ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
DEZEMBRO, SEGUNDA  23    CAMPO GRANDE 23º

Meio Ambiente

Da preservação do Pantanal dependem biodiversidade e manutenção de ecossistemas

Queimadas no bioma, que no ano passado atingiram níveis históricos, mostram que o Pantanal pode estar secando

Lucia Morel | 21/05/2021 19:02
Pantanal alagado, como deve ser. (Foto: Reinaldo Delgado/Instituto do Homem Pantaneiro)
Pantanal alagado, como deve ser. (Foto: Reinaldo Delgado/Instituto do Homem Pantaneiro)

Sob risco de deixar de ser a maior área úmida do planeta diante das mudanças climáticas, a preservação do Pantanal deve ser pensada como forma de manter o equilíbrio ecológico mundial.

As queimadas no bioma, que no ano passado atingiram níveis históricos, mostram que o Pantanal pode estar secando, o que revela riscos não apenas à fauna e flora pantaneiras, mas a todo um ecossistema que sobrevive dos períodos de alagamento da região.

De acordo com dados do Programa Copernicus, da Agência Espacial Europeia, setembro de 2020 foi o mês mais quente da história do planeta. No Pantanal, houve recordes de temperaturas em Cuiabá e no norte de Mato Grosso.

A ecóloga Clarissa Araújo, colaboradora e pesquisadora sobre mudanças climáticas da Wetlands International Brasil, afirma que “hoje em dia o Pantanal Norte tem 13% a mais de dias sem chuva do que nos anos 60, e a massa de água é 16% menor durante a estação da seca, considerando os últimos 10 anos”.

Isso com base em dados de pesquisas da Unemat (Universidade Estadual do Mato Grosso), feito no ano passado, que mostrou ainda, que essas mudanças “contribuem para a alteração no regime das chuvas e para uma maior frequência de eventos extremos, como por exemplo, secas prolongadas e enchentes”.

Para ela, “esses resultados mostram que o Pantanal está perdendo água e passando por uma seca mais severa hoje em dia do que no passado”.

Se esse cenário se mantiver, todas as formas de vida dependentes dos ciclos de cheia do bioma estão ameaçadas, já que é esse ciclo que mantém a biodiversidade como a conhecemos.

Efeito estufa – assim, preservar o Pantanal, além de dar manutenção a todo um ecossistema que depende do vai-e-vem das cheias, também pode reduzir a emissão de gases poluentes à atmosfera terrestre.

Estudos têm demonstrado que bactérias associadas às raízes dos aguapés consomem o metano produzido no ambiente aquático, por exemplo. Isso pode ajudar a reter o gás e diminuir a emissão de metano na atmosfera.

“O Pantanal é conhecido internacionalmente pela sua exuberante biodiversidade e, além disso, pode ter notável importância no combate às mudanças climáticas, já que tem alta capacidade de absorção de carbono o que ajuda a conter o efeito estufa”, afirma a ecóloga.

Nos siga no Google Notícias