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Meio Ambiente

Invasoras, tilápias estão habituadas à bacia hidrográfica do Rio Anhanduí

Cardume foi flagrado aproveitando espaço "limpo" do rio que corta a cidade de Campo Grande

Por Gabriel de Matos | 17/07/2024 19:53
Cardume de tilápia em meio ao Rio Anhanduí na Avenida Ernesto Geisel (Foto: Juliano Almeida) 
Cardume de tilápia em meio ao Rio Anhanduí na Avenida Ernesto Geisel (Foto: Juliano Almeida)

Depois de chamar a atenção no Rio Anhanduí, na Avenida Presidente Ernesto Geisel, na altura do bairro Jockey Clube, em Campo Grande, as tilápias seguem a vida normalmente no leito do curso d'água. Biólogos explicam que a espécie das tilápias estão habituadas e espalhadas por todas as bacias hidrográficas brasileiras.

No Rio Anahanduí, a reportagem encontrou dois lugares em que os animais se concentram. Um deles fica no "entrocamento" dos Córregos Segredo e Prosa, que se tornam o rio, próximo ao Monumento dos Desbravadores. O outro é em frente ao Shopping Norte Sul.

O biólogo José Milton Longo, formado na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) explicou que os peixes ficam onde a água é mais oxigenada e limpa. "Eles vão sobrevivendo e encontrando o melhor lugar para ficar, normalmente em quedas d'águas, nunca em locais com sujeira e produtos químicos".

Ele explicou ainda que não tem como indicar de onde vieram os peixes flagrados. A espécie é uma das principais na criação e exportação. Em 2023, por exemplo, dados divulgados pelo Governo do Estado mostram que Mato Grosso do Sul foi o 2º maior exportador do Brasil.

Placa que indica o local onde desaguam os Córregos Segredo e Prosa (Foto: Juliano Almeida) 
Placa que indica o local onde desaguam os Córregos Segredo e Prosa (Foto: Juliano Almeida)

O biólogo e professor da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), José Sabino indicou que uma das hípoteses é que os peixes possam ter saído de um criadouro. "No Anhanduí devem ter chegado por algum escape de piscicultura, mas não posso assegurar com certeza. O fato é que elas estão bem estabelecidas na região".

As tilápias são peixes africanos, introduzidas pela primeira vez no Brasil no início do século 20. Após esse evento inicial, muitos outros ocorreram de modo intencional (os chamados peixamentos) ou acidental (escape de piscicultura).

"Por encontrar ambientes propícios, as populações se estabeleceram em praticamente todas as bacias hidrográficas do Brasil. Existem pelo menos quatro espécies de tilápias que ocorrem aqui, mas a mais comum é a tilápia-do-nilo", explicou o professor.

Exemplares de tilápia no Rio Anhanduí, em Campo Grande (Foto: Juliano Almeida)
Exemplares de tilápia no Rio Anhanduí, em Campo Grande (Foto: Juliano Almeida)

Ele destaca que o animal é muito resistente e de fácil adaptação. Além é claro de serem exóticas e não terem predadores naturais. "Por não fazerem parte dos ecossistemas daqui, elas atuam negativamente como predadoras de organismos aquáticos de pequeno porte (pequenos peixes, crustáceos e moluscos, por exemplo). Pelo comportamento oportunista, geram desequilíbrios na estrutura dos ecossistemas, alterando cadeias alimentares, competindo por espaço e outros recursos naturais".

A PMA (Polícia Militar Ambiental) foi consultada pela reportagem. Em nota, respondeu que não se tem o que fazer "tendo em vista que a tilápia não é peixe nativo, e sim espécie invasora introduzida". A Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano), da Prefeitura de Campo Grande afirmou que somente acompanha a situação do rio e não dos animais.

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