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Meio Ambiente

Pantanal receberá 25 mil mudas de árvores nativas até março de 2023

Iniciativa que começou em novembro visa recuperar 30 hectares da área afetada pelas queimadas de 2020

Natália Olliver | 21/12/2022 17:30
Plantio de espécies nativas do Pantanal feito pelo IHP ( Foto: Instituto Homem Pantaneiro)
Plantio de espécies nativas do Pantanal feito pelo IHP ( Foto: Instituto Homem Pantaneiro)

A Serra do Amolar vai receber até março do próximo ano 25 mil mudas de espécies nativas do bioma Pantaneiro. O plantio promete recuperar 30 hectares que foram atingidos pelos incêndios de 2020, o maior em área já atingida pelo fogo na região. Ao todo, 97% da vegetação foi queimada. As árvores plantadas serão aroeira, manduvi, paratudo, piúva, entre outras. A semeadura começou em novembro.

Dos 30 hectares a serem recuperados, 20 estão na RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) Acurizal e 10, na Penha.

De acordo com Angélica Guerra, de 31 anos, doutora em ecologia e conservação e coordenadora técnica do IHP (Instituto Homem Pantaneiro) - ONG responsável pela região há quase 15 anos-, o plantio é realizado em etapas devido à distância entre Corumbá, município localizado a 427 quilômetros da Capital, e o local onde as mudas serão depositadas.

“São 180 km de rio percorridos de barco até chegar às áreas. O plantio é realizado durante uma semana em cada mês, quando a equipe visita as áreas. Ele envolve várias etapas, como a limpeza das áreas, controle de formigas cortadeiras, abertura de covas e plantio das mudas com uso de hidrogel. Todo o trabalho é realizado com o apoio da Brigada Alto Pantanal”, disse à reportagem.

Ele acrescentou que a atividade começou a ser realizada ainda em novembro e que terá continuidade durante toda a estação chuvosa. “Deve ser finalizado em março de 2023. Após o plantio, a área será monitorada para vermos como a vegetação está se desenvolvendo e como os processos ecológicos estão sendo retomados".

Realização - A pesquisadora acredita que os incêndios ocorridos em 2020 abriram espaço para a existência de inúmeros projetos de recuperação do Pantanal. “No entanto, recuperar áreas envolve altos custos e as instituições dependem de financiamento para executar a recuperação. O projeto GEF Terrestre tem apoiado iniciativas em todo o bioma”, comentou.

Para Angélica, a sensação em participar e liderar a ação é inenarrável. “É muito satisfatório saber que podemos contribuir de alguma forma com o bioma. O Instituto Homem Pantaneiro tem desenvolvido diversos projetos em prol da preservação do Pantanal e isso é motivo de orgulho para a instituição", ressaltou.

Quanto aos interessados em fazer parte da ação, a coordenadora evidenciou que o acompanhamento depende da logística da equipe e da disposição de vagas no barco e nos alojamentos. “Mas quem quiser ser voluntário pode entrar em contato com o IHP que avaliamos caso a caso”, finalizou.

Outras ações - Também em novembro, junto ao projeto, foi realizada uma parceria com a Joice Tour de Corumbá, no evento Anzol Rosa. Durante o evento que contou com a presença de 500 mulheres de todo o País, foram plantadas 500 mudas de ipê rosa em áreas de mata ciliar do Rio Paraguai que também foram atingidas pelos incêndios.

O projeto prevê, ainda, construir um sistema operacional online de previsão sazonal de probabilidade de queimadas e incêndios para a Serra do Amolar, que está sendo desenvolvido pelo Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), e a construção de um Sistema de alerta diário, que está sendo realizado pelo LASA (Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais do Departamento de Meteorologia) da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

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