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“Hoje vivo bem”: ex-pacientes cardíacas explicam vida após cirurgias arriscadas

Mesmo com riscos, ex-pacientes relatam que cirurgias cardíacas curaram doenças e melhoram qualidade de vida

Por Mylena Fraiha | 05/01/2024 11:20
Katsiana durante alta médica, após uma cirurgia de prótese aórtica valvar realizada em 2022, no Hospital do Coração (Foto: Arquivo pessoal)
Katsiana durante alta médica, após uma cirurgia de prótese aórtica valvar realizada em 2022, no Hospital do Coração (Foto: Arquivo pessoal)

A morte do cantor sertanejo João Carreiro, aos 41 anos, após uma cirurgia cardíaca, provocou comoção nas redes sociais e suscitou questionamentos sobre a eficácia desses procedimentos. Apesar de rara, a morte do artista faz parte dos 3% dos pacientes cardíacos submetidos à cirurgia que não conseguem sobreviver ao procedimento.

Em contrapartida, diversos pacientes submetidos a intervenções semelhantes conseguiram retomar suas vidas normalmente após a cirurgia. Uma dessas pessoas é a pedagoga Katsiana Azevedo, de 40 anos, que passou por uma cirurgia de prótese aórtica valvar em 2022.

A pedagoga explica que foi diagnosticada aos 16 anos com insuficiência aórtica reumática crônica, mas que somente após o nascimento de seu segundo filho ela precisou ir à mesa de cirurgia.

Tive dois filhos. Em 2019, no parto do meu segundo filho, eu tive uma descompensação e cheguei a ficar internada. Nesse período eu tive uma vida mais difícil. Não podia pegar peso e nem correr. Aí não podia mais adiar a realização dessa cirurgia”, relata Katsiana, que realizou o procedimento no mesmo hospital que o cantor sertanejo.

Segundo Katsiana, o médico realizou uma série de exames antes da cirurgia e forneceu orientações detalhadas sobre os procedimentos pré e pós-operatórios. "Ele me explicou os diferentes tipos de cirurgia, e eu confiei nele. Ele já realizava esse tipo de procedimento há anos, o que me proporcionou confiança e credibilidade. Embora o meu quadro apresentasse um risco pequeno, ainda assim, há uma margem de risco considerável devido à abertura do tórax e à complexidade do pós-operatório”.

Após ter passado sete dias no hospital e 30 dias de repouso no pós-operatório, hoje Katsiana explica que leva uma vida normal. “Hoje eu sigo com a minha vida normal, com o meu trabalho e minha família. Hoje eu malho, subo morro e faço coisas que eu não fazia antes. Só que sigo fazendo acompanhamento de seis em seis meses. Eu atribuo isso muito a Deus também. Nessas horas a gente se apega muito a Deus”.

Katsiana e sua família, em festa realizada meses após a cirurgia cardíaca (Foto: Arquivo pessoal)
Katsiana e sua família, em festa realizada meses após a cirurgia cardíaca (Foto: Arquivo pessoal)

Diagnóstico precoce - De acordo com o diretor-clínico do Hospital do Coração de Campo Grande, Jandir Gomes Júnior, cerca de 10% das pessoas têm sopro no coração. Muitas morrem ignorando que tinham a doença. Por isso descobrir a doença o mais cedo possível é essencial para o tratamento.

Esse foi o caso da assistente administrativa Tainara Gomes de Souza, de 29 anos, cuja filha, Isabela, uma bebê de 1 ano de idade e 10 meses, teve a doença descoberta aos dois meses. Segundo Tainara, a descoberta foi feita durante uma consulta de rotina.

Ela não ganhava peso. Por protocolo e para investigar, nós fizemos o ecocardiograma. Foi identificada uma persistência no canal arterial. Normalmente, todos nós nascemos com um pequeno canal no coração que deveria se fechar naturalmente nas primeiras 48 horas após o nascimento. No entanto, mesmo aos dois meses, o canal ainda estava aberto, algo que é conhecido como 'sopro'”, explica Tainara.

Sem muito conhecimento na época, a assistente administrativa explica que ficou abalada com a notícia. Entretanto, logo em seguida, ela e o pai da menina buscaram a orientação de um especialista na área. “Naquele momento, o meu mundo caiu. Foi uma coisa muito repentina, mas nós buscamos orientação. Antes da cirurgia, a Isabela tomou sete remédios, sendo um deles para regular a pressão”.

Após um ano e três meses de espera, Isabela passou pela cirurgia, por meio do SUS (Sistema único de Saúde), na Santa Casa de Campo Grande. Nesse período, Tainara explicou que o acompanhamento médico e confiança no profissional foram fundamentais.

“Antes da cirurgia eu estava muito receosa, porque muitas pessoas ficam falando dos riscos. E era uma cirurgia arriscada, mas o médico deixou eu e o pai dela cientes disso. Nós assinamos um termo de ciência de todos os riscos. Só que o procedimento saiu melhor do que o médico esperava”, explica a mãe de Isabela.

Com quase dois anos de idade, hoje Isabela brinca sem complicações cardíacas (Foto: Arquivo pessoal)
Com quase dois anos de idade, hoje Isabela brinca sem complicações cardíacas (Foto: Arquivo pessoal)

Na última sexta-feira (4), a mãe da menina recebeu a notícia de que a bebê estaria curada da doença e que viveria sem complicações. "Eu tinha recebido o diagnóstico da cura ontem. Minha filha atualmente tem 1 ano e 10 meses e completará dois anos no dia 14 de fevereiro", comenta Tainara.

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