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Meio Ambiente

2020: MS teve calor que "queimou" recordes e fez cidades ferverem

Água Clara, na região leste, teve calor de 44,6°C, a segunda maior temperatura do país, no ano, quebrando recorde de 1962, em MS

Liniker Ribeiro | 25/12/2020 09:35
Sol brilhou forte, predominou na maioria dos dias e incentivou temperaturas elevadas; MS registrou segunda maior temperatura do país, no ano (Foto: Henrique Kawaminami)
Sol brilhou forte, predominou na maioria dos dias e incentivou temperaturas elevadas; MS registrou segunda maior temperatura do país, no ano (Foto: Henrique Kawaminami)

Mato Grosso do Sul “ferveu” em 2020, chegando a bater recorde estadual de calor, com máximas que, até então, não haviam sido registradas desde novembro de 1962. Para fazer jus ao ano mais quente da história, o Estado chegou a marcar a segunda maior temperatura já registrada no país, apenas 0,1°C mais baixa que o recorde atual (44,7°C) registrado pelo município de Bom Jesus, no Piauí.

Expectativas foram criadas e até uma data para o possível recorde estipulada, mas no dia 6 de outubro, mudança repentina no tempo acabou com período de estiagem e levou chuva para a cidade de Água Clara, distante 198 quilômetros da Capital, onde os termômetros chegaram a marcar 44,6°C. Com a chuva, houve pequena queda na temperatura, distanciando do recorde nacional.

Assim como Água Clara, Paranaíba, Coxim, Corumbá e Santa Rita do Pardo foram os municípios que registraram as maiores temperaturas do Estado, este ano. Foram 44,6°; 44,1°C; 43,4°C e 42,9°C respectivamente.

Em 2020 teve "um sol para cada um" (Foto: Marcos Maluf)
Em 2020 teve "um sol para cada um" (Foto: Marcos Maluf)

Conforme a meteorologista Franciane Rodrigues, do Cemtec-MS (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de MS), as temperaturas mais altas foram registradas durante a onda de calor histórica que atingiu Mato Grosso do Sul, entre o fim do mês de setembro e início de outubro.

Antes do calor registrado em 2020, o recorde no Estado era do Pantanal, que no dia 15 de novembro de 1962 alcançou 43,8°C de máxima. Para Franciane, o aumento da temperatura, este ano, pode ter sido influenciado pelos incêndios florestais, que só na região pantaneira consumiram 4,4 milhões de hectares, conforme dados da Lasa (Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais).

Outro ponto que pode ter influenciado o calorão, segundo a meteorologista, foi o atraso no início do período de chuvas.

Por falar em período chuvoso, assim como esquentou, também choveu bastante em 2020. Só na Capital, até o fim de outubro, foram registrados 985,6 milímetros de chuva, segundo o Cemtec.

Mês de fevereiro foi o mais chuvosa, na Capital; mas maio teve maior quantidade de chuva, em 1 dia (Foto: Marcos Maluf)
Mês de fevereiro foi o mais chuvosa, na Capital; mas maio teve maior quantidade de chuva, em 1 dia (Foto: Marcos Maluf)

O mês de fevereiro foi o mais chuvoso, com acumulado de 227,2 mm. Mas foi em maio, entre os dias 12 e 13, que a Capital registrou a maior quantidade de chuva, em apenas 24 horas, 105 mm. O volume, inclusive, superou o esperado pela meteorologia para todo mês, que era de 90 milímetros.

Na ocasião, pelo menos 5 bairros da cidade ficaram sem energia elétrica. Ruas e avenidas viraram “rio” devido à alagamentos, o Aeroporto Internacional teve de operar por instrumentos por um longo período e ventos fortes derrubaram pelo menos seis árvores.

No interior do Estado, Miranda foi a cidade que mais registrou chuva, em um único dia. Foram 115,8 mm em 13 de janeiro. Depois, o município de Jardim, no dia 30 do mesmo mês, registrou 91,2 mm. Em Selvíria, o recorde diário do ano foi 82,4 mm, em 6 de fevereiro.

Já em Dourados, segundo maior município da cidade, foram 76,6 mm no dia 23 de janeiro. Já Pedro Gomes registrou 70,4 mm no dia 21 de janeiro.

Frio também teve seu momento de força, em MS; chegou a haver previsão de geada para Campo Grande (Foto: Kísie Ainoã)
Frio também teve seu momento de força, em MS; chegou a haver previsão de geada para Campo Grande (Foto: Kísie Ainoã)

Frio – E, com a chuva, as temperaturas amenas ganham força. Dos 12 meses do ano, maio foi o mais frio. Iguatemi, a 466 quilômetros de Campo Grande, registrou a mínima mais baixa do Estado, 1,1°C.

A segunda menor temperatura foi registrada em Amambai, 2,8°C. Rio Brilhante teve mínima de 3,2°C; enquanto Santa Rita do Pardo registrou 3,9°C e Caarapó 4,5°C.

Na Capital, meteorologistas chegaram a alertar para riscos de geada, no dia 22 de agosto. Mas, não foi desta vez! No dia em que a previsão indicava possibilidades de geada em Campo Grande, com mínima de -1°C, o sábado começou com tempo limpo, apesar dos termômetros registrarem 6°C nas primeiras horas do dia. A sensação térmica por volta das 6h era de 4°C.

Água Clara – Esperando o calor de “torrar”, a equipe do Campo Grande News foi até a cidade de Água Clara.

Para resistir ao calor de Água Clara, só com muita água gelada e sorvete (Foto: Marcos Maluf)
Para resistir ao calor de Água Clara, só com muita água gelada e sorvete (Foto: Marcos Maluf)

Mesmo que não tenha batido o recorde nacional, quem mora na cidade tentou entender o por quê de tanto calor, 44,6°C.

"Só pode ser castigo de Deus”, afirmou, na ocasião, o casal Lucas e Valdira Toledo. “É tudo culpa do homem, que acaba prejudicando a própria natureza”, opinou ela.

E para que acredita que piscina é suficiente para diminuir o calorão que faz na cidade, se engana. “Temos piscina em casa para as crianças, mas ontem eu fui entrar e estava com água morna, não fica mais gelada”, afirma Lucas.

Ustenir, que mora na cidade há seis anos, revelou já ter morado em várias cidades do Estado, mas nada se comparou ao calor que ele passa em Água Clara. “Já morei em várias regiões, Chapadão do Sul, Rio Pardo, Inocência.. mas não adianta, aqui com certeza é mais quente”, afirma.

Calor bateu recorde no Estado, como máximas que não eram registradas desde 1962 (Foto: Henrique Kawaminami)
Calor bateu recorde no Estado, como máximas que não eram registradas desde 1962 (Foto: Henrique Kawaminami)

O calorão afetou até a venda de ar condicionado, climatizadores e ventiladores, mas não de forma negativa. Tanto que em uma das maiores lojas de eletrodomésticos da cidade, boa parte destes produtos esgotaram, na semana do dia 6 de outubro.

“Em menos de duas semanas, 40 peças de ar condicionado foram vendidas. Acabou o estoque”, destacou o vendedor Bruno Lisboa, de 20 anos.

O mesmo aconteceu com os climatizadores. Já em relação aos ventiladores, ainda dá itens em estoque, mas pelo menos 200 foram vendidos no mesmo período.

***Colaborou: Raul Delvizio.

Calor fez cidades "ferverem" desde as primeiras horas do dia (Foto: Paulo Francis)
Calor fez cidades "ferverem" desde as primeiras horas do dia (Foto: Paulo Francis)


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