Olodum: “Quem pensa que Carnaval é gasto tem que ir para outro lugar”
O grupo também defendeu grade regional no Carnaval, mas diz que faz ‘preço tranquilo’ para também vir a MS.
No meio de diversos assuntos que surgiram na coletiva de imprensa do grupo Olodum, que se apresentará nesta segunda-feira (10) em Campo Grande, no terceiro dia de “Campão Cultural”, o Carnaval, claro, não ficou de fora.
O grupo com mais de 40 anos de história é uma referência quando o assunto é folia, por isso, foi enfático ao falar da importância da festa para a cultura de uma cidade, especialmente quando descrevemos brevemente sobre a celeuma desencadeada em Campo Grande nos últimos anos a cada realização do Carnaval.
“Quem pensa que fazer Carnaval é gasto está totalmente enganado, ele tem que ir pra outro lugar. Cultura é um investimento, Carnaval é uma cultura nossa. Um estado que investe milhões ganha milhões”, começou Lázaro Araújo, um dos integrantes do Olodum.
O grupo defendeu a festa não só como entretenimento, mas também como valorização da cultura e patrimônio de uma comunidade. “Toda vez que a gente pensa em cultura como gasto, a gente está no lugar errado. A gente só vai ser um país digno do que somos, do povo que somos, quando as pessoas pararem de dizer que gastar em cultura é gasto. Países que investem em cultura estão muito mais evoluídos”, acrescentou o músico.
Carnaval em Campo Grande
Nos últimos 10 anos Campo Grande viu as ruas da Esplanada Ferroviária ganharem cores e alegria do Carnaval. Blocos independentes começaram na raça uma festa tímida, com 100 pessoas, lá em 2012. Em 2020, mais de 40 mil pessoas lotaram a região histórica.
Mas esse movimento não gerou só alegria. Do outro lado há moradores e pessoas que defendem o fim do Carnaval na região em razão do tumulto, brigas, barulho e sujeira, por exemplo.
Dentro do mesmo grupo de pessoas impacientes com o Carnaval tem os radicais que se quer defendem a manifestação popular e que, se pudesse, mandaria a festa para bem longe.
Em 2018 surgiu até uma recomendação para a transferência da festa popular para Autódromo, na BR 262, ignorando que a ocupação de espaços públicos com cultura faz toda diferença e que, em diversas regiões do País, os carnavais acontecem entre patrimônios históricos e são referências.
Por isso, os últimos anos têm sido de resistência, especialmente para os principais blocos carnavalescos, como Cordão Valu e Capivara Blasé, que só crescem em número de foliões e ‘rebolam’ para fazer um Carnaval animado e que traga mais alegria do que dor de cabeça à quem mora na região.
“Carnaval é um momento preciso, a gente está ali para desaguar todo ano que a gente leva nas costas. Cinco dias de Carnaval é um motivo de alegria. As pessoas atravessam o país de um lado pro outro para poder curtir o Carnaval, e isso até pode ser gasto para quem viaja, mas para o Estado é um investimento, é onde a cidade se movimenta culturalmente”, destacou Lucas Di Fiori.
O grupo aproveitou a conversa para ressaltar a importância da valorização de artistas regionais. “Uma preocupação que a gente tem e que acreditamos é que cada estado precisa valorizar a sua cultura. Se vai ter carnaval em Campo Grande, tem que ser 80% de espaço para bandas e grupos de Campo Grande, e o restante de bandas brasileiras para atrair turistas. Cada cidade é responsável por preservar sua cultura”, disse Lázaro.
No entanto, de forma bem humorada, a banda diz que não dispensa um convite para fazer a folia acontecer em Mato Grosso do Sul. “Mas pode trazer o Olodum que a gente faz a um preço bem tranquilo”, avisou um dos integrantes.
Olodum se apresenta hoje em Campo Grande, após show do cantor Silva, no Palco Esplanada, montado na Esplanada Ferroviária. Confira programação completa do Campão Cultural aqui.
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