Sabe aquele bolo da Anita da feira? Doceria agora tem espaço próprio
Há 20 anos, a barraca "Anita Doces", na Feira Central, movimenta clientes às quartas e sábados. Gente que o paladar se encantou pelas tortas, pelo creme e chocolate, carinho e amor que saem junto dos ingredientes nas receitas. No vai e vem de pessoas e no passar das décadas, Anita cultivava o sonho de poder enxergar, à altura dos olhos, a reação do público a cada garfada. O desejo era de ter um espaço próprio, com cadeiras, sofás e mesinhas de madeira, que acolhessem, fazendo jus ao sabor dos doces, à clientela cativa.
Hoje o espaço é real e tão belo quanto a imaginação. Na rua Clemente Pereira, no bairro Cabreúva, os portões se abrem para uma fachada rosa e marrom, delicada desde a entrada, a doceria é um convite para se achegar, deliciar uma torta, jogar conversa fora, tomar um cappuccino.
As cadeiras lá fora dão um ar de bistrô ao local, por dentro, mesinhas de madeira, contrastando com sofás e uma decoração de casa de boneca. O ambiente transborda o que as receitas de Anita sempre carregaram consigo: um doce.
O balcão e o freezer guardam as tentações: torta holandesa, quatro leites, de nozes, trufa, brigadeiro, morfeu, olho de sogra, Kit Kat, merengue, nozes e por aí vai. Receitas de se comer com os olhos.
Anita tem 47 anos, se for anunciada pelo nome de registro, ninguém vai conhecer. Maria Eronita Batista nasceu no interior de Santa Catarina, trouxe do Sul a paixão pela gastronomia quando aqui chegou, em 1984. Anita foi apelido dado ainda na infância, como se o passado já fosse prever o nome 'artístico'.
"Eu comecei fazendo bombons, na época não existiam bombons artesanais aqui. Eu parava nas repartições e dava um, dois, aí era aquele alvoroço", conta. A propaganda sempre foi de boca em boca, como o gosto conquistava logo na primeira mordida, foi fácil cativar a clientela.
Já na Feira Central, em 1994, as três primeiras receitas de bolo foram ensinadas por uma amiga. Os sabores, Anita se lembra até hoje: abacaxi, brigadeiro e chocolate com creme. De lá para cá foram os experimentos, as inovações e até ousadias que formaram o vasto cardápio de mais de 30 opções, todas com produtos de primeira qualidade, sentidos já no primeiro pedaço.
Característica de Anita também é o exagero, ela assume que gosta. "Tem que ter muito recheio" e é o que se percebe mesmo. "Meu sabor ele tem que estar lá, se o meu paladar não gostar, eu não faço", explica. Até hoje ela quem prova, aprova ou reprova as novas receitas e diz não enjoar em tom de brincadeira. "Você enjoa de arroz e feijão? Não, vai enjoar do que é bom?"
Comida não tem regra, se inventa, cria, se constrói e se copia, o que não pode é ser imposta, por isso ela também está sempre aberta a sugestões.
Anita Doces continua atendendo na Feira Central, mas agora a menina dos olhos é a doceria no próprio espaço. "Na feira é rapidinho, a pessoa não senta, não degusta. Aqui eu vou sentir se o cliente gostou, ele vai comer com tranquilidade. Eu sempre tive esse sonho de abrir para atender, para que as pessoas pudessem vir, sentar, se deliciar", observa.
Apaixonada pelo que faz, a dona não se vê em outra função. "Meu trabalho é motivo de alegria, de felicidade. Sempre gostei por saber as maravilhas que eu podia fazer, participar. Num parabéns, as pessoas estão comemorando em volta do meu bolo", admite.
Além das tortas, a doceria oferece salgados para se comer ali, sucos, refrigerantes, cafés e cerveja. Anita segue atendendo encomendas de tortas e bombons. O endereço certinho é rua Clemente Pereira, 188, no Cabreúva. O telefone é o 3325-7117. No Facebook, Anita Doces também está presente com imagens de dar água na boca. A doceria abre de segunda a sábado, das 8h às 20h.