Pantanal receberá 25 mil mudas de árvores nativas até março de 2023
Iniciativa que começou em novembro visa recuperar 30 hectares da área afetada pelas queimadas de 2020
A Serra do Amolar vai receber até março do próximo ano 25 mil mudas de espécies nativas do bioma Pantaneiro. O plantio promete recuperar 30 hectares que foram atingidos pelos incêndios de 2020, o maior em área já atingida pelo fogo na região. Ao todo, 97% da vegetação foi queimada. As árvores plantadas serão aroeira, manduvi, paratudo, piúva, entre outras. A semeadura começou em novembro.
Dos 30 hectares a serem recuperados, 20 estão na RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) Acurizal e 10, na Penha.
De acordo com Angélica Guerra, de 31 anos, doutora em ecologia e conservação e coordenadora técnica do IHP (Instituto Homem Pantaneiro) - ONG responsável pela região há quase 15 anos-, o plantio é realizado em etapas devido à distância entre Corumbá, município localizado a 427 quilômetros da Capital, e o local onde as mudas serão depositadas.
“São 180 km de rio percorridos de barco até chegar às áreas. O plantio é realizado durante uma semana em cada mês, quando a equipe visita as áreas. Ele envolve várias etapas, como a limpeza das áreas, controle de formigas cortadeiras, abertura de covas e plantio das mudas com uso de hidrogel. Todo o trabalho é realizado com o apoio da Brigada Alto Pantanal”, disse à reportagem.
Ele acrescentou que a atividade começou a ser realizada ainda em novembro e que terá continuidade durante toda a estação chuvosa. “Deve ser finalizado em março de 2023. Após o plantio, a área será monitorada para vermos como a vegetação está se desenvolvendo e como os processos ecológicos estão sendo retomados".
Realização - A pesquisadora acredita que os incêndios ocorridos em 2020 abriram espaço para a existência de inúmeros projetos de recuperação do Pantanal. “No entanto, recuperar áreas envolve altos custos e as instituições dependem de financiamento para executar a recuperação. O projeto GEF Terrestre tem apoiado iniciativas em todo o bioma”, comentou.
Para Angélica, a sensação em participar e liderar a ação é inenarrável. “É muito satisfatório saber que podemos contribuir de alguma forma com o bioma. O Instituto Homem Pantaneiro tem desenvolvido diversos projetos em prol da preservação do Pantanal e isso é motivo de orgulho para a instituição", ressaltou.
Quanto aos interessados em fazer parte da ação, a coordenadora evidenciou que o acompanhamento depende da logística da equipe e da disposição de vagas no barco e nos alojamentos. “Mas quem quiser ser voluntário pode entrar em contato com o IHP que avaliamos caso a caso”, finalizou.
Outras ações - Também em novembro, junto ao projeto, foi realizada uma parceria com a Joice Tour de Corumbá, no evento Anzol Rosa. Durante o evento que contou com a presença de 500 mulheres de todo o País, foram plantadas 500 mudas de ipê rosa em áreas de mata ciliar do Rio Paraguai que também foram atingidas pelos incêndios.
O projeto prevê, ainda, construir um sistema operacional online de previsão sazonal de probabilidade de queimadas e incêndios para a Serra do Amolar, que está sendo desenvolvido pelo Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), e a construção de um Sistema de alerta diário, que está sendo realizado pelo LASA (Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais do Departamento de Meteorologia) da Universidade Federal do Rio de Janeiro.