Ritual do Fogo tem mel, flores e até urina de vaca para favorecer a meditação
Uma pequena fogueira no centro, cercada de urina de vaca, leite, pétalas de flores, mel, incenso, entre outros elementos.
No som, um mantra indiano e em volta, cerca de 70 pessoas em meditação. A primeira vista, o Ritual do Fogo na Lua Crescente pode parecer exótico, mas é antes de tudo, é a versão em Campo Grande de cerimônia típica de um dos países mais mágicos da Terra: a Índia.
O ritual foi realizado na sexta-feira (22) no Tantra Espaço Yoga Lab, um local recém-inaugurado do Centro Metamorfose, em portão estreito da rua 15 de Novembro, escondido entre um escritório de advocacia e um prédio comercial. De difícil localização, o espaço fez muita gente se perder, inclusive a equipe do Lado B.
Ao entrar para acompanhar de perto a cerimônia, nossa recepção foi, na verdade, uma recomendação: manter o silêncio, a discrição e evitar os flashes da câmera fotográfica. Tudo para não atrapalhar a meditação e o andamento do ritual.
No centro das atenções estava o guru indiano Atmaji e seu discípulo brasileiro Abishek. “Vocês devem manifestar a prosperidade através do poder da meditação”, recomendou o guru antes de iniciar o ritual.
O fogo para os indianos seria um agente poderoso de transformação e durante a cerimônia cada participante poderia realizar pedidos pessoais, como a resolução de um problema de saúde ou um desafio a se vencer na longa jornada do autodescobrimento. “Seja sincero com esses pedidos. Todas essas energias vão te ajudar nesse momento”, afirmou o guru.
Das 21 horas até às 2 horas da madrugada de sábado, Atmaji guiou os participantes em uma série de exercícios de meditação e gratidão. O primeiro passo foi fazer com que todos se desconectassem da realidade, realizando exercícios de respiração.
É difícil não sentir que algo muda no ambiente. Ao pedir que os participantes relembrem seus ancestrais, mentores e reverenciem seus pais, o momento se torna de extremo carinho. “Faça com muito amor e gratidão. Agradeça a oportunidade que lhe foi dada de vir a este mundo”, aconselha o guru.
Para quem tem o pai ou mãe presentes, é possível fazer a reverência massageando seus pés com água, cinza sagrada e pétalas de flores. Alguns ficaram tímidos, mas muito pareciam extremamente concentrados, como se já não estivessem fisicamente no espaço.
De acordo com o realizador do evento, Júlio Marques, é difícil afirmar o que cada um busca no ritual. “É um encontro pessoal, cada pessoa tem uma busca, as vezes uma cura física, em geral estão buscando uma reconexão consigo mesmo. O trabalho nosso, do Atmaji é de introduzir as pessoas nesse mundo da meditação”, explica.
Foi em busca dessa reconexão que a professora de educação infantil, Vilma Antônia de Paiva, 39 anos, participou do encontro. "Conhecer meu interior, a vida de verdade, o que é estar nesse mundo, quai as funções que eu tenho nele", acredita.
Apaixonada pela cultura oriental desde a infância, ela descobriu a yoga há um ano, mas afirma que a meditação sempre esteve presente na sua vida.
"Minha vida mudou 360 graus em relação a tudo, meu estilo de viver, minha atitudes, não só estou mais calma e tranquila, mas também mais confiante de mim, estou vivenciando minha autoestima. Foi maravihoso participar desse ritual, como parte de todo esse processo", diz.