Amigas unem gosto pela cerveja com vontade de fazer e criam a Marias Cervejeiras
Três amigas, três Marias. Da brincadeira de se chamarem assim que elas criaram o Marias Cervejeiras. Marjorie, Sheila e Dani começaram a produzir cervejas em 2015 e hoje até curso elas já realizam. Duas delas são formadas em Química e a outra é advogada, mas pegou carona na paixão por inventar produtos a partir da soma de elementos.
Marjorie e Dani se conheceram ainda na faculdade de Química, na Capital. Depois de se formar, Marjorie foi trabalhar numa fábrica de cerveja. Neste meio tempo, Sheila, a advogada entrou no círculo de amigos que produziam a bebida e as três encontraram na mesma brincadeira, um hobby.
"A gente já tinha esse apelido no grupo, de uma ir chamando a outra de Maria", explica Marjorie Maximovitch, de 29 anos, sobre o nome do trio.
A bebida sempre foi apreciada pelo grupo, embora de início o paladar estivesse acostumado às marcas comerciais. Quando o mercado cresceu e os rótulos artesanais começaram a aparecer, Marjorie começou a se aventurar nas "diferentes".
"Na fábrica eu tinha que ver a receita e verificar os diferentes tipos de estilo. Aí comecei a tomar artesanal até mesmo para fabricar aquilo que a gente gosta de tomar", conta Marjorie.
Dani, a outra química do grupo, trocou Campo Grande por São Carlos para o doutorado, mas participa ativamente da produção quando está na Capital. "Eu sempre gostei de cerveja, ainda mais por Campo Grande ser uma cidade tão quente e todo mundo que começa uma graduação, vai tomar cerveja com os amigos nos bares", relaciona Daniely Ferreira de Queiroz, de 28 anos.
Mas foi só quando se mudou para São Paulo que teve contato com as cervejarias artesanais. Depois, surgiu a oportunidade dela dar consultoria na mesma fábrica onde Marjorie trabalhava, o que aumentou ainda mais o interesse das duas. "Eu tive a ideia da gente comprar o equipamento para fazer em casa. A Marjorie topou e a gente fez a primeira receita, que não ficou muito boa", lembra.
Dali em diante, as duas passaram a estudar e fazer cursos especializados e na hora de colocar em prática, iam para as panelas. "E de um hobby, até porque nós somos químicas e temos a vontade de fazer experimentos, hoje em dia virou profissão".
Advogada, Sheila Ribeiro da Silva, de 31 anos, foi a última a entrar no grupo e é quem cede a sala de um espaço que ela aluga para festas para montar toda aparelhagem da cervejaria. "Logo que a gente começou a produzir, fizemos como todo cervejeiro, fazíamos só IPA", conta. Hoje a variação está maior e alcança até estilos como Stout e Red Ale.
"Vai muito da criatividade, quem elabora mais é a Marjorie e a Dani, mas cerveja é algo que dá para você brincar legal. Nos perguntamos: 'o que você acha disso?' Ainda quero fazer uma de carambola", exemplifica Sheila.
Nome específico para as cervejas, elas ainda não tem e o que sai mesmo no boca a boca é o "Marias Cervejeiras". A primeira a ser produzida foi uma Pilsen, mas hoje elas já embarcam em diferentes estilos. A produção também vem alcançando apreciadores. "Começou o interesse dos amigos: 'a filha do meu vizinho vai nascer, queria fazer uma cerveja'. 'Outro pede uma IPA para o aniversário'" e assim vai, exemplifica Marjorie.
O grupo tem uma certa preferência pelas IPA (Indian Pale Ale) e está fazendo também algumas belgas para variar. "Nossa produção é caseira, não visa lucro, nem vender nada. É para consumo próprio", ressalta Marjorie.
No entanto, as meninas têm focado e muito na qualificação. Fazem cursos e workshops e até montaram a própria escola de educação em cerveja, a Escola Se7e. "A gente quer atuar um pouco nessa área e estamos tentando acertar uma receita com uma cervejaria. Alguém que tenha e a gente possa produzir a cerveja com a nossa marca e num futuro, comercializá-la", adianta Marjorie.
Sobre o que é ser Maria Cervejeira, Sheila brinca que chega até ser engraçado, porque são poucas as mulheres dentro deste segmento. "Não é um ramo que tenha mulheres e a gente decidiu entrar nessa, sem saber muito bem como seria a aceitação. É um diferencial a inclusão da mulherada no ramo cervejeiro", avalia a advogada.
Dani já enxerga como gradativa a inserção das mulheres no mercado, tanto na produção, quanto como sommeliers. "Abraçar essa causa vai trazer mais as Marias, de todos os cantos do Brasil e, inseri-las no mercado e nos cursos. É muito interessante mostrar que mulher também faz, também bebe e também entende de cerveja", ressalta.
Para informações de cursos, acompanhe a página da Escola Se7e, onde as Marias são cervejeiras mestres.
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