Blazing Chrome é muito mais do que nostalgia; Confira nossa análise
Vivemos um momento no mínimo curioso na videogamesfera. Enquanto grandes produtoras abandonam suas franquias mais antigas, as pequenas abraçam a causa e fazem o que os fãs nostálgicos tanto querem: novos jogos clássicos. E em alguns casos vão além e superam todas as expectativas, é hora de falar de um novo produto desse mercado: Blazing Chrome.
Em 1987, a então queridinha Konami criou uma franquia do gênero run and gun (correr e atirar) chamada Contra, que claramente é uma das inspirações de Blazing Chrome, um jogo desafiador e muito divertido que eu tive o imenso prazer de terminar recentemente.
Inspiração é o termo correto, não é cópia, é um jogo inteiramente novo com a alma dos clássicos e um detalhe muito legal: tem DNA nacional. Foi produzido pelo estúdio brasileiro Joymasher e publicado pela francesa The Arcade Crew.
Blazing Chrome grita qualidade. É muito fácil entrar na onda e chamá-lo de sucessor espiritual. Mas eu acho que isso seria uma grande injustiça, Blazing Chrome tem pedigree mais do que suficiente para se sustentar sozinho. É bem verdade que sem a referência de tantos clássicos como Contra, BattleToads e Ninja Gaiden do nintendinho, entre outros, talvez o jogo não existisse, porém o mérito de fazer tudo isso funcionar é todo dele.
São ao todo seis estágios recheados até o pescoço de muita ação, pixel art incrível, trilha sonora e efeitos especiais perfeitos e bastante dificuldade. Eu joguei Blazing Chrome por cerca de 7 horas e não vou negar que penei bastante e adorei cada minuto dele.
Quando o mundo é tomado por robôs controlados por uma inteligência artificial, somente Mavra ou Doyle podem salvá-lo. História clichê? Sim, deliciosamente clichê, mas tem mais nuances que você vai ter que jogar para descobrir. No modo normal você tem as escolha entre esses dois personagens, e as partidas começam com cinco vidas e continues infinitos. Mas não é moleza, o jogo pune mesmo. Qualquer coisa que encoste em você te mata e as vidas vão embora rapidinho. As fases têm de dois a três checkpoints de onde você recomeça quando acabam as vidas. Isso enquanto você persistir em jogar, se resolver parar para voltar mais tarde, vai ter que recomeçar o estágio todo de novo.
Blazing Chrome tem uma variedade de cenários e inimigos bem bacana, alternando inclusive a forma de jogar, seja correndo, pilotando mechas ou veículos e mudando até a perspectiva do jogo. Seu arsenal tem quatro variações de armas principais e mais alguns bots que vão te auxiliar com escudos, salto duplo e coisas do gênero. Morreu, perdeu tudo que estava usando e volta para o tiro comum. São muitos chefes e mini-chefes de fase, e você vai precisar de muita decoreba e paciência para seguir em frente. Além de atirar, você possui ataques de espada, poderosos mas que exigem o corpo a corpo e é bem fácil morrer assim. Com tanta variação, o jogo possibilita muitas estratégias diferentes e cabe a você encontrar a sua forma de jogar.
Não vou falar que Blazing Chrome é perfeito. Mas é muito próximo disso. Não vou nem dizer que tem defeitos, mas esse jogador veterano que escreve essa matéria sofreu um bocado para se acostumar com os controles. E diversas vezes senti que o personagem não respondia imediatamente aos comandos por ficar preso nos frames de animação. Especialmente na hora de abaixar, rolar para atirar e levantar, foram muitas vidas perdidas. Não vou me enganar, pode ser só ruindade de minha parte mesmo, ou ainda pode ser algo criado propositalmente para causar aquela sensação de que o jogo está sendo injusto e te sacaneando como ocorria nos clássicos.
Fato é que nada tira o mérito desse título incrível que é Blazing Chrome, feito por brasileiros, e que me rendeu horas de diversão e uma satisfação enorme de jogar. Me peguei em vários momentos xingando a tela como se fosse antigamente, e minha mulher perguntando de longe o que estava acontecendo. Blazing Chrome é um jogo muito bem feito e merece que você dê uma chance para ele.
Análise feita com código gentilmente cedido pela desenvolvedora.
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