Preço médio de produtos lácteos em MS cai quase 5% em agosto
Leite desvaloriza mais que o milho e custo elevado contribui para o achatamento do lucro do produtor
Em Mato Grosso do Sul, o índice de preços para a cesta de produtos lácteos do Estado como um todo teve uma variação de -4,68% no mês de agosto de 2023 comparado ao mês imediatamente anterior. Os números são do levantamento "Índice do Leite MS", que avalia preços de referência dos principais produtos lácteos comercializados no Mato Grosso do Sul (leite spot, leite pasteurizado, leite UHT e mussarela), a partir dos preços pagos às indústrias locais.
Em MS, o preço do litro do leite spot – aquele comercializado entre as indústrias –apresentou uma variação de -4,99% em agosto de 2023, valor maior do que o verificado para o mês anterior, quando se registrou -6,30% de variação. Quando comparamos com o mesmo período do ano passado (agosto de 2022), tivemos um movimento no mesmo sentido, uma vez que naquele período houve uma variação de preços do litro do Leite spot de -21,13%.
Queda na "Média Brasil"
O preço médio do leite cru captado por laticínios em agosto – e pago em setembro – registrou a quarta queda mensal consecutiva, recuando 6,8% frente a julho e passando para R$ 2,25/litro na “Média Brasil” líquida, conforme levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. Esse valor é 29,4% menor que o registrado no mesmo período do ano passado, em termos reais. Com esse resultado, o preço do leite acumula queda real de 13,6% desde o início deste ano (os valores foram deflacionados pelo IPCA de agosto/23).
Segundo o Cepea, o aumento da disponibilidade interna de lácteos é o que explica a continuação do movimento de desvalorização do leite ao produtor em agosto. A maior oferta, por sua vez, se deve ao aumento da captação, às importações ainda elevadas e ao consumo muito sensível ao preço.
Custos de produção elevados
Contudo, é importante destacar que, ao contrário dos meses anteriores, os custos de produção não caíram em agosto. A pesquisa do Cepea mostra leve alta de 0,25% no COE (Custo Operacional Efetivo) da pecuária leiteira na “Média Brasil”, puxada pelas valorizações dos concentrados e dos adubos e corretivos. Além disso, desde julho, a retração no preço do leite supera a desvalorização do milho, diminuindo, portanto, o poder de compra do pecuarista frente a esse importante insumo. Esse cenário desperta preocupações para o setor, tendo em vista que a progressiva perda na margem do produtor pode diminuir os investimentos na atividade neste curto prazo.
O movimento baixista no valor ao produtor se ancora também na manutenção das importações, que cresceram 6,1% de julho para agosto, somando 196 milhões de litros em equivalente leite. Os preços mais competitivos dos lácteos estrangeiros têm pressionado as cotações ao longo da cadeia produtiva.
* Colaborou Natália Grigol, do Cepea.