Chuva não impede e Evoé Baco abre Carnaval com homenagem à democracia
Como São Pedro não parou de mandar chuva durante a noite, foi suspenso o cortejo pelas ruas e folia ocorreu dentro de bar
Nem a chuva e as destruições atrapalharam a festa desta quinta-feira (20) na abertura do Carnaval de Campo Grande. É a noite em que desfila há mais de 10 anos pelo bairro mais antigo da cidade o bloco Evoé Baco, formado pelo Teatro Imaginário Maracangalha. Como São Pedro não parou de mandar chuva durante a noite, foi suspenso o cortejo pelas ruas. A festa começou e seguiu até de madrugada no tradicional Bar Bola 7, em frente a antiga rodoviária.
“Desfilo há mais de 8 anos no Evoé Baco e não tem tempo ruim. Carnaval, mesmo com chuva, é Carnaval”, disse a foliona Mary Nogueira, 58 anos, que foi à festa vestida de “Alice no País das Maravilhas”. “Eu não abro mão de sambar com meus amigos. Essa festa é uma vez no ano, a chuva não pode atrapalhar”.
A folia começou por volta das 19h, com a presença de pessoas fantasiadas e muita marchinha tocando na caixa de som. Lá pela 21h30, com tambores e instrumentos de percussão, a tradicional charanga aberta, onde todo mundo pode tocar e fazer música, deu início à apresentação, com canções carnavalescas e uma homenagem à democracia e a liberdade de expressão.
“O Carnaval é a arte popular mais resistente que há. Em todas as épocas que o mundo já viveu tentaram cercear o Carnaval, mas ninguém consegue, é uma festa única e ancestral. A fantasia é uma metáfora da liberdade que o mundo está tendo do que lutar para manter. Por isso, como Carnaval é uma liberdade de expressão, homenageamos a democracia que está sendo ameaçada em nosso País”, disse o ator e diretor do bloco Fernando Cruz que dançava com todos os amigos.
Com muito bom humor, a empresária Estefânia Martins, de 39 anos, chamou atenção com sua fantasia. Vestida de “Policial dos bons costumes”, ela apareceu com farda, um pênis vibrador e o questionamento: “Oral ou moral?”. “É uma forma que eu encontrei de brincar e ao menos tempo levantar o questionamento sobre a opressão da religião e da política que a gente vem vivendo”.
Alessandra Moura, professora de Geografia, também usou a folia para expressar homenagem à Marielle Franco, ex-vereadora e militante que foi assassinada por não ter se calado. A morte de Marielle completa 2 anos em março. “Coletividade é importante. Quando a gente vem para rua e compartilha esse momento, é possível manter essa democracia, que hoje está muito ameaçada. Então como a gente resiste? Só se unindo, com amor, com homenagens e sem deixar a censura voltar”.
Dona da bar Bola 7 e síndica do prédio da antiga rodoviária, Rosane Nelly estava emocionada com a alegria do Carnaval. “Eu fico muito feliz de saber que um bloco faz tanta questão de estar nesse bairro e valorizar a história que tem. Por isso, meu bar está sempre de portas abertas, faça chuva ou faça sol”, finaliza.
Nesta sexta-feira (21), as festividades começam às 19h, com desfile do na Praça Cuiabá, com o 1º Bloco de Pura Música Reggae, promovido pela Associação do Reggae de Mato Grosso do Sul. Com decoração verde, amarelo e vermelho, o público convida os foliões a curtirem num estilo diferente mais um dos blocos independentes. A entrada é gratuita.
A programação completa do Carnaval você confere no link. (Clique aqui)
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