Cláudio e Anderson abandonaram profissão para vender saltenhas até de jaca
Cláudio é ex-bancário e Anderson engenheiro que trabalhava na área industrial do gás e petróleo
O "sufoco" da crise entre 2014 e 2016, os riscos de falência de muitas empresas e até mesmo a vontade de virar a página fizeram muita gente se arriscar em novas áreas. Cláudio e Anderson trocaram de ramo da água para o vinho e hoje vendem saltenhas em um espaço do Centro. Para inovar e não ser apenas mais um comércio do pastel assado boliviano investiram em recheios diferentes, como carne moída, carne seca e até carne de jaca, uma opção vegetariana.
O espaço localizado na Travessa Eva, 50, na Vila Glória reabriu há oito meses. A estrutura era de um boliviano e foi vendida para a dupla de amigos. A receita da saltenha tradicional com frango veio com a compra do ponto e o consumidor que vai até o local encontra deliciosas opções a partir de R$ 5.
Assim como o sarravulho - caldo feito de miúdos - a saltenha com carne moída é bastante consumida em Corumbá, cidade que faz fronteira com Puerto Quijarro, na Bolívia.
“A avó da minha esposa é corumbaense e fazia saltenha de carne moída. Eu conheci a saltenha de carne moída através dela. Como também tenho familiares vegetarianos, a ideia sempre foi produzir algo nas opções. A gente quis sair um pouco do tradicional. Começamos com a de carne de sol. Já na primeira receita houve uma boa aceitação", diz Anderson.
Sobre a carne de jaca, o sócio Cláudio explica que a cada nova ideia o custo também sobe. “Inovamos para agradar o público que não gosta de frango. Disponibilizamos mais que o dobro do investimento para incluir a de carne seca e depois a de carne moída. O primeiro teste com carne de jaca deu certo, a primeira carne ganhamos pronta, depois o Anderson foi atrás da jaca verde para produzirmos a nossa”, pontua Cláudio.
"Eu trabalhei um tempo como representante comercial de marcas funcionais, era muito envolvido com esse público e já tinha em mente tentar a receita. Até que veio uma tia da minha esposa que cedeu um pouco de carne para testar. Depois começamos a fazer a nossa e é incrível como não fica nenhum gosto da fruta”, completa Anderson.
Por que vender saltenha? Foram seis meses de estudo e levantamento de custos até a reinauguração. Os amigos buscaram outros ramos para investir, mas nenhum foi viável. O Empório foi a terceira opção de investimento.
O curitibano Anderson Eckelberg, de 38 anos, conta que era da área industrial [petróleo e do gás]. Com a crise energética, o engenheiro decidiu se desligar da empresa.
“Minha esposa, que é daqui, também já queria vir e surgiu uma oportunidade dela prestar um concurso para UFMS. Assim que ela passou a gente veio. Lá em Curitiba eu já tinha ideia de abrir algo na área de alimentação. Aqui em Campo Grande comecei a representar algumas marcas de alimentos funcionais e nessa representação conheci muitos logísticas, inclusive o ex-dono da Empório”, conta.
O goianiense Cláudio Figueiredo da Rocha, 43 anos, foi bancário por dez anos e desde 2017 tentava se reencontrar. “Eu passei esse período procurando algo para trabalhar. Eu conheci Anderson, um ano antes da abertura do Empório. Por morarmos no mesmo condomínio e na mesma torre a gente se encontrava frequentemente até conversarmos sobre que nós dois estávamos procurando”, conta Daniel.
Ele lembra que havia recebido uma promoção, mas devido a crise do país entre 2014 e 2016 saiu do banco. “Já estava na hora de virar a chave e assim virou. Não tive vontade de voltar a Goiânia, porque vi oportunidade e minha família estava estruturada aqui e como vi mais qualidade de vida decidi ficar. Hoje estamos aqui acreditando no negócio e na região”, pontua Daniel.
O Lado B provou as saltenhas. Bem recheada, a massa é crocante e personalizada. Na borda é possível ver o “ES” do Empório da Saltenha. “Achamos que foi uma forma de garantir a qualidade e claro ter um feed back”, pontua Cláudio.
O Empório da Saltenha funciona de segunda a sábado das 7h às 19h. O espaço faz entregas em toda a Campo Grande e fica na Travessa Eva, no Centro.