Festa na São José termina com sorte para quem achou aliança em 90 kg de bolo
Uma Ave Maria na fala e os olhos voltados à figura de um santo. Em Campo Grande, a noite de terça-feira foi de encerramento das comemorações do 70º aniversário da Paróquia São José, no Centro. Da procissão à missa, quem acompanhou os 15 dias de festa saiu renovado e teve a fé revigorada também com a entrega do bolo casamenteiro.
Quem não tem paciência para esperar Santo Antônio, em junho, recorre a São José. Não é à toa que antes do término da missa, cerca de 100 pessoas já formavam uma fila à espera do bolo que, neste ano, teve 90 quilos, 74 alianças e 90 santinhos, destes, um par de alianças é de ouro.
Não encontramos o fiel sortudo que levou a joia para casa, mas não faltou gente feliz ao encontrar o objeto no bolo gigante, como um bom começo para os que sonham com o patrimônio.
Antes da entrega, a secretária executiva Renata Queiroz, de 42 anos, prova que é do tipo que não desiste nunca. “Esse ano eu aumentei as minhas fichas, comprei quatro pedaços de bolo”, diz esperançosa pelo casamento. “Já avisei meu namorado, se eu pegar nós vamos noivar”.
Na fila, a professora aposentada Norma Cordeiro, de 84 anos, não tem o sonho do casamento, mas não abre mão do bolo e da aliança que faz parte da rotina da família há décadas. “Sou devota de São José desde a infância. Meu ano começa de novo quando eu venho pegar esse bolo, faço muita questão”, diz.
Devota, Isaura Soares, de 63 aos, fala que o santo é um exemplo a ser seguido, principalmente, por manter a família unida. “Ele intercede por todas as nossas necessidades. Ano passado, meu esposo teve um câncer, fizemos um tratamento e tivemos muita fé em São José para seguir em frente, hoje ele está bem e nossa família continua unida”.
Os gritos da aposentada Mirian Cruz da Silva, de 73 anos, logo no início da entrega do bolo, revelaram a sorte de pegar a primeira aliança. “Já fui em muita festa de Santo Antônio e São José, mas nunca havia conseguido uma aliança”. Mas, viúva e sem o desejo de casar novamente, ela entregou o objeto à amiga Antônia Novalo, de 52 anos, que ficou radiante. “Eu quero casar. Fiquei muito feliz e também surpresa com o presente”, revela a diarista.
A família de Fabiana Grando foi em peso para igreja, mãe, filhos, maridos e netos, a noite também foi de esperança, principalmente, das crianças que estavam fascinadas pela ideia de encontrar uma joia. “Eu quero um anel de ouro”, disse um dos filhos de Fabiana que, neste ano, comprou 20 pedaços de bolo. Com um garfo ela encontrou a aliança, que também simbolizou a esperança de subir no altar. “Já estamos juntos há muito tempo, mas agora nosso desejo é oficializar essa união na igreja”, revela.
Depois de um banho de água benta do padre e 90 quilos de bolo distribuídos, quem não escondeu a emoção foi a boleira Shirley Alvarenga, de 69 anos, que passou mais de 24 horas produzindo o bolo que teve recheio de brigadeiro branco com nozes e quatro leites com ameixa. “Em 40 anos de profissão, essa foi a primeira vez que eu tive a sorte de fazer esse bolo, fico muito emocionada. Espero que todo mundo tenha gostado”, diz.
A história conta que São José de Nazaré, é o pai adotivo de Jesus Cristo, esposo de Maria. É padroeiro dos trabalhadores e das famílias.
A Igreja de São José é patrimônio histórico e cultural de Campo Grande. Foi construída pelos salesianos há 92 anos. Em 8 de maio de 1927, Padre João Crippa abençoou o oratório voltado para os jovens, dando início à capelinha, onde fica atualmente a Capela da Sagrada Família, que foi totalmente reconstruída.
O atual prédio começou a ser construído em 1939, pelo engenheiro Camilo Boni e só foi concluído dez anos depois, após a morte de Padre João Crippa. O templo foi inaugurado em 24 de março de 1949, quando a igreja foi elevada a condição de paróquia.