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Sabor

Feita a mão, chipa de mandioca transporta filha para fazenda onde foi criada

Paula Maciulevicius | 04/03/2017 07:15
Chipa de mandioca, caburé foi aprendido com a mãe, dona Agostinha. (Foto: Alcides Neto)
Chipa de mandioca, caburé foi aprendido com a mãe, dona Agostinha. (Foto: Alcides Neto)

Dona Agostinha já faleceu, mas passou através da receita do caburé, a mágica de fazer a filha Eneida voltar à fazenda onde foi criada. Aos 65 anos, o prato que ela aprendeu ainda criança até hoje é feito semanalmente e distribuído entre os filhos e netos.

Caburé é uma espécie de bolinho de mandioca que tem na massa a semelhança com a chipa. Feito a mão, os ingredientes para essa volta ao passado são: queijo, ovos, manteiga, sal, mandioca e erva doce.

Criada numa fazenda para lá de Caracol, dona Eneida, se pudesse, faria do campo eterna moradia. A quarta filha de uma escadinha de 10, a cada semana uma das mulheres ficava responsável pela casa, que incluía limpar, cozinhar e fazer caburé. 

Sem o pavio, mandioca é ralada e depois recebe o tempero. (Foto: Alcides Neto)
Sem o pavio, mandioca é ralada e depois recebe o tempero. (Foto: Alcides Neto)
Enroladinho assim, caburé fica ao forno por 30 minutos aproximadamente. (Foto: Alcides Neto)
Enroladinho assim, caburé fica ao forno por 30 minutos aproximadamente. (Foto: Alcides Neto)

"Menina, hoje a gente usa é o triturador. Chega de ralar na mão, né?", brinca a dona de casa e da receita, Eneida Bley Villalba. 

Depois de descascada a mandioca, só é preciso tirar o "pavio" e triturá-la. "Isso me lembra quando morava na fazenda, como eu gosto de lá. Se fosse por mim, morava na fazenda", descreve a memória que lhe vem à cabeça. 

Em casa, os dias de caburé eram quartas e sextas, no café da tarde ou da manhã, com leite, chá ou próprio café preto. A família é de origem paraguaia, mas a receita, dona Eneida não sabe dizer com certeza. "Deve ser não é? Nunca ouvi falar de outra pessoa que conhecesse e fizesse, fora as minhas irmãs", palpita. 

Antes de ficar pronto, a gente pergunta o gosto. "Gosto de mandioca e fica gostoso porque você tempera ela, coloca erva doce para dar aquele gostinho", descreve.

Dona Eneida e a travessa prontinha, recém tirada do forno. (Foto: Alcides Neto)
Dona Eneida e a travessa prontinha, recém tirada do forno. (Foto: Alcides Neto)

Para a receita, dona Eneida usou aproximadamente 2 quilos de mandioca e para o tempero, basta adiciona quatro colheres de sopa de manteiga, cinco ovos e uma colher de sopa de sal. Aí é só misturar tudo muito bem.

"Eu faço mais no olhômetro, porque no passado, nada tinha receita", lembra. O ovo que ela prefere usar é o caipira para a massa ficar bem amarelinha. Depois de ver que os ingredientes já misturaram todos, é a hora de ligar o forno a 200 graus e enrolar os bolinhos. "Quanto mais quente tiver o forno, melhor", ressalta Eneida.

A erva doce é jogada em cima da assadeira antes de ir ao forno. "E não precisa nem usar gordura na assadeira que o caburé já solta", detalha a senhorinha. 

De forno, vão uma média de 30 minutos, que o cheiro do fogão avisa de longe. E está pronto! 

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