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Rua 14 de Julho tem vocação para corredor gastronômico? Audiência discute

Nesta manhã, vereadores, empresários e moradores discutiram ideias para rua que anda bem movimentada

Por Thailla Torres e Aletheya Alves | 01/11/2024 11:16
Nesta manhã foi discutida a proposta de transformar a Rua 14 de Julho em um corredor gastronômico. (Foto: Juliano Almeida)
Nesta manhã foi discutida a proposta de transformar a Rua 14 de Julho em um corredor gastronômico. (Foto: Juliano Almeida)

Nesta manhã (1º), uma audiência pública realizada pela Comissão Permanente de Cultura da Câmara Municipal de Campo Grande, colocou em pauta o projeto do Corredor Gastronômico, Turístico e Cultural da Rua 14 de Julho. Presidida pelo vereador Ronilço Guerreiro, o encontro reuniu no plenário representantes do poder público, empresários e moradores da região central para discutir ideias e desafios para dar mais vida à rua, que nos últimos meses tem lotado com a chegada de bares.

Para quem não lembra, em setembro houve um período de testes com fechamento de parte da 14 de Julho para segurança de quem frequenta os bares. Logo a presença acalorada do público virou alvo de polêmicas, por conta da lotação e também presença de ambulantes. O fechamento parou de ocorrer e agora muito se fala sobre o futuro da rua que tem potencial para ser um novo corredor.

Audiência pública realizada pela Comissão Permanente de Cultura da Câmara Municipal de Campo Grande nesta manhã. (Foto: Marcos Maluf)
Audiência pública realizada pela Comissão Permanente de Cultura da Câmara Municipal de Campo Grande nesta manhã. (Foto: Marcos Maluf)

Durante a discussão, Ronilço Guerreiro falou que a revitalização da Rua 14, que trouxe câmeras de segurança, calçadas largas e áreas de convivência, ainda falha em um ponto crucial: a presença de pessoas. "Percebemos que eles revitalizaram a 14 de Julho, colocaram câmeras de segurança, calçadas largas, árvores, bancos, mas esqueceram de colocar gente", comentou o vereador.

Ronilço destacou que o esvaziamento de centros urbanos é um fenômeno global, impulsionado pelo "bairro de 15 minutos", em que os moradores buscam resolver suas necessidades diárias próximas de suas residências. "Por que alguém vai pegar um transporte público para vir ao centro fazer uma compra?", questionou.

A secretária municipal de Cultura, Mara Bethânia Gurgel, reforçou a necessidade de um planejamento estruturado para o local. "O fechamento da 14 triplicou, ou até mais, o público que a gente não seguraria. Os comerciantes solicitaram que fosse aberta novamente", revelou.

Ela mencionou que Campo Grande já conta com 21 corredores de comércio, cultura e gastronomia, mas enfatizou a importância de respeitar a "vocação de cada região" ao desenvolver esses projetos, para que atendam tanto os comerciantes noturnos quanto os diurnos, que ainda representam a maioria.

Rosane Neri de Lima, da Associação de Empresários e Comerciantes da região central, destacou a questão dos ambulantes, considerada problemática pelos empresários locais. "Somos totalmente contra os ambulantes na região porque o empresário e comerciante vai pagar seus impostos, e o ambulante estará vendendo pela metade do preço na sua porta", afirmou. Rosane também expôs preocupações com o estacionamento e a segurança, ressaltando que o cumprimento de regras e a presença de seguranças em cada bar são fundamentais.

A proposta de transformar a Rua 14 de Julho em um corredor gastronômico, no entanto, não é unanimidade entre os empresários. Claudio Gama, proprietário do Damilano, apontou os problemas trazidos pelo fechamento da rua, como acúmulo de lixo e desordem, que impactam diretamente na experiência dos clientes. "O único problema dos bares é a quantidade de lixo, até aí não tem prejuízo, mas limpamos o lixo, urina, vômito. Pedimos que não ocorra fechamento da rua porque é um prejuízo muito grande. O cliente deixa de vir", explicou.

A opinião de Gama foi reforçada por Paola Lani, da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), que acredita que o fechamento permanente da rua pode atrair um público "de modismo", em vez de construir uma clientela diversificada e duradoura. "Somos a favor de levar variedade e novos estabelecimentos", disse, enfatizando a necessidade de diversidade gastronômica para atrair diferentes faixas etárias e perfis de visitantes.

Já Eduardo Mendes, da Fundação de Cultura, propôs expandir a ideia do corredor cultural além da Rua 14. "Temos que fazer um projeto estruturante. Existe nossa vontade de criarmos esse corredor cultural ampliado, mas a discussão extrapola o poder municipal, temos que envolver Iphan, Embratur e governo do Estado", defendeu. Mendes acredita que um projeto de recuperação do centro histórico pode revitalizar a área com benefícios duradouros para a população.

A vereadora Luiza Ribeiro, do PT, trouxe uma visão de potencial econômico com a restrição de trânsito. Ela acredita que o fechamento pode atrair mais pessoas e propôs um cadastramento dos ambulantes para regulamentar as vendas no local. "Todo mundo viu o quanto foi vibrante. O povo tem que estar lá", enfatizou.

Para quem participou, há uma demanda clara por um planejamento que respeite tanto a vocação do Centro de Campo Grande quanto as necessidades dos empresários e moradores. Sem nada concreto, a Comissão apenas sinalizou que novos encontros devem ocorrer para aprimorar o projeto e buscar um consenso que possa atender as expectativas.

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