Nem pão de ló ou rocambole, Janete faz o bolo de rolo até em formato de boia
Após problemas no braço, cabeleireira encontrou saída na iguaria pernambucana declarada patrimônio imaterial
Nascida em Porto Murtinho, Janete Monteiro Cardoso de Andrade, de 55 anos, é filha de militar e se mudou para o Recife (PE) aos 9 anos. Foi na região Nordeste que se casou e viu os filhos crescerem.
Atuando como cabeleireira uma vida inteira, problemas de esforços repetitivos causados pela profissão a fizeram mudar o foco. Casada com o paraibano Humberto de Andrade, de 48 anos, mãe de um casal e avó de três netos, Janete voltou ao Mato Grosso do Sul há 16 anos e há um ano decidiu colocar em prática uma delícia que é tradição nordestina.
O casal e os filhos vieram para Campo Grande diante de uma nova transferência do pai de Janete, mas todos os anos passam férias no Nordeste, já que muitos familiares ficaram por lá.
“Vivi em Recife (PE) muitos anos e depois fui para Natal (RN), mas eu aprendi quando já estava morando aqui. Todo os anos a gente viaja para lá e meus filhos são loucos por bolo de rolo e sempre trazia para eles. Em uma das visitas, no ano passado decidi fazer um curso, já que estava parada com os cabelos há dois anos e também sempre gostei de cozinhar e fazer doces” conta.
Todos os bolos são feitos sob encomenda, desde os tradicionais aos customizados para casamentos, aniversários e batizados. Toda a produção sai da casa da doceira no Rita Vieira.
A massa que leva trigo, ovos, manteia e baunilha é muito confundida com a pão de ló e quando finalizado lembra o rocambole. Mas Janete defende as raízes pernambucanas do bolo de rolo.
Depois de receber o recheio, ele precisa de 24 horas de descanso para dar o efeito de espiral. Se for bolo de rolo, mas no formato plano, de um bolo convencional, são 12 horas de descanso, pois ele leva um peso em cima”, explica Janete.
Se trata de uma massa fina que depois de assada pesa apenas 170 gramas. A massa de bolo é feito e assado em chapas bem finas para serem montadas junto ao recheio.
“Depois de assar placa por placa, quando é o bolo tradicional vou enrolando e recheando até o peso que a pessoa quer. Depende sempre da quantidade”, conta.
Nos últimos 12 meses, a encomenda mas diferente foi bolos em formato de boia, para um aniversário com o tema fundo do mar. “Tive que buscar de fora o cortador do formato da boia”, lembra.
Janete ressalta que encomendas devem ser feitas com o mínimo de 24 horas para o tempo do recheio e massa se unirem de forma adequada.
Acompanhe o trabalho de Janete no Instagram.
Curta o Lado B no Facebook e Instagram.