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Meio Ambiente

Anta "Duro-de-Matar" já escapou de maldade, mas não resistiu ao atropelamento

Animal estava sempre andando com a perna manca pelas ruas, terrenos e parques da Capital

Por Cassia Modena | 20/02/2025 09:36
Anta "Duro-de-Matar" já escapou de maldade, mas não resistiu ao atropelamento
Duro-de-Matar, quando vivo, foi sedado e examinado pela equipe do Incab (Foto: Divulgação/Incab)

A anta Duro-de-Matar é um personagem do mundo animal que muitos campo-grandenses devem conhecer: é aquela que vivia perambulando entre parques, terrenos baldios e ruas da Capital. Suas quatro patas, uma delas manca, a levavam longe.

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A anta conhecida como Duro-de-matar, famosa por vagar por Campo Grande, foi confirmada morta após um atropelamento na BR-163. O animal, que já havia sobrevivido a um resgate dramático de um cabo de aço que quase decepou sua perna, não resistiu ao acidente ocorrido em dezembro passado. Pesquisadores do Incab, que monitoravam a anta, identificaram sua carcaça através da arcada dentária. Duro-de-matar, um macho de cerca de 10 anos, pesava mais de 100 kg. A BR-163 é uma das rodovias mais perigosas para animais em Mato Grosso do Sul, com medidas de segurança ainda em discussão.

Pesquisadores que a monitoravam deram uma triste notícia ontem (19). Duro-de-Matar não triunfou sobre a morte após sofrer um atropelamento na BR-163, no fim de janeiro deste ano.

A confirmação veio após a equipe conseguir achar a carcaça do animal no entorno da rodovia, analisar sua arcada dentária e bater o martelo sobre ser ou não ser a anta.

A análise foi feita pelo Incab (Iniciativa Nacional para Conservação da Anta Brasileira do Instituto de Pesquisas Ecológicas), do Instituto Ipê, que fazia o monitoramento e batizou Duro-de-Matar.

O mamífero era um macho e tinha aproximadamente 10 anos. Assim como outros adultos de sua espécie, pesava mais de 100 kg.

Escapou de crueldade - Duro-de-Matar recebeu o nome em referência à franquia de quatro filmes que deixou Bruce Willis famoso a partir do final da década de 80.

A escolha tem a ver com a história do animal. A anta venceu a morte e foi resgatada pela PMA (Polícia Militar Ambiental) no início de 2022. Ela foi encontrada presa a um cabo de aço de caçador, numa fazenda localizada a cerca 20 km da Capital, na saída para a rodovia MS-040.

Sua perna manca pode ter relação com essa crueldade. O cabo amarrado a uma das pernas quase a decepou. O osso estava exposto durante o resgate e o tratamento, inclusive.

“Esse indivíduo foi resgatado com guindaste, colocado em cima de um caminhão e trazido para o Cras (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres). Naquele momento, o Cras tinha ali um veterinário chamado Giovane Xavier, que fez a reabilitação desse animal, que estava com a perna praticamente decepada, estava no osso, esse cabo de aço. Esse voluntário fez ali a reabilitação do animal, com muito zelo e muito talento. Depois de recuperado, fugiu do Cras e não se sabia mais dele”, contou a conservacionista e coordenadora da Incab-Ipê, Patrícia Médici, em matéria publicada pelo Campo Grande News cerca de um mês antes do atropelamento.

Atropelamentos - O Incab-Ipê ainda não informou o trecho da BR-163 onde Duro-de-Matar, ironicamente, foi pego pela morte. Mas é provável que o local não esteja muito distante do perímetro urbano da Capital.

Segundo balanço divulgado pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) no ano passado, a rodovia federal é uma das que oferece maior risco para os animais em Mato Grosso do Sul. Outra mortal é a BR-262, que corta o Pantanal e integra a Rota da Celulose.

Medidas para evitar atropelamentos são redutores de velocidade em trechos mais sensíveis, cercamento e a construção de túneis subterrâneos para que os bichos possam passar.

A reportagem questionou a CCR MSVia, concessionária que administra a BR-163, sobre essas estruturas e pediu mais informações sobre o atropelamento de Duro-de-Matar. Não houve retorno até a publicação desta matéria.

R$ 32,241 milhões - É o valor da licitação que vai contratar empresa para executar um plano de redução de atropelamentos de animais silvestres na BR-262, em Mato Grosso do Sul. Ela foi lançada na semana passada, no Diário Oficial da União.

O projeto deve ser realizado em extensão de 278,30 quilômetros, na rodovia em que 2,3 mil animais morreram em um ano entre março de 2023 e abril do ano passado.

Os dados foram coletados pelo Projeto Bandeiras e Rodovias do ICAS (Instituto de Conservação de Animais Silvestres). Na lista, tatus, jacarés e cachorros-do-mato estão entre as maiores vítimas.

Matéria editada às 14h28 para corrigir mês do atropelamento da anta.

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