Curtir balada “internacional”, a 9 horas de Campo Grande, custa menos de R$ 50
É preciso disposição para enfrentar 12 horas e meia de ônibus ou 9 de carro, mas a experiência vale muito. No fim de semana, o Lado B seguiu até Assunção, com pouco dinheiro no bolso, mas muita vontade de saber como os hermanos se divertem.
No fim das contas, são R$ 50 reais por noite, com direito a táxi, festa popular, bebida livre, jantar, sobremesa e alguns novos amigos brasileiros que escolheram o Paraguai para viver e não trocam por nada.
Em Campo Grande, pegamos o ônibus às 16h, para desembarcar na capital do Paraguai exatamente às 04h30. Uma viagem tranquila de “semi-leito”, que de saída consumiu R$ 93,00 com a passagem. Só não espere uma poltrona confortável e alguma gentileza do motorista da Viação Cometa del Amambay, isso não está incluso.
Antes de embarcar, reservamos vagas em um hostel da cidade, ao custo de 16 dólares a diária por pessoa. No percurso, 3 paradas no Brasil e outras 4 do lado de lá da fronteira. A estrada é muito boa, com vários vilarejos que servem de suporte para quem segue de carro.
O “Permiso”, condição para a entrada de estrangeiros no Paraguai, é providenciado pelo próprio motorista, que desce em Pedro Juan com os RGs dos brasileiros e volta com o documento preenchido.
Depois de uma madrugada na rodovia, a chegada em Assunção ocorre pela manhã em uma rodoviária estilo interior do Brasil, cheia de lojinhas vendendo muamba e algumas casas de câmbio.
Até o destino, o táxi custa R$ 5,00 por pessoa, em um grupo de 4. No hostel “El Viajero”, no Centro da cidade, a primeira impressão é boa, diante de um pátio com uma árvore enorme sobre a piscina e uma linda catedral ao fundo. Já os quartos são velhos e o banheiro pior ainda. Pelo menos o banho é bem quente e os funcionários atenciosos.
Aproveitar uma sexta-feira de sol é fácil. O centro histórico é pequeno, sem muitas atrações. O comércio é a diversão principal, com algumas lojas outlet de marcas famosas, como Adidas, Nike e Puma. Mas nosso maior interesse é a noite paraguaia, então descansar na piscina é o programa até anoitecer.
Para começar cedo, a escolha é a clássica de quem visita um país de jogo liberado. O "Cassino Asuncion", o maior do pedaço, é a primeira parada da noite. Na cidade, as casas de jogos ficam abertas 24 horas, mas depois das 21h as atrações são intensificadas, com música ao vivo e torneios aos fins de semana.
No Asuncion, chegamos em um dia com a "maior modelo do Paraguai", uma loira cheinha, com roupa com metade dos seios de fora e uma boca bem pintada. É só colocar o nome na lista para ter direito a roda na roleta de graça. É claro que ninguém ganha nada, assim como as pessoas nos caça-níqueis durante o tempo que permanecemos no local.
Por lá encontramos Alma, uma brasileira que diz ter 23 anos e uma vida em Foz do Iguaçu. "Vim para trabalhar aqui porque diziam que ganhava mais, mas já quero voltar", conta. Como entrevistas ou fotos são proibidas no local, o jeito é conversar como um cliente qualquer.
Alma diz que nos 6 meses que está no cassino, nunca viu um prêmio maior que 5 milhões de guaranis, aproximadamente R$ 2,5 mil. "Muita gente joga, mas quase ninguém ganha. Aqui também vem muito pouco brasileiro", diz.
Para jogar, o valor minimo nos quase 150 caça-niqueis é de 10 mil guaranis, ou R$ 5,00. A máquina vai dando créditos, você jura que vai ganhar, mas de repente os números vão caindo, até zerar a etapa. Nas 15 mesas de poker e 6 roletas, não também há comemorações durante uma hora que ficamos por ali.
Bons são os preços. Comer uma pizza sai por R$ 15,00 e uma porção de filé à milanesa com batatas fritas e bacon vale R$ 6,00.
Em Assunção, só gente mais velha vai ao cassino. Ing é uma das senhoras bem vestidas que batem ponto por lá. Ela conta que já chegou a gastar R$ 500,00, mas hoje aparece mesmo para fazer uma boa refeição e ouvir música, principalmente , a brasileira. "Aqui tem uns 10 cassinos bons. O que eu mais gosto, toca música brasileira todos os dias depois das 19h", recomenda.
Balada - Jovens que têm dinheiro frequentam o “Paseo Carmelitas”, um complexo com 10 bares e 3 boates. A decoração é sofisticada aqui, despojada ali e assim o espaço vai agradando diferentes personalidades. Grandes sofás ao ar livre, com muita gente bonita conversando, fazem do lugar algo diferente para quem tem como referência a noite de Campo Grande.
Com 100 mil guaranis, menos de R$ 50,00, é possível beber todas, comer bem e ainda dançar sem pagar nada. As casas noturnas do Paseo não cobram entrada, têm rock ao vivo, vendem bebida de marcas conhecidas, gelada e porções que vão da carne com Sopa Paraguai ao sushi.
Um prato com muito filé, linguiça temperada, mandioca frita e Sopa Paraguaia, por exemplo, custa R$ 15,00 e serve 2 pessoas. A cerveja de 1 litro, Budweiser, vale R$ 11,00, mas outras marcas saem até por R$ 6,00 o "litrão".
Em uma mesa animada, cheia de mulheres, 6 amigos entre 20 e 24 anos fazem as contas de quanto costumam consumir na balada. “Nunca gastei mais de 100 mil guaranis. É loucura pagar mais do que isso”, diz Fiorela Rodrigues, de 24 anos. Bailarina profissional e universitária, ela sabe que vive uma situação privilegiada em um país pobre, mas não se abala.
“Nós convivemos com a pobreza, assim como vocês brasileiros. Vocês acham coisas erradas sobre nós. Lá em São Paulo, chegaram a perguntar se aqui todos os carros eram como carroças. Vá olhar quantas concessionárias de importados temos aqui”, reclama em espanhol, sem perder a simpatia.
A amiga, em tom mais abusado, tira um sarro dos brasileiros que não sabem das “facilidades” de Assunção. “Já estive no Brasil e não consegui entrar na internet à noite. Aqui, todo lugar tem wi-fi de graça, e funciona”, diz Nicole, de 20 anos. E é verdade. Do shopping à boate, nunca ficamos sem internet gratuita em Assunção.
A violência, um medo de quem mora em um estado onde fronteira é sinônimo de encrenca, não dá as caras na nossa estreia em Assunção. Não há nada tenso no ar, as ruas são movimentadas depois das 21h e assaltos ou assassinatos parecem a menor preocupação para os baladeiros.
"A noite é forte mesmo depois das 2 horas. Então as ruas ficam cheias até lá. Nunca vi um assalto ou fiquei sabendo de algum roubo por aqui. Acho que violento é o centro da cidade", garante Josué, um universitário de 25 anos.
Sábado - Para testar, no dia seguinte resolvemos ficar pelo Centro, um lugar de grandes franquias gringas, mas também de bares que parecem alternativos. Bons de cerveja, alguns vendem a bebida na versão artesanal.
Por sorte, nos deparamos com uma rua fechada, cheia de mesas e luzes coloridas com um palco montado para show da Oktoberfest paraguaia. A promoção é da rede americana de lanchonetes T.G.I Friday´s, em parceira com o Bolsi, restaurante/bar que nasceu em Assunção há mais de 60 anos e tem como diferencial a gastronomia paraguaia, com opções como chipaguaçu e empanadas, mas também culinária elaborada.
Para beber chope Brahma a noite toda, sem limitações, a caneca custa R$ 30,00. O valor pode ser dividido entre quantas pessoas a camaradagem deixar. O clima é de comemorações de rua, mas com muita segurança, nenhuma briga e só um sujeito fumando maconha a noite inteira, depois de pedir permissão a quem estava ao lado.
Ao vivo, o reggae paraguaio coloca todo mundo para cantar e dançar. A banda "Pipa para Tabaco" parece super star diante de uma plateia empolgadíssima, que sabe as letras de cabo a rabo. Realmente a vontade é comprar um CD do grupo para mostrar a qualidade ao Brasil.
Depois de algumas canções, o grupo desce, mas é só a aparelhagem ser retirada para as pessoas invadirem o palco para dançando o resto da noite no ritmo da música eletrônica e até do funk brasileiro.
Quando a viagem termina, são mais R$ 55,00 para retornar de ônibus ao Brasil direto, ou o dobro se a condição for chegar a tempo de trabalhar na segunda-feira e isso exigir 2 ônibus.
A volta pode ser pela mesma viação, mas com apenas uma saída às 21h e desembarque às 12h, 15 horas depois, porque há parada para limpezado veículo. .
Outra alternativa e ir até Pedro Juan, pegar um táxi até Ponta Porã (R$ 25,00) e lá subir no ônibus rumo a Campo Grande. A dica é nunca, em hipótese alguma, comprar passagens da viação Santaniana em Assunção. É um pinga-pinga recorde, em um veículo caindo aos pedaços. Quem avisa amigo é.