Corumbaense fica “em choque” ao avistar onças-pintadas atravessando BR-262
Animais foram vistos na noite deste domingo, próximo ao Rio Paraguai e depois de radar de velocidade
Os 30 segundos mais inacreditáveis da vida do produtor de eventos Luís Cláudio Gonçalves do Nascimento, mais conhecido como Broca, foram registrados pela câmera do celular na noite deste domingo (18).
O corumbaense estava voltando de Campo Grande, quando foi surpreendido por duas onças-pintadas no meio da BR-262. Os felinos atravessaram a pista assustados com a luz do veículo, que reduziu a velocidade logo após passar um radar.
“Até agora estou sem acreditar no que aconteceu. É uma sensação única, inexplicável. Eu desejo que todos que moram em Mato Grosso do Sul vejam uma onça-pintada um dia, para entender o que eu não consigo dizer em palavras”, afirmou.
Os animais estavam no trecho entre Miranda e Corumbá. De acordo com o produtor de eventos, o motorista conseguiu reduzir a velocidade porque viu o brilho dos olhos dos animais à distância.
“Ficamos muito nervosos, quase não consegui filmar. Parecia um filme. Eu fiquei em choque, não sabia nem o que falar. Depois uma delas voltou para pista e minha janela estava aberta, deu medo. Não sabíamos se ela poderia avançar ou não. Aí seguimos viagem”, justificou.
Os animais tiveram sorte de saírem ilesos ao atravessarem a pista. De acordo com o IHP (Instituto do Homem Pantaneiro), desde 2016 até hoje, foram registrados 19 atropelamentos de onças-pintadas na BR-262. Só neste ano, três óbitos da espécie foram registrados.
Os médicos veterinários do programa Felinos Pantaneiros, do IHP, explicam que é preciso reduzir a velocidade, principalmente no período noturno, quando os animais transitam na rodovia.
"A gente sugere que depois dos avistamentos, o motorista sinalize para outros veículos que vierem no lado oposto", alerta Mariana Queiroz.
Para o coordenador do programa, Diego Viana, o comportamento dos animais desnorteados com o farol dos veículos é por conta da alteração do ambiente natural em que ele está.
"Muitas vezes, a luz acaba atraindo a atenção dos animais. Os que são atropelados tendem a fazer o mesmo comportamento, porém, se o motorista estiver em alta velocidade, não vai haver tempo para desviar. Isso só reforça a necessidade de se andar em uma velocidade mais baixa na rodovia, principalmente à noite, e nessas regiões onde se registra avistamento de animais", acrescentou Diego.
Nos últimos meses, o Felinos Pantaneiros tem monitorado a rodovia nos locais de pontes e seu uso como travessia. Mariana Queiroz reforçou a necessidade de manter uma velocidade mais baixa.
"Assim, vai permitir que o condutor e quem estiver no carro tenha esse privilégio de avistar um animal selvagem e deixá-lo seguir seu caminho. Além disso, vai evitar um acidente onde as pessoas correm o risco de se machucarem", concluiu.
Os especialistas acreditam que se trata de um casal de onças-pintadas, mas não descartam a chance de se tratar de dois machos. Em algumas regiões do Pantanal, já foram avistados dois machos jovens andando juntos.