Entenda mais sobre o sucesso do Game e Watch da Nintendo
Mini-game? Que nada! Com as ideias sensacionais de Gunpei Yokoi, em 1980 a Nintendo deu o seu primeiro passo em direção ao domínio mundial dos videogames portáteis. Mal sabia ela que mesmo décadas após isso ela continuaria mandando geral nas vendas e deixando toda a concorrência comendo poeira que sobram em cima de seus consoles. O mais bacaninha é que tudo começou com um carinha sem nome em aventuras monocromáticas.
Um mundo de ideias - Gunpei Yokoi foi um dos principais nomes da Nintendo. O cara inventou tanta coisa boa e deixou um legado tão importante que seria pequeno colocá-lo em apenas um pedaço da história. Ele começou a trabalhar na casa do Mario em 1965, como um modesto engenheiro de linha de produção. Após um tempo, Yokoi criou um brinquedo que acreditava ser essencial na diversão da criançada: um tipo de braço que se estendia para alcançar coisas a distância. Isso ganhou o nome de Ultra Hand, e foi um sucesso.
É claro que a partir daí ele passou a agregar novas funções e muitas novas responsabilidades. Yokoi, basicamente, se transformou no principal nome para as ideias da Big N, por isso o cara mergulhou com todas as forças no mundo da criação. Dele vieram novidades como um mini-aspirador de pó por controle-remoto chamado Chiritory, um aparelho para testar o amor das pessoas chamado de Love Tester, e até mesmo uma máquina que lançava bolas de beisebol chamada de Ultra Machine. Gunpei foi, também, um dos primeiros nomes na produção e desenvolvimento de games quando a Nintendo mudou de ramo em 1974, ao seu lado estava Genyo Takeda.
O grande lance de mudança ocorreu certa vez, quando Yokoi estava a caminho de casa no trem bala, e como sempre fazia, prestava atenção em tudo ao seu redor. Ele dizia que todas as boas ideias estavam no ar, nós só precisávamos focar e pegá-las nos momentos certos. Foi deste jeito que ele reparou em um homem de terno tentando passar o tempo brincando com sua calculadora com tela de LCD. Neste momento, Gunpei pensou em como seria interessante termos um relógio de pulso com algum tipo de joguinho para uma diversão rápida. Após algumas tentativas e modelos sem muita empolgação, finalmente o tiozinho acertou em cheio com um novo produto que exalava carisma. assim nasceu o Game & Watch. Sua premissa principal era algo que futuramente ecoaria por toda a Nintendo (o Wii que o diga): um produto barato para fazer com que o jogador se divirta sem pensar em tecnicalidades como potência ou concorrência.
Este pensamento foi chamado de “pensamento lateral de tecnologia existente” que consistia de um ponto simples: trabalhar com uma tecnologia já previamente conhecida por toda uma indústria, mas de forma inovadora. Assim, como as telas de LCD estavam extremamente baratas e todos sabiam como manuseá-las, o foco do novo produto deveria ser a implementação de uma maneira de utilizar essas telas e agradar o consumidor sem se preocupar diretamente com a tecnologia mais forte da época.
Nasce o Game & Watch - Após vários testes, em 1980 foi lançado o primeiro game portátil que trazia o nome da série Game & Watch. O joguinho da vez chamava-se Ball. Um sucesso sem precedentes onde o personagem sem nome precisava garantir que as bolas que jogava no ar não caiam no chão, o primeiro malabarista do mundo dos games. Mesmo não sendo o maior sucesso do portátil, suas vendas próximas de 250 mil unidades garantiram que mais versões do G&W fossem lançadas, o que nos trouxe até o New 3DS e, por que não, o Switch?! Então, homenageie o malabarista, hein.
Com o sucesso inicial de Ball, Yokoi e a Nintendo perceberam o mercado que tinham em mãos. A partir daí, o mestre passou a prestar ainda mais atenção em tudo ao seu redor atrás de ideias para novas versões de G&W. Assim nasceram Flagman (onde temos que usar bandeiras para marcar pontos), Fire (onde somos dois bombeiros tentando salvar a vida de pessoas que pulam de prédios em chamas), Manhole (um game que precisamos salvar os pedestres tampando as saídas de esgoto), e muitos outros. A maioria trazia duas opções de jogo o Game A e o Game B, sendo o primeiro mais clássico e o segundo uma versão mais difícil e rápida. Nesta trajetória vencedora, foram lançados 59 títulos diferentes, alguns até de crias da casa como Mario e Zelda.
Um dos pontos mais importantes, no entanto, veio com o todo poderoso Donkey Kong. Para adaptar a aventura do gorilão dos arcades para a tela de LCD, Yokoi viu que precisava dar ao jogador mais precisão, algo que os botões de esquerda e direita do G&W não seriam o suficiente. Deste jeito, nasceu o D-pad, o direcional em cruz que tanto amamos hoje em dia. A necessidade junto da criatividade trazem muita coisa boa.
Por todos os seus anos nas lojas nesta indústria vital, o Game & Watch deu para a Nintendo um lucro e uma visibilidade sem precedentes. Um dos motivos pode parecer banal hoje em dia, porém ao adicionar um relógio digital em cada um dos consoles, a Big N garantiu a utilidade que sobressaía ao joguinho, o que aumentou drasticamente as vendas. Por isso o nome Game & Watch (essa última palavra em inglês pode ser usada como relógio de pulso). Essa junção de ideias está no sangue da Nintendo até nos dias de hoje, ao se esforçar para ser o mais conveniente possível para seus clientes.
Mr. Game & Watch - Em 1991 o canto do cisne soou para o Game & Watch. Nessa época o NES já estava nas lojas e o Game Boy pronto para nascer. Assim, a Nintendo lançou o último console, uma homenagem para com o primeiro título. “Mario, the juggler” trazia a mesma mecânica de Bal, o game que tudo começou. Felizmente o nome não morreu por aí, quando Super Smash Bros. Melee foi lançado para o Gamecube, um dos personagens secretos era aquele carinha que tanto alegrou a galera em toda a sua forma. O melhor de tudo é que ele finalmente ganhou um nome que faz jus a todo o seu legado: Mr. Game & Watch.
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