Com medo do câncer, jurei dizer a verdade, somente e nada mais que a verdade
Jura dizer a verdade, somente a verdade, nada mais do que a verdade? Esse é um juramento de julgamentos e que muitas vezes ouvimos nos filmes onde, com a mão estendida o réu ou a testemunha o profere num compromisso firme.
Esse foi o principal pacto que fiz comigo desde quando resolvi fazer a mudança mais radical da minha vida – e que vocês tem acompanhando aqui no Lado B pelo Vai Gordinha. Pois bem, e é assim que desde sempre tenho tentado seguir com a equipe que me acompanha no dia a dia desde que em novembro do ano passado, resolvi finalmente largar para trás aqueles 166,5 quilos que me acompanhavam pesadamente.
Lembro que o dia que entrei na sala do Dr. Cesar Conte, estava acompanhada do meu esposo e disse: “Sim, eu como tudo errado, e como mal, porque eu como só duas vezes por dia e a noite às vezes eu como deitada, e como com preguiça porque eu estou cansada demais até para comer certo”. E claro, eu levei um pito imenso!
Ou sexta-feira, agora mesmo, quando ele falou: “E as vitaminas? Tomando certinho?”
- Ah sim, tomando, igual minha cara! Mas está tudo bem, nem caiu o cabelo ainda e tal!
E ele responder com fofura: “Parabéns, daqui dez anos quando caírem os dentes você não reclame comigo”. Ou outro dia quando cheguei para minha nutricionista Mariana Corradi, e junto com minha amiga Priscila contei todas minhas estripulias tipo o dia que comi uma pinha, deitada já depois de uma extensa jornada de trabalho e claro, tive um puta refluxo e vomitei ou quando eu fiquei bêbada (sim, bêbada) porque comi doce e claro, levei um ralo. E ali, fui contando tudo que fiz de errado. A Pri ao sair comigo falou: “Nossa Lica, você conta tudo para ela?”
- Sim, se eu não confiar nela, vou confiar em quem?
Minha psicóloga então, Eliane Nichikuma, eu juro, ela merece um Nobel da Paz, porque ela consegue olhar com aquele olhar “verde” e me fazer contar toda verdade, somente a verdade, nada mais que a verdade. “Ah, eu tava com raiva”. “Não tomei o remédio”. “Chorei de saudade da minha mãe”. “FIQUEI COM CIÚMES MESMO”. “Eu estou vaidosa”.
Agora, vocês devem estar se perguntando por que eu estou falando disso tudo não é? Pois é, verdades às vezes são inconvenientes e doem, mas são necessárias, em especial quando envolve saúde e envolve exemplos e dicas (nem digo conselhos, porque aqui é só um papo bom).
Não sei se alguém se lembra, lá atrás, quando escrevi que Dr. Cesar (o melhor do mundo) teve que mudar meu procedimento cirúrgico de by pass (redução de estômago com desvio de intestino) para sleeve (retirada de boa parte do estômago sem desvio de intestino) porque durante os exames pré-operatórios apareceu uma lesão (tumor no popular) no duodeno e que não era possível retirar ainda, devido a super obesidade e teríamos que sim, aguardar a evolução, porque em medicina, as coisas também acontecem assim.
Eu, ali fiz meu juramento: “Jura dizer a verdade, somente a verdade, nada mais do que a verdade?” Porque meu médico foi verdadeiro comigo. Ele não desistiu de mim, com dr. James Câmara e todos do Instituto do Aparelho Digestivo me amparou e minha cirurgia foi um sucesso, mas eu teria que esperar um tempo, para então fazer outros exames e aí acompanharmos o que seria.
Havia chances de ser aquilo? Sim, havia. Eu sabia, eu só não falo o nome, eu verbalizo, mas não escrevo. E esse medo, tinha dias que batia na minha porta, tinha dias que eu acordava no meio da noite, sozinha e ficava pensando o que seria caso acontecesse. Porque já enfrentamos caso da minha mãe... Mas por outro lado, eu confiava.
Até que semana passada, fizemos novamente outros exames, para tirar a contraprova, para ver como estão as coisas e aquilo tudo que tem que ser feito. Pois é minha gente, cheguei ao consultório dessa vez com meu cunhado Cristiano (toda vez tem alguém da família comigo, graças a Deus!) e meu passarinho Pedro.
Dr. Cesar olhou os exames, sentou comigo e pacientemente explicou tudo. Mas a melhor frase de todas foi: “A lesão não evoluiu, pode ficar tranquila”.
Agora é só acompanhar e cuidar de mim, mais ainda. Foram exames detalhados, eu fiquei com medo, tive fé, tive o carinho dos meus. Heloisa Mandetta, Danielle, Priscila obrigada por tudo, por me buscarem e levarem e cuidarem de mim. Ao chegar ao serviço falei: "Tudo certo" e uma colega disse: "E você nem perde o sorriso no rosto".
É, o medo nos dá duas alternativas, ou nos impulsiona, ou nos paralisa, eu escolhi me impulsionar, e por isso divido com vocês meus amores, mais uma vitória da vida!
PS: Dedicado a Lindolfo Ferreira, um dos homens mais generosos que já conheci!