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Sabor

De Bataguassu ao hotel mais alto da China, Rafael conquistou lugar na Netflix

O sul-mato-grossense Rafael Gil está entre os melhores cozinheiros do mundo, selecionados pela programa "The Final Table", da Netflix, que estreou nesta semana.

Thailla Torres | 23/11/2018 08:54
Rafael preparando um dos pratos no reality. (Foto: Arquivo Pessoal)
Rafael preparando um dos pratos no reality. (Foto: Arquivo Pessoal)

De Bataguassu, a 335 quilômetros de Campo Grande, o chef de cozinha Rafael Gil, conquistou olhares de uma das maiores produtoras de filmes e séries, a Netflix. Aos 35 anos, ele integra o elenco profissional da série de competição gastronômica “The Final Table, Que Vença o Melhor”, que estreou nesta semana.

Cada episódio mostra a culinária de um dos chefs, com participação de celebridades e críticos gastronômicos que eliminam participantes. Ao final, somente um dos competidores ganha lugar entre os melhores do mundo, ao lado de ícones da culinária mundial.

Rafael chegou ao seriado enquanto trabalhava em um restaurante de Hong Kong. “Uma blogueira americana especializada em gastronomia conversou comigo e pediu meu Instagram. Depois fez o convite para eu participar de um programa de televisão. Mas eu não imaginava como seria”.

Rafael ao lado da chef brasileira Helena Rizzo. (Foto: Arquivo Pessoal)
Rafael ao lado da chef brasileira Helena Rizzo. (Foto: Arquivo Pessoal)

Depois de aceitar o convite, ele encarou o longo processo de seleção. “Tudo começou com uma série de antecedentes criminais, cartas, um total de quatro entrevistas com produtores, até chegar à última seleção em Los Angeles, uma semana antes de começar a gravação”, conta.

Com análise médica, psicológica, testes de câmera e na cozinha, as gravações começaram em 23 de outubro do ano passado e duraram cerca de 40 dias, com uma superprodução. “Gravamos em um estúdio de cinema, é muito grande e isso foi o que mais me surpreendeu. Cada episódio custou US$ 2 milhões”, lembra.

Ele teve medo, admite, sem imaginar como seria mostrar o seu trabalho para mais de 190 países no mundo. “Jamais pensei em participar desse tipo de programa. Então no começou não acreditava muito e os riscos de fazer algo errado ali, foi o que me deixou receoso. Afinal, são 26 câmeras em cima de você”.

Rafael chegou à final? Isso não será revelado para não cometer injustiça com quem ainda não viu a série, mas o sul-mato-grossense mandou muito bem ao escolher para cozinhar a chefs famosos, uma das receitas mais queridas entre os brasileiros, a feijoada. “O programa é muito dinâmico e voltado para o profissional, e isso vai deixar o público admirado”, revela.

Carreira – O chef morou em Bataguassu até os 15 anos e foi para São Paulo cursar Administração, para atuar no meio empresariado. Mas não demorou muito para sentir que estava perdido e foi onde a Gastronomia falou mais alto.

Cena do episódio 9. (Foto: Arquivo Pessoal)
Cena do episódio 9. (Foto: Arquivo Pessoal)

Entro no curso em São Paulo, trabalhou em alguns restaurantes e surgiu a chance de fazer um estágio na Espanha, onde passou cinco anos. De lá partiu para Cingapura, em seguida para Hong Kong onde atuou no Ritz Carlton, o hotel mais alto de Hong Kong, na China, que pertence ao Marriott Hotel, uma das maiores redes de hotéis do mundo.

O primeiro contato em grandes restaurantes do mundo provou a Rafael que a vida de um chef de cozinha nem sempre tem glamour. “Cheguei a trabalhar 16 horas por dia, morava no próprio restaurante em condições que não eram as melhores, mas aprendi muito com técnicas e hábitos que até então eu não conhecia. Foi uma grande experiência”.

Mas o conhecimento, explica o chef, é o mais surpreendente. “Logo que comecei a trabalhar nestes restaurantes, aprendi o que era um restaurante em termos de serviço, controle de uma grande equipe e a desenvolver técnicas antes desconhecidas. Os produtos e hábitos alimentares são muito diferentes, esse é o maior choque”, conta.

Fora do trabalho, Rafael tenta levar uma vida normal, especialmente, na cozinha. Engana-se quem pensa que no cardápio familiar estão pratos sofisticados ou difíceis de preparar. “Faço mais o arroz, o feijão e a carne. Mas sou muito cabeça aberta, ao sair para jantar experimentamos outros pratos e vai abrindo memórias gustativas”, explica.

Sobre a relação com o Mato Grosso do Sul, poucos pratos da região foram levados para à Ásia, o chef trabalha mesmo é com a diversidade das receitas brasileiras. “Faço o churrasco que a galera adora e conhece. O bobó de galinha, a moqueca, a feijoada... Mas o pequi é uma coisa que eu já quis trazer, mas ainda não tive a oportunidade”.

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À direita, Rafael abraçado com o chef de cozinha mexicano Esdras Ochoa. (Foto: Arquivo Pessoal)
À direita, Rafael abraçado com o chef de cozinha mexicano Esdras Ochoa. (Foto: Arquivo Pessoal)
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