Cultivo iniciou no quarto e gosto por shimeji é tanto que casal ampliou produção
Thiago Sandim é empresário e morou no exterior por um tempo, onde se acostumou a comer cogumelos e resolveu apostar
A produção que começou tímida ganhou proporção que eles nunca imaginaram. Numa chácara para os lados de Rochedinho que o casal Camila Brito e Thiago Sandim investiu no cultivo depois de perceber a escassez do ingrediente no mercado. Empresário, ele já morou no exterior por um tempo, onde trabalhou num restaurante italiano que costumava ter a opção no cardápio. “Era normal e eu comia bastante”, lembra.
Tudo começou em 2017, quando receberam a visita de uma amiga em casa. “Ela é japonesa e queria fazer sukiyaki, que é um yakisoba sem macarrão e leva cogumelos”, conta. Para agradar a amiga, o casal foi ao mercado em busca do produto, porém teve dificuldades em escolher devido a pouca quantidade. “Também era muito caro e não estavam bonitos, mas compramos mesmo assim. Depois surgiu a curiosidade de como é a produção dos cogumelos”, recorda.
Eles fizeram uma pesquisa rápida na internet e viram vídeos que ensinavam a fazer o cultivo. “Buscamos informações sobre luminosidade, umidade, temperatura, depois pegamos serragens de madeira, feno e realizamos o teste. No quarto tinha uma salinha, onde colocamos os cogumelos”.
Para manter a temperatura, Thiago fez um ar condicionado caseiro. “Cortei isopor, peguei cooler de computador e coloquei um ventilador”, explica ele sobre a gambiarra que usou para fazer facilitar a ventilação no local. A produção artesanal deu certo, os cogumelos frutificaram e o resultado fez com que os dois quisessem continuar as produções.
Na época, Thiago era proprietário de uma loja de decoração, enquanto Camila trabalhava com produção de cosméticos artesanais. No mesmo ano eles decidiram apostar na ideia e venderam os carros que tinham para investir num curso profissionalizante em São Paulo.
“Chegando lá, foi um choque de realidade, porque o buraco era mais embaixo. É tudo profissional, de produzir em grande escala para atender o mercado. O dinheiro dos carros não era suficiente, porém estávamos determinados em continuar com o projeto”, comenta ele.
Foi então que Thiago conversou com seu pai já aposentado, Nicolau dos Santos, que é dono da chácara onde é feito o cultivo dos cogumelos. Ele acreditou na ideia, cedeu o espaço e ainda resolveu entrar com investimento. No mesmo período, Camila também falou com sua mãe, Vera Lúcia Atanásio que ajudou com mais recurso financeiro.
“Juntamos forças, eles com o dinheiro e a gente com a mão de obra. Trouxemos um consultor conceituado para avaliar a chácara e compramos o projeto e os equipamentos. Entretanto, no início de 2018 a máquina que veio de São Paulo estragou”, recorda o esposo.
A situação gerou estresse, mas os sócios estavam determinados e foi Nicolau quem conseguiu consertar a máquina lendo o manual, em inglês. Já neste ano, eles resolveram iniciar o cultivo com mil quilos de cogumelos e Thiago explica como funciona a produção. “São 45 dias até frutificar. No processo há compostagem, que dura em média 15 a 20 dias, depois o cultivo descansa por mais 20 dias”.
Os primeiros frutos surgiram no dia 8 deste mês. “Nasce como se fosse uma esponjinha pequena e depois saem os talos dos cogumelos. Desse momento até a colheita dura em torno de três a quatro horas, e tem que ser rápido, porque o tempo perecível é de dez dias”.
Em uma semana de produção, eles colheram cerca de 100 quilos para vender. “Estamos impressionados com a rapidez do negócio e a quantidade de pessoas que encomendam. Ficamos felizes porque deu certo”, destaca.
Diferente do champignon, que precisa manter em 14°C e é mais esponjoso, o shimeji é mais resistente ao calor, suporta até 25 °C e tem a textura mais borrachenta. É um produto sensível, porém traz vários benefícios à saúde. “Tem bastante proteína, quase não tem gordura. Enquanto um bife tem 30% o shimeji tem 1%. É bom para diabetes, pois controla o açúcar no corpo, ajuda quem tem hepatite, doenças cardiovasculares, Alzheimer, câncer e ainda possui ácido fólico que é bom para gestantes”.
“É um produto para ser consumido fresco, mas uma coisa que dá para fazer dele é a farinha ou compota com azeite que dura mais tempo. Temos ideia de mais pra frente fazer hambúrguer e misturar com carne ou grão-de-bico, aí podemos congelar”, diz Thiago.
A colheita desse mês é apenas um teste para continuar a produção em grande escala em 2020. “É para analisar nossos pontos fortes e fracos. Teremos um novo ciclo no próximo ano e futuramente queremos ter uma equipe maior”.
Para entrar em contato com a “Mato Fértil”, ligue: (67) 9 9906-0236 ou 8182-2585.
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