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Meio Ambiente

Incêndios fazem Pantanal ter o pior mês de junho dos últimos 22 anos

A temporada do fogo começou antes do esperado no bioma que foi devastado em 2020

Por Aline dos Santos | 16/06/2024 09:04



A temporada do fogo começou antes do comum no Pantanal de Mato Grosso do Sul e o mês de junho de 2024, que ainda está pela metade, já registra o recorde de focos de incêndio dos últimos 22 anos.

Conforme série histórica do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), que tem dados a partir de 1998, junho de 2024 já registra 1.154 focos. Antes, o recorde para o mês tinha sido em 2005: 435 focos. A média de incêndios em junho é de 154.

No ano de 2020, quando o Pantanal tinha sofrido com as piores queimadas até então, num cenário que tingiu de cinzas a maior planície alagável do mundo, as chamas ganharam força a partir de julho (1.684 focos) para dizimar o bioma em setembro (8.106 incêndios).

O Instituto SOS Pantanal divulgou na última terça-feira (dia 11) dados alarmantes do Lasa (Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais), da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Levantamento revela que o acumulado de áreas queimadas de janeiro a maio de 2024 já superou em 39% o registrado no mesmo período de 2020, o pior ano da série histórica, com 332 mil hectares queimados em 2024 contra 239 mil hectares em 2020.

O ecossistema foi devastado por incêndios há quatro anos, numa emergência ambiental resultante da falta de chuva e queima de área para pecuária. O ano de 2020 foi de agonia para todos os viventes de uma das maiores zonas úmidas do mundo: animais, árvores e ser humano.

Moradores ribeirinhos enfrentaram fogo, chuva de cinzas, enquanto o sofrimento de onças, macacos, jacarés, tamanduás foi eternizado em registros fotográficos que correram o mundo.

Sala de situação - Na sexta-feira (dia 14), o governo federal criou uma sala de situação para ações de prevenção e controle de incêndios. A primeira reunião do grupo será realizada amanhã.  Estão previstas medidas como ampliação de recursos e simplificação do processo para contratação de brigadistas, equipamentos e aeronaves.

Historicamente o período de seca no Pantanal ocorre no segundo semestre, mas o bioma já enfrenta aumento dos focos de incêndio.

Em 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, o governo federal firmou pacto com os governos de Mato Grosso do Sul e do Mato Grosso. A parceria prevê a suspensão das autorizações de queima até o fim do período seco e quando há previsão de ondas de calor, além da disponibilização de recursos humanos, materiais e financeiros. Determina também definição de áreas e ações prioritárias para prevenção e combate, maior articulação interinstitucional e iniciativas de monitoramento e avaliação de resultados.

De acordo com o Portal G1, num primeiro momento, junto ao governo federal, os Estados vão definir as regiões prioritárias. Com as áreas delimitadas, será elaborado um "Plano de Ação de Gestão e Manejo Integrado de Fogo".

Bois e tuiuiús caminham sobre cinzas de incêndios de 2019, no Pantanal. (Foto: Saul Schramm/Governo de MS)
Bois e tuiuiús caminham sobre cinzas de incêndios de 2019, no Pantanal. (Foto: Saul Schramm/Governo de MS)

Agonia das águas – O Pantanal caminha para o quinto ano sem cheia. Conforme o Ministério do Meio Ambiente, os valores mensais de 2024 medidos em Ladário, onde fica a principal régua do Rio Paraguai (o principal do Pantanal), foram os menores da série histórica, segundo dados da Marinha do Brasil.

O bioma é casa de mais de 3.500 espécies de plantas, 300 espécies de peixes, 41 espécies de anfíbios, 177 espécies de répteis, 600 espécies de pássaros e mais de 150 espécies de mamíferos.

O Pantanal funciona como um grande reservatório, causando uma defasagem de até cinco meses entre as entradas e saídas, o chamado pulso das águas.

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