Quem resolveu vender comida se deu mal, público só quer beber no Carnaval
A concorrência para vender comida na segunda noite de Carnaval em Campo Grande, foi desleal. Ambulantes que estavam acostumados com o movimento na rua 14 de Julho, este ano, ficaram de fora da festa. Em contrapartida, a bebida foi facilmente encontrada com direito a invenção de moda para vencer a concorrência.
A bacharel em Direito, Larissa dos Reis, de 25 anos, teve sorte com as bebidas, mas saiu perdendo na venda de doces que ela e os amigos fizeram. "O dinheiro é pra conseguir viajar para o festival Lollapalooza, que acontece em março, em São Paulo", conta. “A gente fez palha italiana, mas está muito difícil vender. Sorte que comprei R$ 200,00 em bebidas para revender aqui”, acrescenta.
A dificuldade foi maior para quem foi realocado para fora da festa pela Semadur (Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano), sob pena de multa e apreensão dos produtos.
A vendedora de acarajé, Maria José Gomes, 56 anos, ficou na avenida Mato Grosso com a Calógeras, longe da multidão. “A turma que fica aqui nessa redondeza não consome. Até agora vendi pouco. É uma tristeza”, lamenta.
Até para quem vende brinquedo a situação ficou difícil. Bruno Sanches, de 20 anos, que costuma vender espumas com a mãe na folia, saiu desapontado. “Até agora eu só vendi R$ 20,00. Nos anos anteriores eu vendia até R$ 500,00. Fui vender para uma menina e ela disse que se comprasse, iria faltar grana para comprar a catuaba”, conta.
Enquanto isso, muita bebida foi facilmente encontrada pelo local, os cartazes anunciavam cerveja, catuaba, drinks e vodca a cada metro. Mas teve gente que resolveu pagar pouco para que a bebida fizesse "efeito mais rápido”.
Foi o caso dos amigos Felipe Ribeiro, de 18 anos e Paulo Ricardo Silva, de 20, que levaram 35 geladinhos para a festa, feitos com bebida alcoólica. “Vimos no Facebook e decidimos fazer usando pinga, limão e leite condensado”, diz Felipe. Em uma bolsa térmica a bebida estava garantida, pelo menos, no começo da festa. “Aqui vai durar bastante e isso já é o suficiente. A gente ainda está no segundo geladinho”, completa.
Na multidão, teve gente que apelou até para o brigadeiro e pirulito feitos com catuaba.
Mas quem saiu ganhando no primeiro dia foram os meninos que vendem abacaxi pela cidade. Só ontem, o grupo levou 1,5 mil abacaxis para frente da festa. Às 18h, metade do carregamento havia sido vendido. Cada fruta custa R$ 5,00.
“É o abacaxi que cura”, diz o vendedor Erick Pereira, de 25 anos. “A galera compra para misturar com a bebida. A gente entrega cortado e o público leva”, finaliza.
Vale ressaltar que é proibida a venda de bebidas alcoólicas para crianças ou adolescentes menores de 18 anos.