implantados na região metropolitana da cidade. A partir dele afirmou-se a tendência em se implantar esses empreendimentos nos municípios vizinhos a São Paulo, ao longo das rodovias Castelo Branco e Raposo Tavares, nas regiões oeste e sudoeste da Grande São Paulo. A possibilidade de realização dos desejos de morar em casas unifamiliares isoladas, rodeados de verde, e protegidos contra a violência urbana vem fazendo, no século XXI, ressurgirem em nossa cidade os condomínios fechados. Dentre todos, três já despontam: o Damha I e II, o Beirute e o Altos da Afonso Pena e mais o Alphavile, em fase de lançamento.
Os Damha localizam-se em parte da antiga Fazenda Rancharia, no Tiradentes, empreendimentos do Grupo Encalso, com sede no interior de São Paulo de onde veio a inspiração para reproduzir o modelo: não mais de 500 lotes, murados com guarita e área de lazer central, muita grama, verde, e bons terrenos. O Beirute é empreendimento de empresa local Abdalla Sleiman e parceiros e está localizado ao lado do Parque dos Poderes, com lotes de bom padrão e infra-estrutura completa. Para quem trabalha no Parque o local é ótimo.
O Altos da Afonso Pena é o mais bem localizado, com vista para o Parque das Nações Indígenas, com acesso pela nossa principal avenida, é da empresa Setpar do Paraná. Um enorme inconveniente desse condomínio é a vizinhança barulhenta aos domingos, quando o campo-grandense resolve se mudar pela tarde e ligar o som alto dos carros. O último, na saída de Cuiabá, beirando o anel viário, é o Alphavile de empresa paulista de mesmo nome ao lado de um shopping.
A área requereu cuidados ambientais e investimentos da empresa que inclusive garantiu fez a doação de um parque completo para uso de todos, dentro de sua área. Essa tendência vai abrigar, quando todos ficarem ocupados, não mais de 3.000 famílias de classe de renda A e B de nossa cidade que querendo continuar morando em casa, não se dobra ao apartamento com poucas ofertas.
A foto do Google ainda mostra, em 2016, o empreendimento com poucas unidades mas, de verdade, já está bem ocupado.