Alex Kidd in Miracle World DX é feito para os fãs de longa data
Para qualquer pessoa que cresceu durante o auge da TecToy e do Master System em terras tupiniquins, o nome Alex Kidd traz muita nostalgia e felicidade. Desde suas músicas às famosas batalhas de pedra, papel e tesoura, o game mais icônico do personagem fez parte de muito bons momentos nas vidas dos brasileiros. Sendo assim, é de esperar que seu remake, Alex Kidd in Miracle World DX, seja perfeito para esses gamers de longa data, não é mesmo?
O onigiri mais gostoso - Se o que o gamer procura é uma experiência muito próxima do original, neste jogo desenvolvido pelo Jankenteam e publicado pela Merge Games há tudo isso e mais um pouco. As fases são extremamente similares ao jogo de 1986, oferecendo ao dono do controle muitas das mesmas estratégias usadas há mais de 30 anos. Os controles também funcionam da mesma forma, com um botão de pulo e outro com o icônico soco do protagonista. Os itens agora podem ser selecionados com um simples apertar de botão, sem precisar entrar no menu de pausa. Chamo isso de “melhora de qualidade de vida”.
A apresentação é magnífica, dando um ar de novidade com seus gráficos cartunescos, fundos lindos, e animação fluída. O próprio Alex Kidd recebeu um banho de carisma e personalidade, pois é de se convir que ele não tinha muito no original de Master System, agora até mesmo a sua movimentação é cheia de estilo. As músicas são sensacionais, uma faixa melhor do que a outra, um trabalho que respeita muito o original. Além disso, há até mesmo pequenas cutscenes que servem para contar a história de uma maneira não antes vista em Miracle World, tentando garantir uma imersão bacaninha. Porém, os diálogos que ocorrem durante a aventura tiram um pouco desse brilho, pois além de genéricos, eles representam mal o que ocorre na cena, com frases de efeito surgindo o tempo todo de maneira desinteressante.
Os chefes receberam mais estilo e novas formas de batalha, e isso representa bem o que é este remake. Basicamente é o mesmo jogo com fases a mais, aumentando a jornada de Alex. Isso é tão verdade que os desenvolvedores adicionaram, assim como no remake de Wonder Boy: The Dragon’s Trap, a opção de alternar para os gráficos do Master System com um simples apertar de botão. Outra adição que gostei foi que após terminar o jogo, o modo Boss Rush é liberado, mas mais empolgante é que o título original do 8bit da Sega também passa a ser uma opção de jogatina diretamente da tela de abertura. Por último, há colecionáveis excelentes que contam muito da história do personagem e da própria Sega como um shuriken ou a nave Opa-Opa de Fantasy Zone.
O onigiri que passou do ponto - Alex Kidd in Miracle World DX é um excelente remake, ótimo para quem jogou e ama o original. Dá para notar facilmente que todo o seu desenvolvimento foi feito com muito carinho e respeito aos fundamentos e detalhes do título de 1986. Mas isso também é um ponto negativo.
A movimentação do protagonista continua sendo leve demais, os pulos ainda são complicados de acertar na primeira tentativa, dando aquela sensação de o chão ser muito escorregadio. Tudo isso faz com que a maioria dos momentos onde perdemos vidas seja por erros bobos, e não pelo desafio do jogo em si. Pouco depois de mais uma morte, a frustração toma conta, algo que poderia ter sido resolvido se usassem um sistema de plataformas mais afiado e moderno, por exemplo.
É claro que como grande parte do layout das fases permanece o mesmo, essa teimosia de manter a movimentação e a jogabilidade como se fosse 1986 acaba prejudicando a experiência. Há momentos onde você acaba parando e olhando para a tela de forma incrédula, pensando que seu próximo passo o fará perder mais uma vida e, possivelmente, todos os itens e dinheiro que havia juntado previamente. Mesmo havendo um modo de vidas infinitas, isso não diminui o nível de estresse que certos momentos podem trazer.
Por causa da curta duração da aventura (em menos de três horas de jogatina um jogador meia-boca como este redator consegue finalizar), após alcançar seus créditos finais não há muito motivo para recomeçá-la. Talvez querer pegar todos os colecionáveis ou arriscar um speedrun, algo que nem todos vão correr atrás. Sinto que uma oportunidade foi desperdiçada aqui, mas que eventualmente poderá ser bem usada em um novíssimo jogo.
Veredito - A verdade é que Alex Kidd in Miracle World DX foi feito pensando quase que exclusivamente em quem já é apaixonado pelo game, ele não consegue oferecer o suficiente para criar toda uma nova gama de fãs fora de seu estilo artístico maravilhoso. Muitos não vão gostar das partidas de jan ken pon (mesmo eu adorando), mas seria um sacrilégio não mantê-las. Resumindo: não é nada fácil fazer um remake de um título desse porte.
Se você já passou centenas de horas se divertindo com Alex Kidd no Master System, vai se sentir muito bem com este remake, mas se for a sua primeira vez nesta jornada, sugiro esperar por uma promoção bacaninha.
Análise feita com código cedido pela distribuidora
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