Receita secreta que virou negócio tempera festa que completa 10 anos em família
Tonho do Tempero faz mistério sobre receita criada com o primo açougueiro
Com fábrica no fundo do quintal, Antônio Araújo, mais conhecido como Tonho do Tempero, mantém viva receita passada de geração em geração.
Apaixonado por cozinhar, ele criou o tempero com um primo açougueiro e, ainda sem uma receita definida, foram experimentando e percebendo o que funcionava e o que não ficava legal nas receitas. Até chegar à fórmula usada hoje foram alguns anos de muito churrasco e confraternização entre amigos e familiares. “Eu comecei dando de presente pros amigos, pros parentes. Eu fazia bastante, fazia quilos de tempero. Chegava a ficar quase três dias descascando alho, naquele tempo não tinha as máquinas que tem hoje. E eles sempre falavam que eu devia abrir um negócio, começar a vender”, lembra.
Filho de pais alagoanos que migraram para Mato Grosso do Sul nos anos 50, e abriram o Hotel Brasil, o primeiro de Fátima do Sul, ele tem 16 irmãos - oito mulheres e oito homens. A grande família de Antônio mantém há 10 anos um tradicional encontro anual, e como cada irmão mora em um lugar do País, para não haver discórdia o endereço da festança é decidido por votação. O evento dura mais de três dias é mantida a muito churrasco e, claro, o tempero do Tonho dá o toque principal.
Apesar de produzir a receita há anos, foi só em abril passado, com a ajuda da família, que Tonho do Tempero se tornou empreendedor e passou a fazer dinheiro com sua receita. Comprou as máquinas que processam os ingredientes e montou no quintal de casa sua pequena fábrica. Inventou, ionclusive, uma “descansadeira de alho”, espécie de mesa onde processa o ingrediente.
Feito à base de alho e sal marinho, misturado com especiarias, o tempero serve para churrasco, salada, arroz, peixes, aves e tudo mais que a criatividade deixar. Ele diz que ajuda a combater até aquela azia que bate depois de um prato mais gorduroso. “Se você usar o tempero do Tonho não vai dar aquele mal estar que as pessoas têm depois de comer uma gordurinha, um porco”, garante.
Em pouco tempo, ela jura que o negócio virou sucesso, com a venda em uma esquina do Centro de Campo Grande. Antônio revela que o tempero já foi procurado até por empresas de outros estados. “Na hora que você assar uma carne na sua casa com esse tempero, até os vizinhos vão te perguntar o que que é”, brinca.
Na casa onde quem é especialista na cozinha é o marido, Dona Dete, esposa de Antônio brinca: “Uma hora ele vai ter que contar o segredo”. Ela é quem cuida da parte financeira do empreendimento, e quando chega o final do ano - época em que toda a família se reúne - ela é a responsável por confeccionar as lembrancinhas do encontro.
Apesar de ter locais de venda de seu tempero por toda a cidade, açougues, mercadinhos, conveniências e restaurantes, ele não abre mão de seu ponto estratégico, na esquina da Padre João Crippa com a Afonso Pena, onde o filho tem sua mesinha na sombra de uma árvore e uma placa indicando que ali se vende o Tempero do Tonho. “Aqui é meu escritório. As pessoas passam por aqui, veem a plaquinha e quando chegam no mercado, no açougue, vão lembrar do nome, vão comprar”, conta Antônio Júnior, que é zootecnista mas deixou a profissão para administrar o negócio do pai.