Música, arte e esperança continuam iluminando velha rodoviária neste sábado
O prédio da antiga rodoviária de Campo Grande se transformou em luz, graças aos holofotes. Ao todo, foram 22 que iluminaram a fachada do velho ponto de partidas e chegadas dando luminosidade à cultura com as mais variadas artes.
Comidas, fotografias, quadros, estúdio de tatuagem, barbearia ao estilo rockabilly, desfile de moda – com produções de estilistas locais, artesanatos, desde utensílios indígenas a peças feitas com sobras de vidros, estão espalhados pelos corredores centrais. Do pecado e do sossego, tudo produzido por pessoas dos mais variados “meios” e idades.
O motivo de tanta colaboração? Reviver o espaço que existe há tantos anos e vê-lo voltar a funcionar com o mesmo ou quem sabe, um maior fluxo do que já teve. No entanto, para isso é preciso ter comerciante e novos adeptos já começam a surgir, como a publicitária Ana Paula Ostapenko, de 31 anos, que em agosto vai inaugurar sua loja de Cupcakes, no segundo piso do prédio. “Mesmo que o meu produto não tenha a ver com o local hoje, tenho esperança que aqui vai ser a galeria do rock Mato Grosso do Sul”.
A publicitária também explica o motivo dos bolinhos terem ido parar na rodoviária: “o aluguel está praticamente de graça, não teria como abrir em outro ponto central por um preço tão baixo”, completa.
Os aluguéis de algumas dezenas de lojas do prédio saem por R$300,00, independente do tamanho ou localização. As salas pertencem a Heloisa Cury, de 51 anos, que é quem está por trás de toda organização da movimentação em favor a revitalização do antigo terminal rodoviário.
“Preciso reviver logo este espaço, por isso estou praticamente doando as salas. Quero que os comerciantes venham ver no que a rodoviária está se transformando e quem sabe abrir um novo ponto aqui”, explica.
Há 30 anos a antiga rodoviária conta com a simpatia da cabeleireira Amélia Decci de Oliveira, de 82 anos. “A sala é minha, não posso sair daqui, e ver todo essa movimentação me alegra, ainda bem que fiquei”. A esperança da cabeleireira não é repetida por todos os comerciantes, como a Marina Ferreira, de 43 anos, que também é cabeleireira e tem o salão no prédio há 13 anos. “O movimento de agora é bom, porque aqui é uma ‘paradeira’, mas isso não resolve. Não são os nossos clientes, com evento ou sem evento não muda nossa clientela”, avalia.
Bancas - Desde 2009, a professora Fran, de 26 anos, resolveu cortar gastos e criou a marca “Chroma”. Ela conta que cansada de ter que levar as roupas novas à costureira, comprou uma máquina de costura para diminuir os gastos com os ajustes e customizações.
“Sempre que comprava uma roupa ia correndo na costureira para fazer algum ajuste. Gastei tanto com mão de obra que comprei uma máquina. Resolvi aprender, mas foram só três dias para entender onde colocava a linha”. E com a economia, a criatividade se aliou ao talento da professora, que começou a produzir peças em retalho de couro.
Para fazer o relógio, por exemplo, Frann Zamora compra a caixa no camelódromo e cria as pulseiras. As peças custam de R$55 a R$130,00. Outro produto bolado por ela são as bolsas de vinil, feitas em lona e decoradas com discos. Elas custam de R$70 a R$130,00.
Também no meio do agito do primeiro dia de “Luz na rodô”, aos 70 anos, a artesã Silvia Strumpo também levou sua arte, com a intenção de ajudar a modificar o espaço. Com a produção de vidrais, as sobras de vidros eram grandes, e para não despejar sobrou de material no lixo, inventou garrafas de cerveja aquecidas em 800 graus com rótulos a partir de 1918, da cerveja Brahma. As garrafas decorativas custam R$20,00.
A programação continua neste sábado, a partir das 15 horas, com espetáculo de dança, com a companhia “Baraka”. Ainda tem roda de capoeira e pintura ao vivo. Às 17 horas, os artistas Gheva e Carol Capellani também vão apresentar seus trabalhos construídos na frente do público. E às 20 horas está marcado para começar o desfile de moda com grifes campo-grandenses. Serão sete ao todo, com peças que custam de R$20 a R$250,00
As apresentações musicais começam às 16 horas, com a banda de rock “Out of Mind”, a programa ainda passa pelo reggae, har rock, blues, mpb e acaba 21h40, ao som do rockabilly da banda “Aristocats”.