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Conversa de Arquiteto

História e identidade podem ser vistas na arquitetura de Campo Grande

Ângelo Arruda | 06/09/2016 13:00
Museu José Antonio Pereira.
Museu José Antonio Pereira.

Para comemorar o aniversário de Campo Grande, um texto sobre a história e a identidade da arquitetura de nossa cidade, com fotos de Izaías Medeiros e texto preparado para homenagear cidadãos de nossa cidade, em 4 partes, que serão publicadas em sequência nas próximas semanas. Curtam:

Diversos historiadores de Campo Grande afirmam que o ano de 1872 marcou a chegada de uma comitiva de imigrantes mineiros no centro-sul de Mato Grosso, chefiada por José Antônio Pereira e que trouxe para a região sua família e parentes, tendo construídoum pequeno rancho coberto de palha na localidade onde, atualmente, se encontra o Parque Florestal Antônio Albuquerque, próximo aos córregos Segredo e Prosa.

No início da ocupação das terras, as edificações localizavam-se nas imediações da atual Rua 26 de Agosto e foram construídas com taipa de mão e madeira. Localizada fora da área central, a única edificação da época de 1880, ainda existente, é a do Museu José Antônio Pereira (Foto1). A sede do Museu fica na antiga Fazenda Bálsamo, distante 8 km do centro da cidade, numa área de sete mil metros quadrados, com várias edificações, dentre elas , uma semelhante à casa rural mineira rústica, construída em taipa de mão, coberta de telhas de barro, onde residiu Antônio Luís Pereira , filho do fundador da cidade. O conjunto arquitetônico é tombado pelo patrimônio histórico.

Os primeiros ranchos foram assentados na primeira rua da vila – a Rua Velha, atual Rua 26 de Agosto. Um pouco ao poente, José Antônio Pereira construiu, em 1879, pequena igreja coberta de palha, depois substituída por telhas de barro transportadas das ruínas das residências jesuítas da localidade de Camapuã, situada ao norte de Mato Grosso do Sul. Ali também foram construídas as primeiras lojas comerciais da nova vila.

A Vila de Santo Antônio de Campo Grande, por conta de sua localização central na região sul de Mato Grosso e passagem obrigatória do gado oriundo do norte e do leste, se desenvolvia com a chegada dos migrantes mineiros e cuiabanos, principalmente. Em 26 de agosto de 1899, já com aproximadamente 300 habitantes, é elevada à categoria de Município pela Resolução estadual n. 225. Essa é a data de aniversário de nossa cidade.

Igreja Tia Eva.
Igreja Tia Eva.

Progresso e desenvolvimento vindos pela NOB

Com a chegada dos engenheiros encarregados de estudar o traçado da estrada de ferro Noroeste do Brasil (NOB), em 1906, chefiados por Emílio Schnoor, as construções começam a ganhar novos padrões construtivos não só pela técnica, mas pelo desenvolvimento das novas necessidades. Em 1909, a pequena vila passou a ter um traçado urbanístico elaborado, a pedido da Intendência Municipal,pelo engenheiro Nilo JavaryBarém.

Era a Planta do Plano de Alinhamento de Ruas e Praças de Campo Grande. Em 1910, o engenheiro militar Themístocles Paes de Souza Brasil, elabora um perfil da cidade, que já contava com 1.200 habitantes segundo seus estudos e definia a Planta do Rossio de Campo Grande com 6.540 hectares. Em 1912, é a vez do prédio da Intendência Municipale da Câmara Municipal, na esquina da Av. Afonso Pena com a Rua Calógeras, sede da Prefeitura Municipal até os anos 1970, também demolida. Nessa época, fora da área urbana, a comunidade negra Tia Eva, erguia sua a igrejinhanos altos da atual UCDB (Foto 2).

Em 1913, o Eng. João Pandiá Calógeras projeta e constrói, com o construtor português Mathias, a residência de Bernardo Franco Baís (Foto 3),o segundo edifício com dois pavimentos da vila, de expressão eclética, localizada às margens dos trilhos da ferrovia, próximo ao centro da cidade. Conhecida como Pensão Pimentel, a atual Morada dos Baís é o edifício urbano mais antigo da cidade.

Morada dos Baís.
Morada dos Baís.
Estação Ferroviária.
Estação Ferroviária.

No ano de 1914, a estrada de ferro Noroeste do Brasil era inaugurada juntamente com o edifício da estação. Com o trem chegavam o desenvolvimento e o progresso. A distância de São Paulo se encurtava, possibilitando a importação de materiais de construção, além de outros bens materiais.

A migração, a partir da implantação da ligação da estrada de ferro com São Paulo, via Bauru, se intensifica e começam a chegar os construtores espanhóis, portugueses e italianos, não apenas para trabalhar nas obras, mas para fixar residência e obter emprego. No final de 1914, já havia 1.800 moradores na cidade e 345 prédios. Essa estação de 1914 foi demolida e deu lugar a estação atual na Rua Calégeras de 1932 (Foto 4).

Dentre os que chegam estão Adolfo Stefano Tognini, José Louzinha, os irmãos José , Vicente e Inácio Gomes Domingues, Francisco Miralles, Joaquim Nossa, Carmello Interlando, José Lacava , CyríacoMaymone, Emílio de Rose, Francesco Cetrara e Camillo Boni, dentre outros.

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