Conheça o Vectrex, arcade caseiro com gráficos vetoriais que apareceu em 1982
Em 1982 chegava ao mercado o Vectrex. Criado pela GCE (General Consumer Electric), que mais tarde seria comprada pela Milton Bradley (criadora do primeiro portátil do mundo, o Microvision), o Vectrex foi um console inovador e cheio de características únicas, entre elas o fato de ter o monitor incorporado no console, formando uma única peça “videogame e TV”, fato determinante em uma época que as famílias só tinham uma única TV na casa.
Além disso, como o próprio nome sugere, ele usava gráficos vetoriais, sistema de imagem que proporciona uma resposta muito mais rápida e precisa que as TV´s de tubo da época: enquanto uma TV normal CRT tem que preencher a tela toda para fazer qualquer tipo de desenho, o vetor emite os “pontos” na tela em qualquer posição, sem necessidade de preencher a tela toda, fazendo com que a “resposta” de imagem seja muito mais rápida e os gráficos fiquem muito melhores, com profundidade 3D e com mais definição que os consoles da época principalmente.
Foram lançados para ele pouco mais de 30 jogos, entre eles algumas conversões muito boas dos arcades como Berzerk, Pole Position, Scramble e Space Wars. Um dos programadores mais talentosos do console é John Dondzila e pelo fato de poucos jogos terem sido lançados, o cenário homebrew do Vectrex é muito forte, com cartuchos de multi-jogos muito populares e obrigatórios para qualquer dono desse aparelho. Esses cartuchos são muito famosos e produzidos por Sean kelly, muito vendidos até hoje no ebay e foram feitos inclusive no Brasil, sendo um deles produzidos pelo Hamilton da Hwgames.
Pelo fato de seu monitor vetorial ser monocromático, os jogos do Vectrex vinham com uma película de plástico, um filtro colorido chamado Overlay, quer era usado para dar cor aos jogos e inclusive montar cenários fixos. Essa artimanha era usada nas TV’s preto e brancas nos anos 70 para disfarçar a falta de cor. Todos os jogos originais vinham com overlay, inclusive alguns homebrews mais caprichados vinham com overlay também, mesmo não sendo oficiais. Outra peculiaridade do Vectrex era o seu joystick, ele era analógico (um dos primeiros do mundo ) e tinha 4 botões de ação. Hoje em dia é raríssimo encontrar um controle extra do Vectrex no mercado.
Saíram 2 acessórios super interessantes para o console: um deles é a Light Pen, uma caneta que você ligava ao console e podia desenhar na tela e interagir fazendo suas obras de arte, animar suas próprias criações que poderiam ser desde figuras geométricas até desenhos mais elaborados ou até compor suas próprias músicas; e o Gerador de Imagens 3D, um óculos que tinha um película colorida que ficava girando, dando efeito 3D e ilusão de cor aos jogos, algo realmente incrível para o começo da década de 80.
O Vectrexfoi lançado no mercado por U$ 199,00 e mesmo sendo um videogame muito interessante teve uma vida curta, sendo descontinuado em 1984 devido ao Crash dos videogames em 83 e a chegada do NES e outros consoles. Mas o cenário homebrew continuou muito forte e até hoje existem fãs e programadores que fazem algumas “brincadeiras” com o console, inclusive em 2015 chegaram a fazer um cenário de fase do jogo Doom rodar no Vectrex, ou seja, ele ainda é cultuado e admirado por fãs, inclusive por esse que voz escreve.
Ele não chegou a vir para o Brasil oficialmente e não me recordo de notícias nas revistas nacionais na época do seu lançamento, eu só tive contato com o Vectrex em 2000 depois que comecei a colecionar e foi amor à primeira vista: a imagem, a profundidade dos gráficos, o controle e o uso de “cenários coloridos” me impressionaram e imediatamente comecei a procurar nos sites gringos, hoje ele é um dos xodós da minha coleção.