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Meio Ambiente

Com pesca proibida há 5 anos, dourado será pesquisado em rios de MS

Imasul vai financiar estudo, que deverá ter universidades, Embrapa e pesquisadores do Bioparque envolvidos

Por Cassia Modena | 31/10/2024 11:25
Dourado jovem resgatado durante operação que realocou peixes que estavam no Rio da Prata, este ano (Foto: Marcos Maluf/Arquivo)
Dourado jovem resgatado durante operação que realocou peixes que estavam no Rio da Prata, este ano (Foto: Marcos Maluf/Arquivo)

A pesca do peixe dourado está proibida há mais de cinco anos em Mato Grosso do Sul, por lei sancionada pelo governo estadual para protegê-lo. Perto da medida completar o sexto ano, uma pesquisa sobre a presença da espécie nos rios do Estado começa a ser organizada.

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Mato Grosso do Sul, apesar de ter proibido a pesca do dourado há cinco anos, carece de dados científicos que justifiquem a medida. Para suprir essa lacuna, uma pesquisa sobre a presença da espécie nos rios do Estado está sendo organizada, com financiamento do Imasul e participação de universidades e da Embrapa. O estudo, que deve analisar a abundância e o status do dourado nas Bacias Hidrográficas do Paraguai e do Paraná, visa fornecer dados para políticas públicas e estratégias de manejo sustentável, além de contribuir para a discussão sobre a prorrogação da proibição da pesca, que atualmente se estende até 31 de março de 2025.

Por enquanto, não há dados científicos que comprovem possível escassez do dourado e justifique a proibição. A ideia é o estudo responder a isso, mostrando como o animal de água doce se distribui nos rios da Bacias Hidrográficas do Paraguai e do Paraná.

A pesquisa será financiada pelo Imasul (Instituto do Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), órgão do governo, e realizada em parceria com pesquisadores do Bioparque Pantanal, da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), UFGD (Universidade da Grande Dourados) e Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). Pode haver, também, colaboração da UEM (Universidade Estadual de Maringá).

Fachada da sede do Imasul, que fica em Campo Grande (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)
Fachada da sede do Imasul, que fica em Campo Grande (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)

Em nota enviada hoje (31), o instituto afirmou que "os resultados do estudo serão fundamentais para o desenvolvimento de políticas públicas e estratégias de manejo sustentável, visando a conservação da biodiversidade e o equilíbrio das atividades pesqueiras na região".

O Imasul informou ainda que espera assinar termo de parceria com as universidades e a Embrapa para o estudo começar, mas sem adiantar quanto ele irá custar e qual a previsão de início.

A pesca do dourado está proibida até 31 de março de 2025, mas o impedimento poderá ser prorrogado até que a pesquisa termine.

Dados - Pesquisador envolvido e professor da UEMS, Yzel Rondon Súarez detalha que serão pesquisados "diferentes aspectos da abundância e status do dourado" nos rios das duas Bacias.

Ele diz que alguns pesquisadores poderão incluir dados já reunidos durante projetos independentes ou financiados com recursos de outras fontes.

O professor destaca que, naturalmente, o dourado não é uma das espécies mais abundantes no rio. "Isso é esperado por ser característico de peixes predadores, como é o caso da espécie", explica.

Polêmica - A decisão de proibir a pesca foi polêmica no Estado e ela continua em pauta. Discussão na Assembleia Legislativa sobre a prorrogação este ano, neste ano, voltou a questionar a ausência de estudos.

Deputado Renato Câmara (à dir.) foi um dos que defendeu que resultado de estudo técnico sobre o pintado fosse esperado antes de prorrogação (Foto: Luciana Nassar/Alems)
Deputado Renato Câmara (à dir.) foi um dos que defendeu que resultado de estudo técnico sobre o pintado fosse esperado antes de prorrogação (Foto: Luciana Nassar/Alems)

Em julho, o Imasul chegou a lançar um edital para contratar uma pesquisa sobre o peixe, mas apenas nos rios de Corumbá. A contratada teria o repasse de R$ 110 mil. A seleção não foi adiante.

"Muitos pescadores reclamam do fato de pescarem a espécie e terem que soltar. Afirmam que tem muito dourado nos rios e que isso afeta a pesca, pois diminuiria a abundância de outras espécies de interesse comercial", diz Yzel. "Mas agora vamos buscar dados", complementa.

O professor defende que a presença do dourado seja pesquisada em outras bacias e em outros estados, para ter uma visão integral.

"A espécie não é considerada ameaçada no Brasil, mas em algumas regiões. Pelo crescimento do número de reservatórios, podemos ter redução de suas populações. Como espécie de piracema, o dourado precisa passar uma fase da vida na planície e sobe o planalto para se reproduzir. Por isso, a conexão entre planície e planalto é fundamental [para a análise]", finaliza.

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