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Diversão

Ser mestre de bateria é realização de jovem cego que cresceu no samba

À frente dos 80 ritmistas da escola de samba Caprichosos de Corumbá, Robinho Adrison, de 21 anos, deu um show à parte de simpatia e competência

Adriano Fernandes | 05/03/2019 21:34
Robinho dando o tom da bateria no desfile de ontem(04). (Foto: Reprodução/Vídeo)
Robinho dando o tom da bateria no desfile de ontem(04). (Foto: Reprodução/Vídeo)

A palavra limitação, nunca teve muita importância na rotina do jovem Robinho Adrison, de 21 anos, e, no Carnaval, quem pode conferir isso de perto são os próprios foliões. À frente de 80 ritmistas o garoto que é cego, deu um show à parte de simpatia e competência como mestre de bateria da escola Caprichosos de Corumbá, durante o primeiro dia de desfile do Carnaval da cidade, nesta segunda-feira (04).

Este é o segundo ano de Robinho na função, mas o amor pelo samba ele conta que veio de berço.Seu pai, popularmente conhecido como Robinho da Caprichosos foi um dos fundadores da escola no ano de 2005.

“A Caprichosos é praticamente uma escola familiar, sempre teve o envolvimento dos meus pais, tia e desde criança eu fui crescendo no meio do samba. Na escola eu sempre fui ritmista até que ano passado eu pedi uma oportunidade para ocupar a vaga de mestre”, se orgulha.

Apoio é o que não falta para o jovem, seja na família ou dos colegas, mas, especialmente neste ano, ele ganhou um reforço bem especial. Quem o guiou por toda a passarela foi a sua namorada, Keila de Oliveira, de 18 anos, com quem também já está junto há dois anos.

“Ela sempre acompanhou os desfiles, mas nunca foi tão ativa na escola, mas por mim, decidiu participar este ano como minha guia”, ele explica. A ajuda para lá de romântica, supri qualquer dificuldade que apareça no trajeto da avenida, enquanto Robinho mantém o apito e os gestos no comando da bateria a todo o vapor.

Carro alegórico do desfile da Caprichosos, na primeira noite de desfiles. (Foto: Diário Corumbaense)
Carro alegórico do desfile da Caprichosos, na primeira noite de desfiles. (Foto: Diário Corumbaense)

O estudante tem glaucoma congênito, desde criança, mas a doença nunca foi seu empecilho para nada, ele garante. Além de mestre de bateria, Robinho também é acadêmico de Letras na UFMS(Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). Ele brinca que neste segundo ano à frente da escola de samba, a ansiedade foi um pouco menor, se comparado ao ano passado. O que foi maior, segundo ele, foi o carinho dos foliões.

“Todos me aplaudiram muito, várias pessoas pedindo para tirar foto e entrevistando e, como tive a companhia da minha namorada, meu trabalho foi bem mais descontraído eu senti que a emoção foi diferente”, comemora.

Robinho ainda arrisca a tentar definir a emoção que sentiu. “É praticamente inexplicável, só quem vivencia, sabe qual a sensação de estar na passarela, ainda mais à frente da minha escola do coração, que representa a minha comunidade. Não há coisa melhor”, conclui.

Desfile – Com 13 alas a Caprichosos de Corumbá foi a terceira escola a desfilar na noite de ontem (04) com o samba-enredo “Albuquerque, o paraíso é aqui!”, em homenagem ao distrito que fica a 50 quilômetros de Corumbá.

A noite também marcou a estreia da rainha de bateria Nanda Ferraz, a primeira transexual à frente de uma escola de Corumbá. Mais uma prova de que quando o assunto é inclusão e representatividade a escola dá mesmo um show.

Confira o vídeo de Robinho à frente da bateria, durante o desfile.

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