Bolachas de Natal são mais esperadas que Papai Noel na família de dona Ivane
Cobertas de suspiro, doce vira brinquedo nas mãos dos netos que "colorem" com granulado
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Na última terça-feira, dois dos cinco netos de dona Ivane subiram correndo as escadas assim que receberam a notícia pela mãe: a avó vai fazer as bolachas. Receita de família, passada de geração em geração, não tem Papai Noel que tire o prestígio delas nesta época do ano. Para os Mossini, a diversão natalina começa quando a mesa fica cheia de massa pronta para ser colorida.
Dona Ivane, que toca a receita com os netos aqui em Campo Grande, tem 60 anos é catarinense e aprendeu com a mãe, Orundina, já falecida. "Desde os 6 anos de idade eu faço. Subia em cima de uma cadeira, a gente era em muito irmão e cada um tinha uma função. A minha era cobrir as bolachas", volta ao passado.
A bolacha é coberta com suspiro branco, a base para que a criançada vá colorindo com granulado e brincando com os símbolos das festas. "Eu fiz essa antes de ontem, aí coloco nas latas e mando para a casa dos filhos. Minha neta que estuda no Rio de Janeiro já ligou perguntando: 'vó e as bolachas?'", conta.
Modo de fazer - Para cada 3 quilos de farinha, dona Ivane usa 10 ovos, uma lata de leite ninho, três copos de leite, quatro de açúcar e três pacotinhos de sal amoníaco. A primeira coisa é colocar na bacia a farinha, os ovos e três colheres de manteiga.
Depois de misturar tudo, acrescente leite ninho e três potes de nata, mais o açúcar, o sal amoníaco e por fim, uma pitadinha de sal.
"Sovo bem a massa, deixo descansar 15 minutos, sovo de novo e vai fazendo e colocando no forno", explica a dona da receita. As formas são feitas no copo mesmo e aí entra a criatividade da criançada.
Coberto de suspiro, depois de sair do forno, eles podem colorir como quiserem. "Aqui meu netinho fez falando que é a gravatinha do Papai Noel e os pinheirinhos", mostra.
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Filha de Ivane, a fisioterapeuta Cinthia Mossini, tem 36 anos e desde que nasceu sabe da tradição. "A gente era pequena e já fazia. Eu sinto uma satisfação de ver meus filhos ali, é como se eu tivesse me vendo, na minha infância", expressa.
E se a mãe se sente assim, imagina a avó?
"O que é esta receita? Aqui tem a minha infância. Lembro dos meus pais, quando a gente se preparava para o Natal e era muito feliz", recorda Ivane.
Para as gerações de agora, ela acredita que as bolachas já estão ligadas ao Papai Noel, presentes e a alegria ao redor da mesa na ceia.
"Me sinto muito feliz de saber que posso trazer uma coisa da minha infância para eles e que eu tenho certeza que será dada sequência. E sabe? Ainda tem o mesmo gosto da infância", afirma.
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