Na contagem para o Carnaval, amigos criam coletivo para movimentar cena cultural
O repertório é de Ara Ketu a Caetano Veloso. Música brasileira de todo tipo, que enche de saudade o coração de quem já se divertiu muito com sucessos dos anos 70 a 90. É nesse ritmo que o Coletivo Marafo surgiu há poucos meses em Campo Grande, para movimentar a cultura com ‘rolês’ alternativos e acessíveis.
O Marafo é um grupo colaborativo, criado por oito amigos que estavam cansados da cena cultural da cidade. “Estavámos um pouco saturados de como a cena daqui funciona. Aí decidimos por eventos alternativos, que fossem acessíveis na questão de locomoção e preço justo. Porque a gente sempre foi esse tipo de público, que vai para com pouca grana para a festa, mas curte música bacana”, justifica Juliana Benites, de 27 anos, uma das organizadoras.
A proposta surgiu na mesa do bar em meio a alegria e uma paixão em comum: a música. Os coletivos que acontecem nas metrópoles também foram referência para Juliana e os amigos Fred Pereira, Jéssica Liani, Cristhiane Gregório, João Gabriel, Aruan Barcelos, Sara Maria e Pedro Gil fazerem a estreia com o primeiro evento realizado pelo Marafo neste fim de semana.
As boas vindas veio com “Bloco Marafo é o Bafho”. Uma contagem regressiva para o Carnaval, onde a galera rebolou no estilo carnavalesco com músicas que iam do MPB ao samba e axé. Ninguém ficou parado quando a caixa de som estrondou com canções de É O Tchan, Daniela Mercury, Ivete Sangalo, Carrapicho e Raça Negra.
A festa foi no Bar Genuíno no cruzamento das ruas Aporé com Paisandú, no bairro Amambaí. O lugar que lembra os velhos botecos, com toque brasileiro nas cores e decoração, deixou tudo com uma pegada originalmente brasileira e que abraçou o público fazendo jus a coletividade.
“Pra gente o público não é diferente, mas é abrangente. No sentido de coletivo, a ideia é sempre agregar, trazer pessoas de várias vertentes, seja da música, do teatro, fotografia ou dança, mas trazer pessoas que querem fazer e buscam algo de diferente”, diz Juliana.
No lugar ninguém paga entrada, a cerveja de 600ml custa R$ 6,00 e o resultado é todo mundo cantando junto e mostrando o gingado, com os sets comandados por alguns integrantes do Marafo. Entre eles, Aruan Barcelos, de 29 anos, que solta a música em ritmos que remete ao tropicalismo e explica como coletivo veio fazer a diferença. “Eu falo que todo mundo aqui é urubu de música, a gente é um pesquisador do MP3 e temos muitas referências. Acredito que seja uma forma de mostrar que a música brasileira é muito boa”.
Na alegria e simplicidade, o coletivo também propõe novas experiências. “A gente gosta de uma pegada brasileira, com batucada e até um pouco de eletrônico. Não tem muita definição, mas a ideia é parar com essa besteira de elitização da música. A galera pode até assumir que não gosta, mas todo mundo dança na hora que a gente toca” , ri Juliana.
Além da música, passar uma mensagem consciente também faz parte. O copo plástico por exemplo, é vendido a R$ 1,00 na busca de diminuir a sujeira. “Não tem jeito, fica muito sujo depois, então escolhemos vender, porque a pessoa acaba pensando e fica com o copo na mão até o fim”, explica Aruan.
O evento acontece hoje de novo a partir das 17h até meia noite no Bar Genúino. Para enriquecer o cenário musical, outros dois já estão agendados. Sendo nos dias 11, 12 e 13 de novembro com a festa ''Marafo'' no Festival América do Sul em Corumbá. Também no dia 18 de novembro será a vez da festa ''Nem Fudendo De Novo'', que usa a expressão como um descarrego para que o público se livre de tudo que é ruim e caia na pista com muita energia positiva. A festa será em Campo Grande. Informações sobre os eventos no Facebook.