Bezerro segue mercado ruim em MS e cai quase 16% em um ano, calcula Cepea
Em levantamento feito pela Casa Rural em leiloeiras, preço do quilo do bezerro despencou 18,10% em um ano
Dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) mostram que de março de 2023 para março deste ano, o preço médio do bezerro de 8 a 12 meses nelore acumula queda de quase 16% em Mato Grosso do Sul, em termos nominais, passando de R$ 2.432,03 para R$ 2.047,22 num período de 12 meses.
Análise do Cepea indicam também que entre março de 2023 e março de 2024, os preços da arroba do boi gordo, do boi magro e do bezerro apresentaram quedas em ritmos semelhantes. Diante disso, pesquisadores do Cepea indicam que as relações de troca foram praticamente as mesmas das observadas há um ano, havendo apenas ligeira melhora na compra de bezerro.
O Mato Grosso do Sul é uma referência para o mercado de bezerros de todo o País. Em MS, o Cepea pesquisa preço na categoria em cinco regiões: Três Lagoas, Campo Grande, Dourados, Pantanal e Cassilândia.
O órgão pesquisa bezerro desmamado, macho, nelore, com idade entre 8 e 12 meses. Os valores coletados se referem a negócios realizados no mercado físico – preços ao produtor, indica a metodologia usado pelo Centro de Estudos em seu portal. Durante o levantamento são consultados pecuaristas, escritórios de compra e venda de gado, corretores e leiloeiras.
Pantanal é grande criatório
O município de Corumbá é o principal fornecedor de animais de 0 a 12 meses dentro de Mato Grosso do Sul. A importância deste celeiro de bezerros não é apenas restrito ao MS, outros estados recebem bezerros gerados em Corumbá, como São Paulo e Mato Grosso.
Lá, segundo Boletim Casa Rural de fevereiro deste ano, publicado pelo Sistema Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de MS), a pecuária de cria é uma atividade de ciclo longo, onde desde a prenhez das matrizes até a desmama dos bezerros são aproximadamente 18 meses.
Queda nos leilões é de 18,10%
Pelo acompanhamento divulgado no boletim, os preços em quilo do bezerro em Mato Grosso do Sul caíram 18,10% em um ano. O levantamento foi feito nas principais leiloeiras do Estado, que trabalham com remates nessa categoria: Leilosul, Correia da Costa Leilões Rurais, Capitaliza Leilões, Marca P Remates, Leilogrande, Taquari Leilões Rurais, Leiloboi, Leilosin e Zebu Leilões.
Queda de preços é oportunidade, afirma economista
Para o economista do Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho, Staney Barbosa Melo, primeiramente é preciso pontuar que a queda de preços é um fenômeno que se explica muito pela conjuntura baixista que o agronegócio enfrenta. Isso é determinado não apenas internamente, mas também levando em conta a conjuntura internacional.
Dada essa condição, naturalmente, afirma o economista, existe uma correlação direta entre os preços que se praticam nos mercados do boi gordo e nos mercados de reposição, assim como existe essa correlação com os mercados de insumos, por uma lógica muito simples, a interdependência entre estes mercados. "Veja, o grande dilema atual nos mercados do boi gordo é a alta oferta de fêmeas adquiridas em ciclos anteriores, em virtude de uma visão muito positiva que se tinha para os próximos anos, que agora pressiona o mercado e consequentemente os preços, dada a mudança na conjuntura internacional," afirma
Para Staney, deve-se ter em conta que uma maior oferta de fêmeas terminadas também se traduz em maior oferta nos mercados de reposição, é natural que essas fêmeas tenham deixado para trás suas crias. "Então, é possível dizer que temos também uma oferta excedente também no mercado de reposição, que aos poucos deve se equilibrar com a nova realidade do mercado".
Questionado sobre a relação de preços nos segmentos do mercado da pecuária, Staney afirma que quando equacionamos as questões apresentadas com os preços atuais do boi gordo, que na última semana voltaram a apresentar novas quedas, a resultante não é outra se não o desincentivo a terminação, o que reduz a demanda nos mercados de cria e recria.
"Agora, essa queda de preços pode ser também vista como uma oportunidade para aqueles produtores que precisam fazer a reposição do rebanho e acreditam em preços mais firmes no segundo semestre deste ano, quando o excesso de oferta nos frigoríficos se arrefecer, levando em conta a queda nos preços dos insumos necessários no processo de engorda", finaliza.