Morada dos Baís vira baile de fronteira no 1º Festival da Polca e da Guarânia
Pensada para resgatar a cultura regional, a programação musical é gratuita e segue até sábado (13) das 19h às 22h.
“Quem souber dançar, dança. Quem não souber dançar, canta. Quem não souber cantar, grita”. Palavras do músico Fábio Kaida, para um público que nem precisou de muito incentivo para tomar a pista e acompanhar o ritmo fronteiriço da harpa paraguaia, da viola, baixo, bateria e vocal combinados no espetáculo “América sem fronteiras”, que abriu o Primeiro Festival da Polca e da Guarânia na noite de quinta-feira (11) na Morada dos Baís. A programação segue, de forma gratuita, até sábado (13).
Fábio ressalta que o festival é um resgate da cultura de Mato Grosso do Sul, ritmos herdados dos “irmãos paraguaios” e que deram origem também o chamamé, patrimônio cultural do Estado. “Para quem não sabe, o Brasil deveria falar Guarani, nós tínhamos mais ou menos 17 etnias de língua guaranítica e o Paraguai tem seis ou sete. Nós perdemos isso”, afirma.
Sobre o show e o futuro da polca e da guarânia, Fábio diz acreditar que que o público não esqueceu as raízes locais, mas entende que as coisas mudam. “Tudo vai se transformando e nós, músicos precisamos acompanhar isso de uma nova maneira. Aqui a harpa está no conceito de banda, com baixo, bateria, tem percussão, nós gravamos em estúdio. Tudo é uma inovação para esse segmento e a própria reação do público já trás um respaldo muito grande do trabalho que estamos fazendo”.
Para o músico, o público faz o artista, não há preço para quando quem está ouvindo responde ao sentimento de quem está no palco, em uma mesma sintonia em que a resposta está nos gritos, nos assobios, nas palmas e nos pés de quem dança.
Ao som de clássicos como “Pajaro Campana” e “La Cautiva”, Ricardo Silva Martinez, de 63 anos e Cristina Duarte, de 58, dançaram ao longo dos cerca de 40 minutos de show, sem perder o passo e nem o ânimo. Sul-mato-grossenses, mistura paraguaios com argentinos, ele conta que o ritmo está no sangue. Já conhecidos pelos eventos do Instituto Cultural do Chamamé aqui do Estado, o casal está presente na maioria dos bailes que incluam a música regional no repertório. “Já são 42 anos casado com a polca e com ela”, brinca Ricardo.
Atraída pela programação diferente na Morada dos Baís, Mila Freitas, de 35 anos, foi acompanhada do namorado, Ivan Cruz, 35 anos. Segundo ela, os dois costumam frequentar apenas os locais “batidos” de Campo Grande. “A iniciativa aqui é legal porque as pessoas precisam conhecer outras culturas, ainda mais a fronteiriça, de onde temos muita influência”, diz Mila.
Influenciado pela família e pelo primeiro grupo musical de violeiros ao qual se juntou fez com que Rafael Vital, aos 23 anos se interessasse pelo estilo, mostrando que a polca é capaz de unir gente de todas as idades. “Achei maravilhoso, porque eu sou músico também, toco viola e canto e para mim é uma ter a oportunidade de assistir artistas consagrados somam experiência ao meu trabalho”, conta.
Programação :
Sexta-feira (12/04) - A partir das 19h até às 22h, com show dos músicos Gerson Douglas, o chileno J Guillermo, os Divinos, Toamas Roa e Marcelo Rojas.
Sábado (13/04) - Com início também para as 19h e término às 22h, o palco terá a presença de Jerry Espíndola, Maurício Brito e Humberto Yule, os artistas paraguaios Pedro Barrios y Grupo Amistad e o brasileiro Marcelo Loureiro, encerrando o festival.