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Sabor

Da mesa com guarda-sol ao trailer, San faz sucesso com prato feito por R$5

Santina começou com uma mesinha na rua, mas conquistou a clientela vendendo refeição barata e agora sonha ter um restaurante

Alana Portela | 08/10/2019 09:54
Santina Pereira dos Santos preparando um ovo frito para servir no almoço (Foto: Alana Portela)
Santina Pereira dos Santos preparando um ovo frito para servir no almoço (Foto: Alana Portela)

Santina Pereira dos Santos começou como a maioria, com muita disposição e quase nenhuma estrutura. Hoje, faz sucesso vendendo prato feito por R$5,00, em Campo Grande. “Não ganho muito, mas sou feliz e dá para pagar as continhas. Se pudesse, venderia por menos. Meu sonho é abrir um restaurante para caprichar mais e não deixar ninguém sair com fome”, destaca.

Conhecida por San, ela diz que cozinha desde a infância. Aprendeu com a mãe, quando morava em Fátima do Sul. Aos 7 anos, já sabia se virar, preparava o almoço da família e até ajudava o pai na roça. Quando completou 15, veio para Campo Grande onde passou a fazer salgados para vender.

Foi na rua Arthur Jorge, ao lado da prefeitura, que ela resolveu instalar uma mesa com guarda-sol e aos poucos foi conquistando a freguesia. As vendas aumentaram e logo San passou a vender dentro de um Fusca, onde armazenava mais mercadorias. Com esforço, conseguiu economizar um dinheiro e comprou um trailer. “Um amigo me vendeu. Fazia lanches e vendia salgados, e neste ano passei a fazer a comida”, conta.

Uma folha verde foi colada no trailer para divulgar a oferta de prato feito por R$5,00 (Foto: Marina Pacheco)
Uma folha verde foi colada no trailer para divulgar a oferta de prato feito por R$5,00 (Foto: Marina Pacheco)
Ela conta como aprendeu a cozinhar (Foto: Alana Portela)
Ela conta como aprendeu a cozinhar (Foto: Alana Portela)

O trabalho começa de madrugada, com o preparo de alguns salgados para vender. Às 8h, San já está no trailer fazendo a comida. Corta alho aqui, acende o fogo ali, lava a louça, atende um cliente e outro, mas sem distrair muito para não queimar nada. O arroz e feijão não podem faltar e se tiver pedidos, ela até frita ovo.

“O cardápio não é fixo. Se ver que dá para fazer o que pensei, passo a tarde no mercado e compro os ingredientes para o dia seguinte. Tem gente que gosta de carne de panela, frango ao molho e o cliente escolhe se quer carne bovina, frango”, conta.

Aos poucos, San deixa tudo pronto para o horário de pico que começa às 11h e vai a até às 13h. Cinco mesas e várias cadeiras de plásticos são espalhadas em volta do trailer. Os clientes chegam em dois, três de uma só vez para serem atendidos. Ela mantém a calma, serve o prato de um e entrega, depois realiza o pagamento de outro e assim vai até encerrar o expediente às 14h, de segunda a sexta.

Conforme ela, tem gente que almoça às 8h30 para não perder a oferta. “As pessoas vêm pagar imposto, encontram comida barata e já almoçam aqui e vai para o serviço direto. Faço tudo sozinha, coloco as panelas no fogão e começo a cozinhar. Enquanto isso, as pessoas chegam e sentam nas cadeiras até ficar pronto. Sirvo a comida em cinco minutos”.

Enquanto cozinha ela também tem que atender os clientes (Foto: Marina Pacheco)
Enquanto cozinha ela também tem que atender os clientes (Foto: Marina Pacheco)
Ela deixa a carne fresca separada na panela para fazer  (Foto: Marina Pacheco)
Ela deixa a carne fresca separada na panela para fazer (Foto: Marina Pacheco)
Prato feito do dia, arroz, feijão, bife, couve e salada de beterraba com cenoura (Foto: Alana Portela)
Prato feito do dia, arroz, feijão, bife, couve e salada de beterraba com cenoura (Foto: Alana Portela)
Belarmina Souza conta que duas vezes na semana passa para comprar um lanche no local  (Foto: Marina Pacheco)
Belarmina Souza conta que duas vezes na semana passa para comprar um lanche no local (Foto: Marina Pacheco)

Para matar a sede, tem refrigerante, suco natural de laranja, água de coco ou água mineral que variam de R$2,00 a R$3,00. Quem gosta de uma sobremesa para adoçar a boca após a refeição, ela também vende suspiros, bolacha, paçoca, balas e chicletes.

Quem não pode comer no local, tem a opção de levar um recipiente para colocar a comida. Outra forma é pedir uma marmita, porém, o valor aumenta para R$8,00. Caso o pagamento seja no cartão, San acrescente mais R$0,50 para compensar a taxa do banco. Em seu balcão tem um caderno onde anota algumas refeições de clientes especiais. “São poucos”, afirma.

A diarista, Belarmina Souza, 57, trabalha perto de onde San prepara a comida e conta que duas vezes na semana passa de manhã no local para comprar um salgado. “Tem dois meses que experimentei e não deixo mais de comprar meu lanche aqui. Viramos amigas e já até conversei com ela para comprar o almoço na semana que vem. Vou experimentar também a comida”, diz.

No trailer, San cozinha e vende doces e salgados (Foto: Marina Pacheco)
No trailer, San cozinha e vende doces e salgados (Foto: Marina Pacheco)
Mesas e cadeiras são espalhadas em volta do trailer (Foto: Alana Portela)
Mesas e cadeiras são espalhadas em volta do trailer (Foto: Alana Portela)
Ela pegando o chiclete para o cliente adoçar a boca após o almoço (Foto: Alana Portela)
Ela pegando o chiclete para o cliente adoçar a boca após o almoço (Foto: Alana Portela)

Jaqueline da Silva Correa trabalha há três anos na prefeitura e prefere almoçar a comida caseira preparada por San. “Sou cliente há alguns anos, mas minha mãe tem conta com ela desde a época do carrinho. O almoço lembra a comida da vovó, temperada e bem quentinha. Gosto de comer aqui e meu esposo quando vem para o centro, faz questão comer o que ela prepara”.

Daniel Santos almoça no local há seis meses e também comentou sobre o sabor da comida. “Quando não trago comida venho aqui. Lembra a comida da minha mãe e eu adoro quando ela [San] faz frango com molho”.

Já ValdeciColman é motorista e foi pagar a conta na prefeitura quando viu de longe o prato feito por R$5,00. “É a quarta vez que venho aqui. É bem temperado e com preço acessível, mistura a comida boa com preço bom. Peço um suco de laranja para acompanhar o almoço”.

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Jaqueline da Silva Corrêa conta que gosta do sabor da comida (Foto: Alana Portela)
Jaqueline da Silva Corrêa conta que gosta do sabor da comida (Foto: Alana Portela)
Valdeci Colman é motorista e almoçou no local pela quarta vez (Foto: Alana Portela)
Valdeci Colman é motorista e almoçou no local pela quarta vez (Foto: Alana Portela)
Os clientes aproveitam a oferta (Foto: Alana Portela)
Os clientes aproveitam a oferta (Foto: Alana Portela)
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