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Lado Rural

Mel do Pantanal alia oportunidade de negócios e preservação da biodiversidade

Alimento passou a integrar lista dos 100 produtos no Brasil com certificação de identificação geográfica

José Roberto dos Santos | 20/02/2023 12:20
Apicultor manipula colmeia durante coleta de mel; produto pantaneiro tem selo de identificação geográfica. (Foto: Divulgação/Sebrae-MS)
Apicultor manipula colmeia durante coleta de mel; produto pantaneiro tem selo de identificação geográfica. (Foto: Divulgação/Sebrae-MS)

O mel produzido no bioma pantaneiro é um alimento cada vez mais valorizado no mercado. Além de seu sabor único, ele é reconhecido por suas propriedades medicinais, sendo uma fonte natural de vitaminas e minerais. Para os apicultores da região, o mel do Pantanal representa uma grande oportunidade de negócio e uma alternativa sustentável de geração de renda.

O Mel do Pantanal é um produto tão único que passou a integrar a lista dos 100 produtos brasileiros que possuem certificação de IG (Identificação Geográfica), registrado e emitido pelo INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial). Esse registro é conferido a produtos ou serviços característicos do seu local de origem, com identidade própria. A certificação ocorreu em 2015 e foi o primeiro mel no Brasil a ganhar o selo.

O alimento, produzido em conformidade com a preservação ambiental, também abre novas possibilidades para os produtores – neste caso, para os apicultores da região e comunidades pantaneiras.

Esse é o caso da Alespana (Associação Leste Pantaneira de Apicultores). Hoje, a entidade conta com 32 associados de Aquidauana, Anastácio, Campo Grande, Dois Irmãos do Buriti, Miranda, Nioaque e Terenos. Para a presidente da Alespana e apicultora, Maria Silvana Veiga Silveira, o mel do Pantanal representa um aumento de renda. Hoje, segundo ela, a produção média é de 120 toneladas/ano na região de abrangência da associação. “Ao iniciar nessa atividade, para muitos produtores, ela não só melhora o poder aquisitivo, mas também agrega valores. A gente enxerga um potencial amplo de estabilidade na venda do produto e espera melhores lucros no futuro”, comentou.

Conforme o apicultor Márcio César Seixas, do município de Aquidauana, com mais de 25 anos de contato com a apicultura, essa é uma atividade agropecuária que não demanda muito investimento e é acessível tanto para produtores rurais quanto para aqueles sem propriedade, sendo um gerador de renda e receita para a localidade.

“A relevância do mel do Pantanal está em sua diferenciação em relação aos outros méis do Brasil, devido à sua região de origem, com pouca lavoura e floresta plantada nas proximidades. Além disso, sua cristalização é mais lenta devido à floração específica da região. O mel do Pantanal também está ligado à preservação, já que para sua produção é necessária uma região preservada com qualidade de água e matas ainda presentes na região”, disse Seixas, também sócio da Alespana e membro da Cofenal, que hoje é denominada Associação dos Apicultores Mel do Pantanal.

Qualidade e segurança alimentar

Na avaliação do engenheiro agrônomo e apicultor da Cofenal, Daniel Comiran Dallasta, de Terenos, o mel do Pantanal se destaca pela sua alta qualidade e segurança alimentar. Para garantir a procedência e rastreabilidade desse produto, bem como destacá-lo na prateleira como um artigo diferenciado, o selo de qualidade é importante para que os consumidores entendam as características e benefícios, bem como a importância para a economia e preservação do bioma Pantanal.

“O selo serve para dar garantia da origem e rastreio do produto, além de diferenciá-lo na prateleira como um produto mais caro devido às dificuldades de produção em uma região inóspita, quente e com muitos perigos. É importante que as pessoas entendam as características e benefícios desse produto diferenciado”.

Sobre o Pró Pantanal

O Pró Pantanal (Programa de Apoio à Recuperação Econômica do Bioma Pantanal) tem atuação nos eixos do turismo, da economia criativa e do agronegócio existentes no Pantanal. O programa ainda tem apoio da UFMS (Universidade Federal de MS), Federação das Associações Empresariais de Mato Grosso do Sul, Imasul (Instituto do Meio Ambiente de MS) e Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação).

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