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Games

Em 2009, a Tectoy tentava recuperar o protagonismo nos videogames com o Zeebo

Edson Godoy | 13/04/2017 08:48
Em 2009, a Tectoy tentava recuperar o protagonismo nos videogames com o Zeebo

No capítulo anterior do nosso especial “História dos Videogames”, falamos sobre o Hyperscan, um obscuro console que tinha como principal novidade a utilização de cards colecionáveis que adicionavam conteúdo extra em seus jogos, semelhante ao que os amiibos fazem hoje em dia nos consoles da Nintendo. Nesse período os consoles da sétima geração começavam a chegar: Xbox 360 e PlayStation 3 travariam uma bela disputa pela liderança do mercado. Mas a empresa brasileira Tectoy vislumbrou uma oportunidade em um nicho de mercado que não era representando por esses dois grandes consoles: o de pessoas com renda menor e que não conseguiam ou podiam ter acesso aos videogames. Nascia assim o Zeebo.

Seu desenvolvimento começou em 2007, através das ideias de Reinaldo Normand, na época chefe da Tectoy Digital, a softhouse da Tectoy responsável pela criação de jogos para celular, mercado que ganhava cada vez mais popularidade. A ideia era criar um console voltado aos mercados emergentes como Brasil e México, com um console projetado do zero, algo que a Tectoy jamais havia feito até então. À medida que o projeto foi avançando, ficou claro que a Tectoy não teria o aporte financeiro necessário para criar o console. Além disso, era necessário também encontrar um parceiro tecnológico, que fornecesse a os principais componentes (como os processadores) e também o sistema de programação.

Após estudos e sondagens, entra no negócio a Qualcomm, grande empresa norte-americana do ramo de telecomunicações, que viu no Zeebo a chance de entrar no ramo dos videogames. Seu processador era poderoso e seu sistema de programação, o Brew, tinha como principais vantagens “a solução antipirataria e a funcionalidade de loja virtual, que facilitaria a venda de jogos”, palavras do próprio Normand, em entrevista feita pelo Uol Jogos em 27/05/2014. Foi então criada a Zeebo Inc., formalizando a parceria empresarial entre as duas empresas, com a finalidade de lançar o console em diversos países emergentes pelo mundo.

Em 2009, a Tectoy tentava recuperar o protagonismo nos videogames com o Zeebo

A premissa do Zeebo era ter um hardware que custasse pouco, com jogos igualmente baratos e que fossem transmitidos via rede 3G ou Edge, ou seja, sem utilização de mídias como cartuchos e/ou cartões de memória. Em primeiro de junho de 2009 chegava ao mercado brasileiro o Zeebo, pelo valor de 499 reais. Esse valor era mais do que o preço do PlayStation 2 existente no mercado cinza (vendido informalmente, fruto de contrabando). A lista de jogos inicias tinha nomes de peso: FIFA 09,  Need for Speed Carbon: Own the City e Brain Challenge (Treino Cerebral), além de três jogos gratuitos que poderiam ser baixados da rede do Zeebo: Prey Evil, Zeebo Extreme Rolimã e Zeebo Extreme Jetboard.

As comparações com o PlayStation 2 foram imediatas, pois o Zeebo, apesar de pertencer à geração seguinte ao do PS2, apresentava qualidade inferior em seus jogos, principalmente quando se comparavam jogos lançados para os dois consoles, como Resident Evil 4, FIFA 09 e Need for Speed. Estes últimos aliás, foram portados da versão de PSP, que possui um hardware mais próximo às capacidades do PlayStation 2, mas os ports ficaram muito aquém às versões do portátil da Sony. As pessoas sentiram que valia mais à pena investir no PlayStation 2, que além de possuir jogos melhores, ainda tinha a pirataria de forma totalmente disseminada por aqui, o que tornaria seus jogos mais baratos que os digitais vendidos na loja online do Zeebo.

Uma das razões pelo fraco desempenho do console está no próprio processador e respectivo sistema de programação da Qualcomm, que eram feitos para o mercado de celulares e não foram pensados para jogos. Na mesma entrevista mencionada do Uol Jogos, André Penha, um dos coordenadores de produção e adaptação de jogos para o Zeebo, disse que “o sistema operacional era feito para um telefone celular por conta do BREW, com um monte de funcionalidades inúteis para o Zeebo”. Isso aumentava a dificuldade em adaptar jogos para o console, aumentando também os custos de produção.

Diante das baixas vendas, em setembro do mesmo ano o console baixou para 399 reais e em novembro para 299 reais. Em setembro de 2010 a Tectoy decidiu mudar o foco do marketing do console, focando mais na parte educacional e nas capacidades de conexão com a internet, incluindo no pacote do console um teclado e um controle redesenhado. Isso não foi suficiente para alavancar as vendas, o que levou a empresa a anunciar em 27 de maio de 2011 o fim das operações do console, com cerca de 55 jogos lançados em seu curto período de vida.

Essa mesma data também marcou o fim do console no México, outro país em que o Zeebo foi lançado, onde foi desde o início comercializado como um videogame voltado para fins educativos, o que lhe trouxe um pouco mais sorte no mercado sem, porém, mudar o seu destino final. A China também chegou a receber o lançamento do console em 2011, já no finalzinho de sua vida.

Em 2012 a Zeebo Inc. chegou a anunciar que estava trabalhando em um console de nova geração baseado na tecnologia Android, já em alta naquele tempo. Porém esse console jamais chegou a ser lançado. Hoje o Zeebo virou peça de colecionador e geralmente é encontrado com poucos jogos, já que desde o final da sua vida útil não é mais possível adquirir jogos através da rede Zeebonet.

E assim encerramos mais um capítulo do nosso especial sobre a história do videogame. E assim encerramos a linha cronológica de consoles. Mas não pense que nosso especial acaba aqui. Existem muitos outros aparelhos dos quais ainda não falamos... Aqueles mais obscuros, cheios de detalhes e curiosidades que atiçam a nossa imaginação e nossa nostalgia. Então fiquem sempre ligados aqui no Lado B e no Vídeo Game Data Base, o museu virtual brasileiro dos videogames.

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