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Meio Ambiente

Ações de combate aos incêndios crescem, mas não no ritmo do fogo

No Pantanal, um dos biomas que mais sofre com as queimadas, a área destruída triplicou desde julho

Por Gabriel de Matos | 29/09/2024 20:51
Brigadistas combatem incêndio em vegetação no Pantanal (Foto: Bruno Rezende) 
Brigadistas combatem incêndio em vegetação no Pantanal (Foto: Bruno Rezende)

Desde o final de junho, boletins do Ministério do Meio Ambiente revelam que o avanço das queimadas em Mato Grosso do Sul, assim como em outros biomas do Brasil, têm superado as medidas de combate implementadas pelo governo. Mesmo com o aumento do efetivo de brigadistas e aeronaves, a velocidade do fogo no Pantanal e Cerrado é alarmante, exigindo uma resposta cada vez mais intensa e coordenada.

No Pantanal, um dos biomas que mais sofre com as queimadas, a área destruída triplicou desde julho, atingindo 2 milhões de hectares, ou cerca de 13,4% de todo o bioma. No Cerrado, que também ocupa uma parcela significativa de Mato Grosso do Sul, o impacto das queimadas já chegou a 12,3 milhões de hectares, representando 6,2% de sua área total, com um aumento de quase 40% nos últimos 15 dias. O levantamento dos dados é da Folha de São Paulo.

O Estado de Mato Grosso do Sul, um dos mais afetados pelas queimadas, aumentou significativamente o número de bombeiros no combate ao fogo. Em junho, havia apenas 70 bombeiros em ação, número que praticamente dobrou para 138 neste momento. Esse incremento, embora significativo, ainda é insuficiente para acompanhar a escalada dos incêndios, especialmente diante da rapidez com que o fogo tem se alastrado em áreas de difícil acesso e grande extensão.

Além dos esforços estaduais, as ações do governo federal incluem o envio de brigadistas do Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente), Forças Armadas e Força Nacional, além de aeronaves para auxiliar no combate. No auge da crise no Pantanal, o número de profissionais federais chegou a cerca de 1.000, e o de aeronaves passou de 14 para 19. Atualmente, esse número foi reduzido para cerca de 800 agentes e 11 aeronaves, já que alguns recursos foram redirecionados para outras áreas do país.

Céu com fumaça em Corumbá registrado em julho deste ano (Foto: Henrique Kawaminami)
Céu com fumaça em Corumbá registrado em julho deste ano (Foto: Henrique Kawaminami)

Apesar desses esforços, a coordenação entre os diversos níveis de governo — federal, estadual e municipal — ainda enfrenta desafios significativos. O secretário extraordinário de Controle de Desmatamento do Ministério do Meio Ambiente, André Lima, destaca que a responsabilidade pelo combate às queimadas é compartilhada, e a atuação dos estados e municípios, especialmente em propriedades privadas, é fundamental para conter o avanço do fogo. Segundo ele, 85% do fogo no Cerrado e 73% no Pantanal ocorrem em áreas privadas, o que torna essencial a mobilização de brigadas locais.

A situação é agravada pela pior seca já registrada no Brasil desde os anos 1950, que tem tornado o controle das queimadas ainda mais difícil. Tanto a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, quanto o presidente Lula reconheceram que o país não estava preparado para enfrentar uma situação de tamanha magnitude, que exige uma resposta mais eficiente e integrada entre os diferentes níveis de governo.

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