Slam Plural é grito de liberdade para artistas independentes
Na Praça do Rádio, artistas apresentaram poesias sobre amor, racismo, sexualidade e outros temas sociais
A poesia ecoou e tomou conta da Praça do Rádio na noite de quinta-feira (13). No microfone, artistas declamavam versos sobre temas relacionados à sexualidade, amor, racismo, resistência, arte, machismo e outras denúncias sociais. Na arquibancada, a plateia reagia animada a cada nova rima e performance que trazia potência ao que era dito.
O ‘Slam Plural - Voz para todas, todos e todes’ é o primeiro que ocorre dentro da programação do Festival Campão Cultural. No evento de ontem, 25 poetas se inscreveram para disputar a competição que teve direito a premiação para os três primeiros colocados. Além da batalha de slam, o evento contou com a discotecagem da DJ Ella e as apresentações artísticas de Vogue e Drag Queen.
Idealizado por Luana, Sarah e Júlia Peralta, Ale Coelho, Cel Ventorin e Thainá Sangali, o Slam Plural foi pensado para potencializar a voz daqueles que integram o mesmo grupo. É o que explica a poeta Ale Coelho, de 21 anos.
“A gente idealizou uma batalha de poesias para mulheres e pessoas LGBT. É especificamente para essas pessoas serem ouvidas”, explica. “A cultura LGBT é muito extensa, então a gente tentou colocar o que tem a ver com o nosso slam, que é o da diversidade”, completa Luana Peralta.
A iniciativa do slam também é inédita no Festival Campão Cultural. “É a primeira vez que existe um slam por edital aqui no Campão. É uma responsa. Além de estarmos abrindo, é a nossa primeira apresentação como Slam Plural. É nossa estreia”, comemora Luana. A expectativa, conforme as idealizadoras, é que o coletivo siga atuando em outros locais e cedendo espaço para mais artistas.
O dia também foi de estreia para a jornalista Ana Laura Menegat, de 21 anos. Apesar de escrever poesias desde pequena, Ana ainda não tinha subido ao palco para apresentar a produção autoral. Animada, ela relata o motivo de ter se inscrito.
“É a primeira vez, estou nervosa, porque eu escrevo muito para ser lida e não ouvida. Pra mim é um pouco novo. Eu descobri que gosto muito de falar, então quero me proporcionar a experiência de ser ouvida sem ter medo”, fala a jornalista.
Para a competição, ela trouxe três poesias que abordam temas como aborto, bissexualidade e depressão. Em relação à poesia, ela destaca que a arte é o lugar onde consegue se expressar livremente. “Desde criança fui estimulada pelos meus pais a ler e essa paixão foi se expandido para uma vontade de contar histórias. [...] Encontrei na poesia um lugar onde eu posso ser eu mesma”, comenta.
Acostumada a se apresentar desde jovem no Slam Camélias, Vanessa Andrade, de 19 anos, viu na apresentação de ontem uma oportunidade de retornar aos palcos após viver um período de afastamento. Sobre o movimento artístico, ela fala que o slam é capaz de gerar identificação e conectar quem declama e quem ouve.
“É bom porque tem várias pessoas que se identificam com o que você está escrevendo, não é uma coisa particular. É uma vivência coletiva. Como mulher a gente se identifica, a dor não é individual”, declara.
Acostumada a estar no palco e não no lugar de jurada, Isa Ramos, de 26 anos, foi selecionada para avaliar as apresentações ao lado de outros dois colegas. Ela explica os três critérios estabelecidos para a disputa. “A questão da poesia ser autoral, o tempo e a performance. É um conjunto. Eu quando julgo alguém não julgo a pessoa, mas a poesia dela”, esclarece.
Além da produção autoral, Isa ressalta a importância que a performance tem dentro do slam. “O slam traz muita poesia de denúncia que precisa muito da expressão corporal. [...] Quando tô lançando uma palavra para as pessoas, denunciando coisas polêmicas, políticas e cotidianas eu preciso que elas vejam no meu comportamento que me importo, que fui atravessada por isso. A poesia surge daí, dos atravessamentos da nossa vida cotidiana”, pontua.
Confira a programação completa do Festival Campão Cultural aqui.
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