Criador de jacarés é réu por corrupção em ação que corre desde 1992
Gerson Zahdi, funcionário do Ibama, foi preso na semana passada acusado de criar jacarés sem autorização
Alvo de inquérito aberto na semana passada pela Polícia Federal para apurar crime ambiental envolvendo a criação de jacarés que mantém há mais de 15 anos, o funcionário do Ibama em Mato Grosso do Sul Gerzon Bueno Zahdi, de 64 anos, é réu em processo que corre desde 1992, sob acusação de corrupção passiva, uso de documento falso e falsidade ideológica. Ele chegou a ser condenado a 4 anos de reclusão, mas conseguiu ser absolvido de parte da acusação.
A outra parte da acusação ainda corre na Justiça. A ação penal envolve a acusação de que Zahdi, quando era superintendente-substituto do Ibama, no início da década de 1990, recebeu uma carga de madeira nobre (aroeira) para beneficiar dois donos de madeireira, por meio da legalização fraudulenta do material.
Zahdi é acusado no processo de ter fornecido guias florestais irregulares às madeireiras. Em troca, conforme a denúncia, recebeu um caminhão com madeira e também o equivalente a 5% do valor.
Uma operação fraudulenta foi montada, conforme a acusação, envolvendo o uso de guias florestais e também de notas fiscais falsificadas.
O funcionário do Ibama foi condenado na primeira instância pelos três crimes. Recorreu e, na segunda instância, conseguiu ser absolvido da acusação de falsidade ideológica e de uso de documento. O principal argumento para isso foi a prescrição dos crimes. A denúncia só foi apresentada à Justiça 4 anos depois dos fatos e a condenação veio 6 anos depois.
Outras três pessoas eram réus no mesmo processo, um funcionário do Ibama, Luiz Carlos Nunes do Nascimento e dois donos de madeireiras, Adão Lopes Correa e Edmar Pedro da Silva. O primeiro foi inocentado e os outros dois foram condenados e o processo desmembrado em relação a Gerzon Zahdi.
A ação ainda corre na Justiça Federal em relação ao crime de corrupção passiva.
Zahdi nega que tenha recebido a madeira, alegando que ela já estava na fazenda três anos antes da operação da então Polícia Florestal que desencadeou as acusações contra ele.
Ao ser indagado sobre o processo pelo Campo Grande News, disse que foi inocentado tanto na Justiça quanto na esfera administrativa, no processo aberto pelo Ibama. As informações judiciais confirmam a absolvição apenas dos crimes prescritos. A acusação de corrupção passiva ainda pode gerar punição.
Hoje, Zahdi, que é lotado no gabinete da superintendência do Ibama, está afastado do trabalho para tratamento psiquiátrico.