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Meio Ambiente

Água turva: sujeira no Rio Verde tira “porquê” do nome e ameaça o Prata

Visual cristalino corre risco de ser novamente trocado pela cor marrom se nada for feito, alerta ONG

Anahi Zurutuza | 14/01/2021 14:32
Água turva: sujeira no Rio Verde tira “porquê” do nome e ameaça o Prata
Fotos mostram contraste entre água do Rio Verde e Rio da Prata, no deságue (Foto: IHP)

O Rio Verde está prestes a perder o status de límpido, digno do nome. Como se não bastasse, dois anos após o susto com o Rio da Prata, que foi parar “na UTI” entre o fim de 2018 e o início de 2019, o risco está de volta. A ameaça é que o visual cristalino seja novamente trocado pela cor marrom.

Afluente no terço final do Prata, o Rio Verde está carregando volume alto de sedimentos para o maior, um dos rios mais visitados por turistas em Mato Grosso do Sul. A constatação é do Instituto do Homem Pantaneiro.

Técnicos foram aos locais com água barrenta e com espuma, fizeram levantamento das condições do curso d’água e do manejo do solo no entorno. Segundo moradores que ouviram na região, o problema não é de agora. Veja o vídeo gravado por Sergio Barreto, do IHP:


Agora, assim que o laudo de vistoria estiver pronto, a ONG (Organização Não-Governamental) pretende acionar o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) para investigar as causa e identificar os responsáveis pelo turvamento.

“Na verdade, não tem mais porque chamar Rio Verde. Ele deságua no Prata, no finalzinho dele e ele está levando sedimentos para dentro do Prata, matando a visibilidade do Prata que vem boa a partir dos dois primeiros terços”, explica o presidente do IHP, coronel Ângelo Rabelo.

Do alto, técnicos conseguiram visualizar algumas erosões a partir das proximidades da BR-267 e em toda a área, bastante desmatada, na região de Jardim. “Tudo isso acaba contribuindo para o processo de turvamento”.

Água turva: sujeira no Rio Verde tira “porquê” do nome e ameaça o Prata
Em alguns trechos é possível encontrar muita espuma, outro sinal de má qualidade da água no Rio Verde (Foto: IHP)

Rabelo lembra das intervenções que “salvaram” o Rio da Prata há dois anos. “O Prata é emblemático, onde são feitos vários passeios, tem balneário, tem grande importância econômica. MP fez esforço, inúmeras parcerias foram criadas para adotar melhores práticas de manejo do solo [nas propriedades rurais]. Para se ter uma ideia, teve uma fazenda que além de adotar prática de curva de nível, autorizou a instalar uma estão meteorológica na área. O próprio Governo de Mato Grosso do Sul fez intervenções nas estradas. Isso tudo foi muito positivo”.

O presidente do IHP exemplifica como o Rio da Prata “voltou a viver”. “Antes, demorava dias para limpar, agora quando chove 40, 50 milímetros, da noite para o dia, a qualidade da água volta a melhora. Mas, ao mesmo tempo, a gente tem alguns passivos ainda. Essa surpresa com o Rio Verde nos entristeceu”.

O coronel Ângelo Rabelo afirma que é preciso providências urgentes. “Hoje, uma das preocupações que a gente tem trabalhando para reverter efeito cascata, até porque tem toda uma cadeia econômica envolvida, turismo, pesca, que dependem não só dos rios, mas da qualidade da água”.

Água turva: sujeira no Rio Verde tira “porquê” do nome e ameaça o Prata
Rio da Prata com cor de lama em 19 de novembro de 2018 (Foto: Direto das Ruas)
Água turva: sujeira no Rio Verde tira “porquê” do nome e ameaça o Prata
Outro trecho do Prata, quando saudável (Foto: Instituto Amigos do Rio da Prata)




Rio da Prata – Em dezembro de 2018, dados assustadores sobre a “saúde” do Rio da Prata foram mostrados durante audiência pública que aconteceu na Câmara Municipal de Bonito, promovida pelo MPMS, com a participação de produtores rurais, empresários do turismo, ambientalistas e pesquisadores.

Dentre as informações divulgadas à época, estava a diminuição de 2 mil hectares de área úmida que funciona como uma espécie de rim, um filtro natural que mantém a pureza da água do manancial.

Em um dos painéis, o promotor de Justiça, Alexandre Stuqui Junior, fez o alerta: “se a situação continuar como está, o Rio da Prata morre em10 anos”.

O rio, que foi tomado por lama após chuvarada em novembro daquele ano, é capaz de permitir ao menos 10 metros de visibilidade. O problema não teve fim até o início do ano seguinte.

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