Encanto de infância se transformou em escola de samba para Marlem
Uma das fundadoras da Deixa Falar, Marlem se dedica aos adereços e roupas desde 2011
Por Aletheya Alves | 01/02/2024 07:15
Marlem se apaixonou pelo Carnaval e nunca mais abandonou adereços. (Foto: Juliano Almeida)
Quando era criança, Marlem da Conceição Francisco ficava com os olhos brilhando ao ver as mulheres fantasiadas para o Carnaval. Após esperar toda uma vida para participar daquele mundo mágico, ela narra que finalmente mergulhou na criatividade quando descobriu as escolas de samba e ajudou a fundar a Deixa Falar.
Na Vila Nasser, a sede da escola criada em 2011 fica cada vez mais repleta de cores e brilho. Conforme os dias vão passando, a ansiedade aumenta com os integrantes se revezando em turnos para encerrar as atividades e transformar as ideias em realidade.
Ali, entre os integrantes que não passam um dia sem ir para a escola de samba, está Marlene com sua fita métrica no pescoço. “O momento mais mágico é quando você vai vendo que as fantasias de cada ala estão prontas, a gente até suspira de emoção”.
Responsável por confeccionar as decorações e roupas, a artesã conta que seu vínculo com o Carnaval começou em outra escola, na Vila Carvalho. “Eu cresci, me casei, tive meus filhos e um belo dia resolvi visitar a Vila Carvalho, do nada mesmo, e já fiquei por lá”, diz.
Faltando poucos dias para o desfile, produção é intensificada. (Foto: Juliano Almeida)
Todos os itens da escola são produzidos manualmente pelos integrantes. (Foto: Juliano Almeida)
Por trabalhar em uma fábrica de camisetas na época, seu primeiro papel na escola foi justamente como aderecista. Depois, o gosto foi ser passista até que uma conversa com o outro fundador da Deixa Falar, Francis Fabian, mudou os rumos.
“Nós dois trabalhávamos na Deixa Falar e, um dia, perguntamos para o Fabian o motivo de ele não ter uma escola própria. Depois, ele realmente foi atrás disso e eu me tornei uma das fundadoras junto com ele”, relata.
Em 2012, na primeira participação da escola, o grupo já ficou em terceiro lugar e, desde então, não parou mais. “Nós começamos do zero e fomos aperfeiçoando. Foi um gosto, um encanto de infância e agora não abandono mais”.
Para Marlem, o Carnaval é algo mágico e, ao mesmo tempo, cheio de dificuldades, mas que não dá para ficar sem. “Eu brinco que deve ter um mosquitinho porque a pessoa vem uma vez e no próximo ano já volta de novo. A gente não deixa de lado”, comenta.
Dividindo o amor pela folia com Marlem, Fabian, o presidente da Deixa Falar, conta que toda a criatividade é usada para construir as ideias que irão para a avenida.
No meio do ano, nós já estamos com o enredo pronto porque é a partir dele que construímos tudo. E, para fazer o enredo, a gente precisa estudar muito. Nesse ano, vamos falar sobre fé, então é mais difícil ainda, explica Fabian.
Tendo sido a campeã de 2023, a Deixa Falar promete que 2024 será um ano de grandes surpresas. “Vamos trazer coisas que Campo Grande nunca viu, cada ala estará linda, vamos ter carros alegóricos incríveis”.
E, orgulhoso desde já, ele faz questão de reforçar que cada detalhe é produzido pela própria escola. “Nós não trazemos nada de fora, a não ser os materiais. Vamos construindo cada detalhe, tudo é feito por artistas de Campo Grande. Um dos grandes orgulhos da Deixa Falar é esse, o mérito é dos integrantes”.
