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Campanha no Kickstarter do Coleco Chameleon é adiada em meio a mais polêmica

Edson Godoy | 03/03/2016 12:00
Campanha no Kickstarter do Coleco Chameleon é adiada em meio a mais polêmica

Já virou novela! Um projeto bastante promissor, que deixou muitos retrogamers animados com a possibilidade de ter nos dias atuais um console a base de cartucho, carregado de nostalgia e com jogos novos, feitos exclusivamente para ele, fica cada vez mais envolto em polêmicas. Nas duas matérias (link 1 e link 2) falamos bastante sobre o projeto e como ele seria implementado.

Mas o que parecia promissor, acabou ganhando fortes indícios de ser uma fraude, como noticiamos na última quinta-feira. Em resumo, o console que no ano passado chamava-se Retro VGS teve iniciada uma campanha de financiamento coletivo no site Indiegogo. O motivo da escolha por esse site foi simples: ele não exige um protótipo funcional para ser utilizado. A campanha fracassou em meio a severas críticas de que sem um protótipo, seria quase impossível atingir a soma desejada (que chegava a quase dois milhões de dólares!).

Então para revitalizar o projeto, a Retro Video Game Systems, criadora do console, fez parceria com a marca Coleco, tradicional criadora de consoles na década de 80, e mudou o nome do console para Coleco Chameleon, fazendo alguns pequenos ajustes no projeto e prometendo que abriria o financiamento coletivo no Kickstarter apresentando um protótipo funcional do console durante a Toy Fair New York 2016, ocorrida há duas semanas. Veio a feira, ocorreu a apresentação do protótipo. Com as fotos e vídeos divulgados pela empresa (já que o evento era fechado ao grande público), começaram as especulações de que o protótipo era na verdade uma fraude. As evidências eram fortes, o que criou uma grande discussão na internet a respeito (para mais detalhes, veja a matéria de quinta-feira passada.

O que possivelmente aconteceu na Toy Fair New York: uma placa de Super Nintendo baby dentro de uma case de Atari Jaguar.
O que possivelmente aconteceu na Toy Fair New York: uma placa de Super Nintendo baby dentro de uma case de Atari Jaguar.

A campanha no Kickstarter estava com data inicial de 26 de fevereiro, última sexta-feira. Chegado o dia, nada da campanha se iniciar. Eis que na noite desse mesmo dia, a empresa anuncia via Facebook que a campanha seria adiada para alguns ajustes que visavam otimizar o protótipo. Junto com esse anúncio, foram mostradas fotos do console com carcaça translúcida, o que possibilitava ver (de forma não muito nítida) a placa e seus componentes. Eis que os gamers, já ressabiados com o “quase” novo console, começaram a analisar as imagens mostradas. Então um jornalista da área, Frank Cifaldi, anunciou no Twitter que a placa mostrada nas fotos nada mais era que uma antiga placa de captura de imagem, tipo PCI.

Obviamente essa constatação deixou a comunidade retrogamer mundial em polvorosa. Para complicar ainda mais, a Retro VGS retirou de sua página no Facebook justamente a foto utilizada para realizar a referida constatação, passando aos gamers praticamente um atestado de que, mais uma vez, ela tinha se utilizado de uma fraude para atingir seus objetivos.

Mas essa novela parece longe de acabar: ainda ontem, Brian Thomas Barnhart, dono de um canal de mesmo nome no YouTube e que seria responsável por criar o vídeo que seria utilizado na campanha do Kickstarter para o Coleco Chameleon, veio a público e expôs alguns fatos que comprometeram ainda mais o projeto. Brian contou que o projeto inicial do vídeo era filmar uma espécie de comercial onde apareceriam vários adultos e crianças jogando o protótipo do Chamaleon. Isso foi abortado por solicitação de Mike Kennedy, CEO da Retro VGS Inc. Brian então insistiu que faria o vídeo apenas se um protótipo funcional fosse apresentado, inclusive disponibilizou o seu canal no YouTube para que Mike viesse a público e mostrasse o console funcionando, o que praticamente acabaria com toda a polêmica.

A comparação entre a placa de captura de vídeo e a placa mostrada dentro do Coleco Chameleon. Idênticas!
A comparação entre a placa de captura de vídeo e a placa mostrada dentro do Coleco Chameleon. Idênticas!

Apesar desses apelos, Mike insistia em mostrar apenas um vídeo com imagens do console rodando (sem mostrar o hardware), com uma narração sua (que inclusive foi lida no vídeo em que Brian postou no YouTube, que está no final desta matéria). Diante de todos esses problemas e da má-fama que o projeto pegou com toda a comunidade retrogamer no mundo, acredita-se que dificilmente veremos essa campanha ser iniciada e muito menos o lançamento do Coleco Chameleon, que para todos os efeitos está anunciada para o período de festas de fim de ano de 2016.

Como já dissemos aqui antes, talvez as pessoas envolvidas no projeto até fossem bem-intencionadas, com vontade de fato de criar um videogame como o anunciado. Porém, sem dúvida alguma, as práticas utilizadas por Mike Kennedy e sua equipe para atingir esse objetivo foram por demais desvirtuadas, para não dizer coisa pior. Esperamos que a empresa venha a público, ou para desmentir – com provas cabais de que estão falando a verdade, ou para confirmar as suspeitas de todos, de que até o presente momento o projeto não passou de um sonho, que acabou se tornando uma farsa.

A coluna de games do Lado B tem o apoio da loja Press Start, localizada no Shopping Bosque dos Ipês, aqui em nossa capital. Não deixe também de visitar meu site, o Vídeo Game Data Base.

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