Famosa na década de 80, família vai reabrir sorveteria Cacimba
Na última semana, fotografias compartilhadas via Facebook se espalharam na memória do campo-grandense graças ao gelado que dificilmente alguém dispensa. Fachada e inauguração da Cacimba Sorvetes, clicadas na década de 80, mostra como o lugar deixou saudade. Os registros de autoria do fotógrafo Roberto Higa renderam milhares de comentários e a surpresa de que a sorveteria será reaberta, agora em novo endereço.
Nas imagens da inauguração da sorveteria na Rua 13 de Maio, segundo Higa, em 1983, o local aparece lotado. Virou o “point” do campo-grandense, revelam alguns amigos em comentários.
A fundação foi responsabilidade de Francisco Pereira Lima, popularmente conhecido como “Lima”, já falecido. Na época, em 1986, ele vendeu a sorveteria para outra família, após o filho sofrer um acidente.
Quem comprou a sorveteria e é dona da marca desde 1986 é a família da advogada Michelle Marques Tabox Garcia de Oliveira, 41 anos, que após quase duas décadas decidiu reviver o que virou tradição na cidade.
Por telefone, a pausa se faz necessária para Michelle recuperar o fôlego e continuar a contar a história da sorveteria. “Falar da Cacimba deixa meus batimentos cardíacos elevados. É um sonho antigo reviver essa história”, diz emocionada.
A sorveteria passou a fazer parte da família quando o pai Filinto Marques Garcia veio de Três Lagoas e comprou o estabelecimento de forma repentina. “E nós cuidamos do registro ao longo desses anos”, lembra.
O local teve no passado três endereços: Rua 13 de Maio, Rui Barbosa e Avenida Afonso Pena (onde funcionou até 2003). Agora, a reabertura será na Avenida Eduardo Elias Zahran, com inauguração prevista para setembro.
“O meu pai ficou com cacimba de 1986 até 2003, depois ele vendeu o ponto para o meu tio, que depois vendeu o ponto para a rede Bobs”.
A história de sucesso presente até hoje no imaginário do campo-grandense teve fim após desafios. “Fechamos por questões particulares, dentre eles, um acidente com a minha mãe. À época nosso objetivo era cuidar da família e não poderíamos mais dar continuidade, mas ela (sorveteria) nunca deixou de fazer parte da nossa história”.
Michelle voltou a Campo Grande em 2006, formou-se em Direito, casou, teve filhos e guardou na caixinha de memórias a saudade da sorveteria. Foi em 2016, após o falecimento da avó, que ela decidiu escrever um novo capítulo da história familiar.
“Eu sempre tive o desejo de trazer a Cacimba de volta, e sempre tive o apoio da família para isso. Quando falei com o meu pai em 2016 sobre a ideia de voltar, ele me apoiou e passou a me ajudar”.
A decisão de voltar, porém, não seria colocada em prática rapidamente. “Decidimos fazer tudo com muita calma, com intuito de não ser mais uma sorveteria na cidade, mas o resgate de uma tradição”.
Ainda hoje, o telefone de Michelle e Filinto tocam sem parar. Do outro lado da linha estão clientes antigos, filhos, pais, trabalhadores que nunca esqueceram o sabor do sorvete. “Me contam histórias, mandam mensagens, narram sobre casamentos, noivados, namoros e momentos em família que tiveram a sorveteria como cenário. O lugar se tornou história com muitos momentos bons e isso me emociona muito”.
A ideia é caminhar com a modernidade sem perder as referências, explica a advogada. “A ideia é trazer as taças e sabores já conhecidos, inclusive, estou tentando trazer a mesma receita do sorvete servido na época. Mas também haverá o famoso gelato”.
Orgulhosa da história da família, que até foi homenageada e levou prêmio no ano passado, o retorno da sorveteria reforça também o amor pela dedicação do pai. “Como filha eu tenho uma honra de ter herdado essa história, meu pai representou a transformação na minha vida e na vida dos meus irmãos. E depois de tudo o que vivemos, tudo o que enfrentamos, conseguir reviver a sorveteria é tido também como um milagre pela nossa família”.
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